Emile Mulle -
Estou eufórica guardando as ultimas peças de roupas na minha mala, o sorriso esta largo em minha face, nem acredito que papai mandou virem me buscar. Arrasto as malas pelos corredores me despedindo das minhas colegas que por tanto tempo foram minha família, parte de mim está triste pois não tive uma despedida descente, meu pai nos pegou de surpresa mandando um de seus muitos funcionários virem me buscar, não pude se quer abraçar todos e dizer o quanto sou grata pelos tantos anos que me acolheram e me trataram como uma filha, todos ali, professoras e colegas foram desde meus cinco anos de idade os únicos exemplos de família que tive. Desço as escadas observando cada detalhe daquele grande lugar, todas as minhas recordações fazem com que meus olhos se encham de lagrimas, e balando a cabeça negativamente ainda sem acreditar que não estarei na minha própria festa de formatura, meu pai disse que festa não é importante pois o que interessa é que minhas notas mostram que conclui meus estudos. Em curtos passos eu chego a porta ainda decepcionada por minhas amigas e minhas tão queridas professoras não estarem aqui me esperando para uma despedida, olho pela ultima vez por todo salão e suspiro girando a maçaneta saindo daquela que por muito tempo foi minha casa, e para minha surpresa e alegria eu vejo uma pequena reunião de pessoas com balões e sorrisos me esperando do lado de fora, as lagrimas agora lavam meu rosto em quanto sinto o abraço de cada uma delas, Kate, Mel, professora Sophia e todas as outras meninas que convivi, enfim uma despedida digna.
- Não se esqueça de nós! (Kate dizia aos prantos)
- Nunca, eu jamais esqueceria minha família...(Disse da mesma forma, com o rosto totalmente lavado por lagrimas)
- Querida, viva, sonhe e nunca, nunca desista, eu ainda quero ouvir falar muito sobre você...
Minha querida e atenciosa professora Sofhi, a mesma que sempre ficou ao meu lado quando mais precisei, a mulher que me ajudou e falou comigo quando eu tive minha primeira mestruação, a mesma mulher que me falou sobre garotos e como bebês vinham ao mundo. Eu seria agradecida a ela por toda a minha vida, por ter passado ao meu lado coisas importantes a uma menina, por inúmeras vezes me levar a sua casa para passar o natal, meu aniversario e muitas outras datas especiais por que meu pai não fazia questão da minha presença em casa, se eu não tivesse matado a minha mãe ele talvez me amasse. Finalmente eu crio coragem e entro no carro, o homem carrancudo me olha e não diz nada, aceno em adeus para todos a medida que o carro vai se afastando indo em direção ao aeroporto. Sinto meu coração apertado, mas eu enxugo minhas lagrimas e coloco um sorriso no rosto, estou voltando para casa, forço minha memória e lembro como era linda a fazenda, a grande casa com o cheiro de bolinhos chuva que Maria costumava fazer nas poucas vezes que estivess lá, o jardim de rosas coloridas que eram a paixão de minha mãe quando era viva e Cristal minha égua, único presente que lembro ter ganhado de meu pai, eu percebo o quão estou ansiosa por chegar logo. A viagem foi um pouco cansativa. Eu estava realmente ansiosa para ver tudo aquilo de novo, sentir o cheiro bom que tem o campo, sensação de ar puro, mas a única coisa que conseguia fazer era pensar em meu pai, em como ele me receberia depois de tantos anos longe..
(...)
Não consegui dormir durante o voo, estou ansiosa e eu ainda tenho boas horas de estrada ainda, Dallas esta tão iluminada, mas a estrada de chão me levará para a fazenda. Eu já podia reconhecer o caminho, mesmo depois de anos eu nunca poderia esquecer a fazenda do Sr. Jhon Miller O carro para diante da grande casa e eu respiro fundo, olhando ainda com o vidro fechado, meu coração está batendo freneticamente, tantas lembranças, eu senti falta. O motorista abriu a porta e eu sai e rapidamente uma senhora já de meia idade com cabelos quase todos grisalhos veio me receber quando desci do carro, seu sorriso era enorme e seus olhos pareciam brilhar ao me ver, levei apenas um segundo para me dar conta de quem se tratava, eu também sorri para ela, pois faziam muitos anos desde a última vez que estive aqui, é Maria, a pessoa que cuidou de mim quando criança... Como eu poderia esquecer aquele rostinho? Maria, trabalhava para a minha família à muitos anos, quando eu nasci ela já estava aqui e quando minha mãe morreu ela foi tudo que tive, desde então ela cuidou de mim como se fosse sua própria filha...Não me contive e me joguei em seus braços lhe dando um grande abraço...
