Coração Selvagem.

Capítulo 3 - Anjo - E.M/J.B

Em meu rosto estava estampado a surpresa e a decepção, algo naquele grosso me chamava atenção e quando ele virou suas costas e caminhou para fora eu mal pude piscar, voltei a realidade quando vi Lola entrar correndo na cozinha, cabelos soltos e saia longa presa em sua cintura, ela olhava o selvagem com um sorriso grandioso no rosto.

- Já conheceu Justin? (Ela fala ganhando ainda mais minha atenção).

- Sim, fui apresentada.

- Você parece não ter gostado..(Ela soa especulativa).

- Justin foi grosseiro, parece bicho do mato esse garoto... (Maria dizia balançando a cabeça negativamente).

- Não ligue Emy, Justin é assim mesmo... (Ryan sorria).

- Ele é sempre mal humorado, não é nada com você...

Chaz dizia e eu apenas assenti enquanto ele me dava um sorriso tímido que logo lhe retribui, suas bochechas rosadas eram de uma forma tão fofa, Charles é uma das poucas pessoas que lembro em minha infância, era fácil definir ele e Ryan, em quanto ele me tratava como uma verdadeira princesa, já Ryan me empurrava e puxava meus cabelos, acho que posso dizer que Chaz foi meu primeiro amor, eu tinha uma pequena queda por ele, mas nunca soube se ele sentia o mesmo, porque o que ele tem de gentil ele também tem de tímido e acho que é isso que o torna tão doce. Maria já tinha posto a mesa onde me sentei e logo Lola fez o mesmo, mas Ryan e Chaz ficaram de pé nos seus lugares atrás de mim, os olhei interrogativa...

- Não vão comer? (Perguntei curiosa).

- Depois que terminar Emy...(Ryan dizia em quanto Maria parecia os repreender com o olhar).

- Vão, vão arrumar o que fazer e deixem a menina Emile comer...(Maria agora os expulsava).

- Não, os deixe ficar Maria. Venham, sentem-se comigo e tomem café..

- Mas senhora...(Maria ainda não entendia que esses dois são o único vestígio de amigos de que tenho aqui).

- Os deixe Maria, eles são meus amigos e quero que se sentem a mesa comigo.

- O senhor Muller não vai gostar disso. (Foi a vez de Lola falar).

- Meu pai não estar em casa...

Fiz sinal para que os dois se sentassem ao meu lado, ambos de cada lado meu, Ryan pegava os bolinhos de forma desesperada enquanto Chaz comia cada um de forma lenta, eu apenas sorrir em ver como eles eram diferentes, Maria e Lola nos olhavam sem entender, mas não me importei, foi a primeira vez que realmente me senti de volta em casa. Logo que terminaram ambos saíram dizendo que tinham muita coisa para fazer, eu os olhava colocando seus chapéus e caminharem debaixo daquele sol escaldante e me perguntava o que ainda faziam na fazenda do meu pai, eles eram jovens, eles tinham o mundo para descobrir, estive fora por tanto tempo, mas para eles nada mudou, primeiro eram seus pais que trabalhavam para o meu e agora eles e por alguns segundos me peguei sentindo por eles, sentindo por uma vida que eles deveriam ter.

- A senhora não pode comer com os empregados dona Emile... (Maria falava me olhando).

- Não são empregados Maria, vocês são a única família que tive nessa casa, eu praticamente cresci com eles e você foi quase uma mãe em todas as vezes que estive aqui.

Eu podia ver que Maria tinha lagrimas nos olhos e antes que essa conversa se transformasse em um drama eu sorri e abracei e lhe disse que tudo estava bem, ela afagou meus cabelos limpado o rosto e forçando um sorriso.

- Lola leve a menina Emile para dar uma volta...

- Sim abuela...

Soltei Maria e Lola segurou minhas mãos me arrastando para fora da cozinha e logo fora do casarão, meus olhos varreram mais uma vez aquela grande fazenda, como no dia que cheguei tem homens por todos os lugares trabalhando, eles parecem não me ver, e os poucos que pareciam se arriscar ao notar minha atenção logo desviavam seus olhos, me sentia como se fosse símbolo de opressão. Lola parece se divertir, ela se move mexendo seus quadris excessivamente, e eu também posso ver que alguns a olham como se fossem devora-la a qualquer momento e ela gosta disso, é como um pedaço de carne.