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Acordei com a cabeça doída, estava aconchegante na cama dele, mas meu dia estava frio. Eu não consegui dormir direito, além de ter perdido sete quilos só em lágrimas. Eu fui ao banheiro para tomar um banho e fazer minhas necessidades matinais. Evitei me olhar no espelho, eu sabia que meus olhos estavam vermelhos e inchados. Feios, em outras palavras... é por isso que ninguém te quer, Jimin. Você dá pra qualquer um... um prostituto que não cobra. Eu não podia evitar esses pensamentos, a cabeça começou a girar e tudo parecia cinza. Entrei no box rapidamente, ligando o chuveiro. Eu não queria que ele me ouvisse, não merecia me ouvir chorar. Respirei o vapor d'água quente, me sentindo melhor. Eu sabia que teria de passar uma maquiagem se não quisesse parecer que tinha chorado. Mas eu não fiz isso, ele sabia que tinha me magoado, não foram poucas as vezes que chorei no colo dele por me chamarem de coisas cruéis na faculdade, ou na rua. Yoongi- opa, pensei no nome daquele desgraçado. E era isso que ele era, um desgraçado.
Entrei na cozinha, mesmo sabendo que minha cara deveria estar péssima, minha roupa toda amassada, e meu cabelo super bagunçado e cheio de nós.

— Me prometa que cuidará bem dos meus bebês, Yoongi! — Me surpreendi ao ver Seokjin conversando com Yoongi na cozinha. Então me lembrei das mensagens de ontem, eu teria que cuidar dos projetos de diabo de Jin, além de tentar não chorar o dia inteiro... belo dia, lindo dia. — Oh, Chimchim! Crianças, venham cumprimentar seu tio Chim — vi duas cabeças vindo na minha direção, uma cabeleira curta e negra estava vidrada no seu celular, caminhando pacientemente, enquanto um monte de cabelos longos e pretos corriam na minha direção. Eram Hyungshik e Hyunae, e por mais que eu dissesse que eles eram os próprios demônios, eu os amava, e muito. Hyungshik era o mais velho, tendo treze anos, sendo o típico adolescente rebelde e viciado em jogar videogames. Já Hyunae tinha cinco anos, era uma criança bondosa e justa.

Por mais que meu dia estivesse uma merda, ele clareou um tanto quando as crianças me envolveram num abraço tímido, por parte de Hyungshik, e caloroso, por parte de Hyunae.

— Tio Chim! Eu morri de saudades de você! — Hyunae disse, com sua voz manhosa e arrastada. — Eu tô feliz pra porra!

— Hyu! Que coisa feia, uma princesinha de quatro anos falando essas palavras horrendas! Quem foi que te ensinou isso?! — Jin perguntou, indignado. Seu olhar foi instantaneamente encaminhado a Hyungshik, que ria descontroladamente. — Foi você, né, seu bostinha?!

Hyungshik riu mais ainda, e Jin tapou a boca com ambas as mãos, dando-se conta do que tinha falado na frente de sua pequenina.

— O que é "bostinha", appa? — Hyunae perguntou inocentemente, e obviamente não obteve respostas.

— É uma pessoa chata, Hyu, que a gente não gosta — o Min falou pela primeira vez desde que entrei no cômodo. Ao notar sua aparência, estava tão ruim quanto a minha: olhos vermelhos e inchados, rosto amassado, cabelos desgrenhados e olheiras profundas e bem notáveis. Se não estivesse magoado com o loiro, teria dó de sua cara de cachorro atropelado.

— Então o appa não gosta do oppa? — Hyu indagou novamente, sentindo-se mal pelo irmão mais velho.

— Não, filha! O appa ama o Shik, só estava nervoso, saiu pelo calor do momento — Seokjin se virou ao seu filho mais velho, então. — Quando eu voltar de viagem, a gente conversa, mocinho.

— Fodeu pro lado dele — o loiro deixou escapar, e Jin se virou a ele, com cara de poucos amigos. — Desculpa! Hyu, saiba que o verbo foder é inapropriado a você, princesa.

— Meu Deus! Já deu! Vou embora antes de ouvir mais alguma coisa e acabar matando um certo alguém — bradou o mais velho dali, lançando um olhar mortal a Yoongi. — Se comportem, anjos. Seus appas amam vocês. Shik, não provoque sua irmã. Hyu, nada de arte. E Jimin, não os deixe tomar sorvete e nem comer doces, as crianças estão de castigo. Vejo vocês dois em uma semana, juro que passa rápido. Vou morrer de saudades, me mandem mensagens todos os dias, não se esqueçam de mandar fotos.

— Tá, pai, entendemos. Pelo amor de Deus, também te amamos, você deve estar atrasado para o voo. — Hyungshik disse emburrado, dando um abraço rápido no pai, junto a um beijo na bochecha. Já Hyunae parecia conter um choro, abraçando o pai forte, e fungando em sua camiseta.

— Princesa, venha cá — pedi, me agachando com os braços abertos numa oferta silenciosa. — O titio Chim vai cuidar de vocês, e vocês verão seus appas de novo daqui a uma semana. Não podemos esquecer que vai ver a vovó, hm?

A menina veio chorosa aos meus braços, e não hesitei em embala-la nos mesmos. Senti a camiseta molhada, e as mãozinhas me apertavam forte. Jin deu um último abraço nos filhos e em mim, apenas acenando com a cabeça para Yoongi.

Tô com frio, hyung; ᴹᵞᴳ + ᴾᴶᴹOnde histórias criam vida. Descubra agora