-Minha menina! (Ela me abraçava forte) – Como você cresceu...
- Maria! Quase não reconheci você, mas é que fazem tantos anos!
- Eu esperava receber uma menininha...(Ela sorri)
- Eu cresci Maria...
- Você se tornou uma mulher linda! (Ela me olhava a distancia de um braço)
Ela era uma das pessoas que mais tinham me dado carinho neste lugar, já que meu pai se quer me olhava... Fomos fazendo caminho até chegar a casa, eu olhava tudo e senti uma tristeza ao perceber que o lugar que costumava ser o jardim da minha mãe, repleto de flores coloridas agora só tem alguns matos secos, Maria dizia que aquele jardim era o lugar preferido dela, e passou a ser o meu também, por que sempre ia lá para tentar senti-la de alguma forma. Como meu pai deixou que as flores morressem?
- O que aconteceu aqui Maria? (Perguntei ainda olhando)
- Faz tantos anos menina, seu pai mandou arranca-las...
- Por que? Ele não deixava ninguém tocar nas flores...
Ela não me disse, se calou, ninguém ousa questionar meu pai. Continuamos era uma bela caminhada da entrada da fazenda até a primeira sala... Meus olhos eram curiosos, eu queria ver tudo, eu estava realmente feliz por voltar para casa, no percurso havia muitos peões trabalhando, e assim que me viram foi como se eu fosse de outro mundo.
A quantidade de homens que trabalhavam para meu pai era grande, perguntei a Maria se sempre era assim por aqui, ela disse que sim, mas naquele dia estava mais movimentado pois estavam fazendo umas mudanças. Maria caminhava apressada, resmungando com o homem que carregava minhas malas, e sem perceber fui invadida por várias lembranças da pequena parte de minha infância aqui e rapidamente eu lembrei dos meninos, as poucas vezes que estive aqui eu lembro deles, as únicas crianças que eu brincava..
- Maria onde estão Ryan e Chaz?
- (Ela sorrio divertida) – Aqueles moleques estão por ai trabalhando..
- Oh meu Deus, eles ainda vivem aqui?
- Sim querida...
Seria bom poder revê-los, eu adorava poder brincar com eles, e confesso que estou curiosa para saber como estão hoje... Passei meus olhos por todos os lugares até que pararam nele, aquele homem de pele clara sem camisa, sua calça jeans surrada, o suor escorrendo por seu rosto e corpo em quanto ele carregava os monte de feno pesados, mas o modo que ele pegava pareciam penas em suas mãos. Ele parecia bem rústico, era forte e estava um pouco sujo, foi então que ele notou que eu estava ali, seus olhos pararam sob mim por alguns segundos, eu queria me mover e de alguma forma desviar meu olhar dele, mas algo não permitia, me senti como um animal indefeso diante o olhar de um predador, mas ainda de uma forma que me chamava...
- Vamos menina, não pode ficar em baixo desse sol...
A voz de Maria fez com que eu conseguisse me mexer e voltasse a caminhar, o homem rapidamente se foi e eu segui com Maria... Apressei meu passos, eu queria ver meu pai, eu só queria pode lhe dar um abraço e dizer que eu senti sua falta, eu estava nervosa quando entrei, a sala enorme e completamente vazia. Ele não estava ali para me receber e a angustia se fez mais uma vez em mim, eu esperava que depois de tanto tempo sem me ver ele pudesse sentir alguma saudade.
- Onde está meu pai? (Perguntei ainda na esperança que ele tivesse apenas em seu escritório ou algo do tipo)
- Ele queria muito estar aqui quando chegasse, mas aconteceu um imprevisto querida e ele teve que viajar...
Como sempre muito ocupado. Como eu poderia imaginar que ele estaria aqui a minha espera? Ele me odeia, eu matei minha mãe e ele nunca vai me perdoar, eu faria qualquer coisa para conquistar seu amor, seu perdão, eu amo o meu pai...Sei que ele não tem culpa, a culpa é minha. Mas eu voltei e serei a melhor filha do mundo. Eu sei que ele é um homem ocupado e tem que cuidar de todas suas fazendas e isso não é uma tarefa muito fácil.
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Coração Selvagem.
FanfictionTrata-se um amor inocente, puro e verdadeiro... Duas pessoas lutando contras as proprias diferenças para ficarem juntos. Um sentimento colocado a prova quando a familia é contra...