Viva Indifference

Bliss along the way

A tontura que Frank sentia poderia ter milhares de explicações possíveis mas o estado quase catatônico que se encontrava, encarando o nada onde Gerard estava há poucos segundos atrás, poderia ser justificado pelo sufoco que sentia agora em suas próprias calças. A imagem estava marcada em sua mente, em sua imaginação, em tudo. Desde o jeito que o ruivo caminhou a mão pela coxa até seu membro ao jeito que seus olhos reviraram e fecharam em reação ao aperto. Do gemido rouco e manhoso que saiu de seus lábios aos movimentos lentos e firmes de sua mão espalmando aquele volume do começo ao fim. Do jeito que o olhava de cima, os olhos verdes intensos e preenchidos de luxúria, ao suspiro pesado antes de se levantar e sair andando.

Frank sentia suas bochechas – e seu corpo inteiro – queimando. Outra vez, se viu dominado por um sentimento de urgência. Ao levantar o olhar, viu o homem de cabelos vermelhos digitando sua senha na máquina de cartão e se apressou em sua direção.

– Hey, espera... – Gerard retirou o cartão da máquina e recusou o recibo. Iero percebeu que não teve tempo de colocar o desconto que tinha direito na compra. – Você pagou tudo?

– Paguei. Vamos.

Com certa impaciência, Way pegou o rapaz pelo pulso e o trouxe consigo pra fora do local. Frank não conseguia tirar os olhos de Gerard. O homem o havia conquistado por inteiro. Desde que conseguiu o ver de perto só conseguia pensar em como o achava sexy, e agora tudo parecia muito mais intenso. A leve pressão dos dedos em seu pulso era sexy. O jeito inesperavelmente delicado com que colocou uma mecha dos cabelos avermelhados pra trás da orelha era sexy. O jeito que o olhava de solsaio vez ou outra enquanto caminhavam para o destino até então desconhecido era sexy, pra caralho. Mesmo já tendo se imaginado em cima da protuberância pecaminosa escondida na parte frontal de suas jeans, ao ser guiado por ele daquela forma teve uma bela visão de suas nádegas e também se imaginou se aproveitando da parte traseira de outras diversas formas. Mesmo que não soubesse que o dono de seus desejos estava extremamente consciente de seus olhares e também imaginava as mais diversas situações e jeitos de se satisfazer junto do baixinho.

– Pra quem tinha se oferecido pra ir na frente daquela forma você tá encarando muito a minha bunda.

O tom de Way era sério. Era como o momento antes do beijo, porém muito mais ríspido. Duro, até. Talvez em outra situação parecesse uma reclamação e deixasse alguém intimidado, mas isso não aconteceu com Iero e foi a prova de que estavam de fato em sintonia, pois ele sentiu-se arrepiar por inteiro.

Aquela foi a única frase proferida em todo o trajeto desde a saída do bar até o terceiro andar do estacionamento avulso na mesma quadra comercial onde estavam. Gerard andava confiante sem largar o pulso de Iero por nenhum segundo e este o seguia sem nem ao menos prestar atenção ao redor. O moreno parecia estar fora de si. Frank Iero sabia que não era esse tipo de pessoa. Era sempre ele que ia atrás e dava o bote. Ele era o provocador, o ativo, dominador, mesmo que nem sempre estivesse "por cima". Mas por alguma porra de motivo, mesmo com álcool e o que quer que fosse, aquele magrelo com trejeitos delicados o deixava como um adolescente ansioso pelo primeiro beijo. Sentindo-se pequeno, delicado e cada vez mais quente...

Calor este que inclusive parecia surreal pro clima gélido de outono que os cercava aquela noite. Devia ser quase meia-noite, o vento era frio, mas Frank sentia-se quase febril de ansiedade, próximo de transpirar debaixo do casaco. Via o ar de sua respiração condensar ao deixar seu corpo, assim como pôde perceber o de Gerard quando seus olhos se encontraram outra vez e...

Way se sentiu levemente ofendido ao perceber o músico tão avoado enquanto sua mente parecia tentar massacrá-lo de tantos pensamentos. Como a questão do orgulho ainda era algo a ser trabalhado no artista, sua reação foi fazer questão de que o baixinho lembrasse bem de suas próprias palavras e motivo da perda de limites atual.