Capítulo 10 - O selvagem se tornou manso: E.M - JB

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Ela era loira, com olhos azuis e um sorriso que fazia o sol sentir inveja de tanto brilho. E ele? Era alto, robusto e com os olhos tão dourados que pareciam  negros quanto a noite mais escura. Eles tinham uma sintonia perfeita e se amavam da mesma forma, era como se o que faltava em um o outro completasse. Eram como luz e trevas, a pureza e o desejo ou o próprio Yin e Yang. Coisas desse tipo são quase raras hoje em dia, digo, achar alguém que te complete e te faça se sentir inteiro.

Era a primeira vez que ele passava a noite na cama com uma garota e não a tocava, não do modo que ele fazia com as outras, não de forma desrespeitosa, ele não faria isso, ela era diferente de todas que ele já havia conhecido, ela não podia ser tocada daquele jeito, ela era a garota que ele acariciava, seu corpo era para ser contemplado, admirado e amado. Dois jovens apaixonados era coisa mais preciosa de se ver, quem o visse naquele momento, jamais o reconhecia, ele estava tão sereno,  ele se sentia tão feliz e completo em apenas sentir o cheio de seus cabelos, uma felicidade que ele nem lembrava que existia, uma felicidade talvez desconhecida para ele.

Ele não dormiu por toda uma noite, ele não queria perder qualquer detalhe. Deitados na grande cama do seu quarto, ela estava em total silêncio, com medo que qualquer palavra estragasse aquele momento. E ele apenas a segurava junto a si, com a cabeça dela deitada em seu peito enquanto ele apenas carinhosamente mexia nos finos cabelos amarelos. Ela não conseguia ver, mas ele tinha um sorriso largo, um sorriso tão grande que mesmo se quisesse ele não conseguia conter. E mesmo contra todos os desencontros da vida ela  o encontrou. Ele, que não é príncipe. Ele, que estava mais para cavalo do que para o principe. Ele, que é humano. Ele que é cheio de defeitos e que também erra. Ele, que é homem, mas chora quando ninguem pode ver. Que apesar de tentar nem sempre é valente e corajoso. Ela o ama assim, exatamente do jeito que  é imperfeito. Mas às vezes o homem prefere o sofrimento à paixão...

                                                                              

Emile Muller -

O cheiro dele ainda está em meu travesseiro quando acordo, apenas seu cheiro porque ele se foi sem eu ao menos perceber. Estou sorrindo de olhos fechados ainda abraçada ao meu novo presente, meu lindo e fofo urso marrom gigante, ouvindo tão alto meu coração bater ao lembrar que seus lábios tocaram o meu de forma tão faminta e depois gentil. Não foi um sonho, embora ainda sinta medo de acordar a qualquer momento, mas ele realmente esteve aqui por toda uma noite, e eu estive deitada em seus braços, sentindo seu afago macio em meus cabelos. Não consigo parar de sorrir e estou dando gritinhos enquanto me contorço em minha cama tomada por um sentimento desconhecido, uma euforia que atravessa meu corpo a cada lembrança.

Quando penso nele me sinto flutuar, me sinto alcançar as nuvens, tocar as estrelas, morar no céu. Ai meu selvagem, será que já posso sonha tão alto com essa palavra? MEU, lembro-me Lola dizer que ele não pertence a ninguem, mas ele me pareceu tão meu esta noite.

E se estiver me iludindo? O pensamento faz todo o sorriso desaparecer e o medo tomar lugar, e se ele voltar a me tratar como antes? As meninas da escola sempre diziam que homens são diferente de mulheres quanto a importância de certas coisas, estou eu aqui morrendo ao lembrar de uma noite perfeita ao meu ver e talvez não tenha significado nada para ele.

Nesse momento eu sinto vontade de não sair mais do quarto, quero manter minha noite perfeita intacta, sem nenhuma palavra grosseira, sem qualquer mancha. Mas por mais que quisesse me proteger a vontade de vê-lo me consumia, eu desejo olhar nos seus olhos e implorar que o mesmo Justin que esteve ontem aqui ainda estivesse lá.

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