I saw myself shine brightly in your eyes

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    Gerard estava completamente hipnotizado e atônito. Aquele menino no palco não era apenas um músico talentoso e baixinho. Pois ali, com ele parado bem a sua frente, podia ver que estava completamente encrencado.

    Aquele homem era sua perdição.

    Uma parte desconfiada dentro de si tentava insistentemente achar alguma coisa que não gostava no rapaz, mas não conseguia. As tatuagens nos dedos, as mangas da camisa repuxadas quase até o cotovelo mostrando ainda mais desenhos e cores em seus braços além das que podia ver no pescoço… Tinha a impressão de que via mais alguns desenhos pelo rasgo da calça, mas se perdeu na fartura de suas coxas e mesmo fingindo pra si mesmo que não havia o feito, sua boca salivou ao perceber que a calça justa deixava certas coisas muito bem contornadas. Seu rosto ardia em vergonha, não podia aceitar nem dentro de seus pensamentos que estava sentindo tanto ao mesmo tempo, tão rápido, por uma pessoa que ainda nem ouviu o tom de sua voz. Seus olhos percorriam o corpo de Frank repetidamente, quase fora de seu controle. Dos fios bagunçados no cabelo aos Converse velhos de novo e de novo como se temesse perder algum detalhe. Sentindo o ar fazer falta em seus pulmões insistiu em tentar desviar o olhar até que Frank riu e passou as duas mãos pelos cabelos, ajeitando alguns fios e bagunçando outros.

    – Arrumei? Melhor assim?

    Gerard tentou falar… Mas não conseguia achar as palavras. Com um suspiro e uma expressão confusa, finalmente olhou pra algo que não fosse Frank e se levantou do banco, procurando acalmar o ritmo de seus batimentos embora agora estivesse ainda mais perto do músico.

    Para Frank, a cena não poderia ser mais adorável. Aquele homem era completamente exótico. Nada deveria se encaixar, mas ele era capaz de unir tudo de um jeito próprio e singular. Era único, alguém que ninguém jamais seria capaz de imitar por aí.

Iero sabia muito bem que tinha um fraco por pessoas assim.

    O jeito de andar e a postura de artista, mas não como ele que saía por aí espalhando sua arte em bares e ruas... Era aquele jeito de gente que não sai de casa se não tiver motivo, que odeia falar no telefone, que provavelmente fica completamente perdido e sem saber o que fazer quando alguém o elogia. Contrastando demais com o estilo de rockeiro e bad-boy de suas roupas pretas e jaqueta de couro, mas também não como ele… Quando se vestia assim, Frank se sentia o cara, o poderoso, o fodão, que sabia e queria transmitir essa impressão de punk revoltado, mas aquele homem meio magrelo e não muito mais alto de cabelos claramente recém-pintados naquele tom vivo de vermelho não emitia absolutamente nada de bad-boy. Era autenticidade.

    Mas também não precisava ser nenhum expert pra perceber que atrapalhado como fosse, ele não parava de o encarar. Aquele homem tinha um brilho diferente nos olhos e aquele mesmo brilho estava percorrendo seu corpo inteiro várias vezes e aquilo iluminava Frank cada vez mais pois percebia que gay ou não, o homem estava completamente interessado. Normalmente, saber que tinha “o seu alvo de interesse” na palma das mãos era tudo que Frank precisava pra se divertir pelo resto da noite. Entretanto aquele homem não estava mexendo -só- com a sua cabeça de baixo como era o habitual. Aquela situação não era nem um pouco normal. Havia tesão, sim, pra caralho (Afinal de contas… Você viu esse homem? Céus.) porém o baixinho parecia não caber dentro de si de tanta vontade de encher ele de abraços e fazê-lo sorrir e isso era aterrorizante.

    E nem o inferno sabe o quanto Frank Iero adora coisas que o deixam com medo.

    – Desculpa, nem tava tão bagunçado assim.

    A voz trazendo o jeito encabulado de falar que já havia imaginado que teria, com um sorriso tímido capaz de tirar qualquer resto de fôlego que restava no pobre músico. Que inclusive achou que o seu próprio fosse lhe arrancar as bochechas de tanto que se alargaram com a resposta.

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