Part 36

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- E isso tem a ver com o 'trágico' que você falou mais cedo? – Perguntou Perrie, se aproximando e se escorando na cabeceira da cama, ao lado de Jade.

–Tem – Jade suspirou, olhando para o próprio colo, os dedos brincando com a fronha do travesseiro. – Eu... eu nunca contei isso para ninguém...

–Tudo bem – disse Perrie, tentando acalmá-la.

Jade começou ainda olhando para baixo, quase como se houvesse ensaiado (e talvez tivesse, só um pouquinho).

– Quando eu tinha uns 15 anos eu e minha família nos mudamos para Ohio, meu avô estava tendo alguns problemas de saúde e precisava da minha mãe por perto para ajudar, eu fui para uma nova escola, lá eu conheci essa garota - Jade pausou por alguns segundos. – Mia, nunca vou me esquecer. Desde a primeira vez que eu a vi senti algo diferente, mas era difícil, sabe, era a primeira vez que eu me sentia atraída por uma garota, eu não sabia o que fazer, mas ela aparentemente sabia, nós começamos a conversar e em questão de semanas nos tornamos bem intimas, ainda não namoradas, mas, intimas. - Jade mordeu o lábio. – Um tempo depois Mia me disse como se sentia em relação a mim e eu a disse que o sentimento era reciproco, eu estava tão feliz, pela primeira vez era como... Como se eu estivesse livre, estivesse sendo eu mesma, nós já estávamos juntas a algum tempo quando eu decidi que iria contar pra minha família. – Os olhos de Jade lacrimejaram. – Eu me lembro perfeitamente, eu cheguei em casa, estavam todos no sofá, então eu parei na frente deles e disse tudo, o jeito que eles me olharam, foi terrível, era como se eu tivesse dito que havia matado alguém ou algo do tipo, minha mãe me pegou pelo braço e me levou para o quarto, ela disse coisas horríveis, inclusive que ia me mandar para uma escola católica para "ser curada", meu avô tentou impedir, ele era a única pessoa do meu lado, mas ele estava velho e doente demais, ninguém o dava ouvidos, eu fui para a escola católica sem mal poder me despedir de Mia, após alguns dias lá, minha mãe me ligou e disse que meu avô havia falecido e que era minha culpa.

–Desculpe... ela te culpou pela morte de seu avô?– perguntou Perrie, chocada.

–Sim, ela dizia que eu havia deixado meu avô nervosa e isso agravou sua doença, quando fui ao funeral tive a chance de conversar com minha mãe, eu não queria voltar para aquela escola terrível e depois de tudo que minha mãe havia dito, eu realmente estava me sentindo culpada, então eu disse para ela que estava arrependida, que eu não amava Mia e que tudo não havia passado de uma fase ruim, ela me fez prometer que iria frequentar a igreja "para não seguir o caminho errado novamente", fazer acompanhamento psicológico e até hoje ela não me deixa em paz.

Jade mordeu o lábio.

Perrie a fitava, esperando ansiosamente o resto da história.

–Ela me inferniza cada vez que alguém se aproxima de mim – Jade inspirou fundo – Eu mal tenho amigas por causa disso, até com a Jesy, minha melhor amiga, ela implicou, só quando ela descobriu que a Jesy tinha um namorado nos deixou em paz, eu já tentei mudar meu telefone, excluir minha família inteira do Facebook, até moro em outro estado, mas ela sempre acha um jeito de me vigiar.

–Mas você é adulta, você pode pedir uma ordem de restrição ou algo do tipo, você não tem que ser infeliz para sempre só porque a sua mãe é uma merda! – Disse Perrie alterada.

- Ela é minha mãe Perrie, ela pode ser preconceituosa, paranoica e o que for, mas ainda é minha mãe! – Jade fungou – Eu ainda seria infeliz se estivesse em um relacionamento com uma pessoa que amo, mas não pudesse ter contato com a minha família, eu tive que escolher.

–Eu poderia estrangular sua mãe agora. -­ Perrie disse.

Jade tentou sorrir, mas Perrie percebeu que ela se controlava para não chorar, seu rosto estava vermelho e seus dedos tremiam, antes que Perrie pudesse dizer qualquer coisa, Lauren se forçou a continuar, agora se virando diretamente para Perrie, seus olhos castanhos brilhavam, começando a marejar.

–E eu acho que ainda carrego um certo trauma sabe, minha mãe falou tanto que as vezes eu me sinto culpada pelo falecimento do meu avô.

–Mas você não tem culpa, ele estava doente, você mesma disse que ele estava do seu lado, a sua mãe só te disse isso pra te deixar com a consciência pesada, ela queria que você se sentisse mal e ela conseguiu... – Interrompeu Perrie.

–Eu sei... – Disse Jade, as lagrimas caindo.

–Está tudo bem – sussurrou Perrie, acariciando o cabelo de Jade. Uma parte sua queria pular no pescoço da mãe de Jade e matá-la, mas a maior parte si queria ficar ali, confortando Jade, a abraçando, tudo para fazê-la parar de chorar.

Jade ergueu a cabeça para olhar para Perrie e Perrie poderia desmoronar só de ver aqueles olhos, agora mais castanhos do que nunca, molhados de lágrima, secou uma de suas lágrimas com o polegar e Jade franziu o nariz e se levantou rapidamente.

–Eu vou trocar de roupa... nós precisamos dormir.

Quando Perrie ia dizer alguma coisa, ela balançou a cabeça.

–Nós vamos conversar. Mais tarde. Só... me dê um minuto. Eu preciso me recompor.

Com um soluço, ela entrou no banheiro.

pra quem julgou a Jade no começo de tudo.. então, esse é o motivo de ela ser tão fechada com a Perrie.

The Experiment | JERRIEOnde histórias criam vida. Descubra agora