Capítulo - 4

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Já era bem tarde e a festa continuava animada. Adriana, era assim que se chamava a mãe de Antônio, tinha uma aparência incrível, Frida rezou para quando tiver seus 52 anos ficasse linda como ela.
E por incrível que pareça as duas se deram bem, Santo Deus, nem parecia que aquela mulher era mãe daquele ser odioso, só de pensar nele Frida queria bater em alguém.
- Nossa, o Toni não falou nada que a sua acompanhante era uma florista - Seus olhos brilharam - Eu amo flores!
- Somos duas então.
Elas riram, Antônio estava na mesa de bebidas e olhava para as duas mulheres conversando animadamente. O que estava acontecendo com a sua família?
Antônio quase engasgou, uma mão bateu na suas costas. Tossiu.
- Holà, filho - disse uma voz suave.
- Oi, pai. - Virou sorrindo, seu pai já morava no Brasil a quase 20 anos, mas continuava com sotaque espanhol. E como Diego vivia com o pai 24 horas por dia estava com o mesmo sotaque.
- O que está olhando, Niño? - Perguntou Ramon.
- A mãe conversando com a Frida.
- Sua acompanhante? - perguntou seu pai confuso.
- Sim, e é melhor o senhor está preparado. - Avisa.
- Com o quê, Niño?
- Minha acompanhante é florista.
- Mierda - Diz Ramon, assustado.
Em outro momento Antônio até poderia achar graça na expressão do pai, mas estavam falando de flores.
- Ela parece ser simpatica - Comentou o pai.
- Só parece - disse Antônio mais para si do que para o pai.
- Nossa, é?
- Ela é muito mal humorada - suspirou, Antônio não queria entrar em detalhes com o pai. Ramon apenas riu.
- Vamos conhecer a Mujer - Roman nem esperou a resposta do filho, partiu pra mesa aonde se encontravam as duas mulheres.
- Holà mi amor - Deu um beijo na bochecha da esposa e sentou.
- Esse é meu marido, pai de Antônio - Apresentou Adriana. Ramon se surpreendeu, a moça não tinha cara de mal humorada.
- É um prazer - A moça estendeu a mão pra Roman. E ele sentiu um leve aroma de rosa, não como o cheiro de rosas brancas que lembram a morte, mas um aroma agradável, delicado. Roman gostou - Me chamo Frida - Ela sorriu.
- Frida? Como a pintora?
Frida parecia confusa, às vezes Ramon esquecia que tinha sotaque e falava muito rápido quando estava empolgado.
- hummm...sim. Meu espanhol é ruim - Ela riu sem jeito - Sim, minha mãe ama arte e Frida foi uma grande mulher e pintora. Mas eu não fui a única a ter esses nomes inspiradores - Riu.
- Oh, Monalisa é sua hermana? - Frida concordou com a cabeça - Sempre achei que o nombre dela significava alguma coisa.
- O nome dela é o mais bonito - Frida riu, ela gostava do seu nome, mas amava o da irmã.
- Fri-sei-lá-das-quantas combina com você. É estranho, diferente e único - Antônio acrescentou por fim, quando viu a cara da mãe. E sentou entre seu pai e seu irmão.
- Respeto Niño - sussurrou Ramon.
- Ele é sempre assim? - Perguntou Frida.
- Como? Grosso, mal humorado e sem educação? Não, é a primeira vez - Disse Adriana fuzilando o filho com os olhos. Frida riu da expressão de Adriana, pelo que ela percebeu, a mãe dominava o filho ainda.
- Nossa, que estranho! Deste que o conheci ele é assim - Frida fingiu voz de espanto. - Acho eu, que ele só é bom moço com os pais.
Diego riu alto.
- Acho que é verdade, padre. - Disse o garoto.
-Antônio...- começou Ramon.
Frida queria chorar de rir.
- É brincadeira, senhor. Antônio Di Capua é um completo cavalheiro. - Disse Frida, fuzilando Antônio pelos cantos dos olhos.
- Viu, pai? Por favor, já sou adulto. E trato Frida completamente bem, isso é só um jeitinho nosso de carinho, não é, mi floristería?
- Atenção, meninas! - chamou Monalisa - É a hora do buquê!
Várias mulheres se levantaram e começaram a gritar.
- Começou o show do desespero. - Disse Frida.
Antônio riu.
- Você não vai tentar pegar o prêmio? - perguntou Antônio, rindo.
- Acho melhor você ficar esperto. Vivian está pensando muito além de um encontro, Antônio - provocou Frida.
Em meio ao tumulto, Antônio viu Vivian gritando. Frida olhou para ele e viu sua expressão chocada, riu. Quando virou para olhar a multidão, viu sua mãe vindo em sua direção.
- Olá - cumprimentou Evelin.
- Holà - responderam Diego e Ramon.
- Frida, querida, o que está fazendo aqui?
- Conversando, mãe. Por quê? - perguntou Frida.
-Como assim, porque? - indagou Evelin, indignada.
- Calma, mãe.
- Frida Boliveira, você vai atrás daquele buquê agora! - Disse Evelin, seu rosto vermelho de raiva.
- Não vou! Tenho 26 anos e eu decido o que quero fazer ou não.
Evelin respirou fundo.
-Se o buquê tiver que ser meu, ele será - explicou Frida, calmamente.
Evelin olhou nos olhos da filha fixamente, Frida sustentou seu olhar. Sua mãe arrumou a roupa, fez um breve aceno de cabeça e saiu.
- Mujer, você tem fibra - elogiou Ramon.
- Não, pai, ela é um ogro.
- Antônio! - reclamou Adriana.
- Não se incomode - Disse Frida.
- Um, dois, três e... já! - contou Monalisa.
O buquê voou sobre as mulheres, parando aos pés de Frida. Seus olhos se arregalaram.
- Mais que merda! - gritou Frida.

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