Parte 3

349 88 40
                                    

★★★

Acordei com o barulho do despertador.

Fui à casa de banho fazer as minhas higienes, em seguida, fui para o quarto me vestir: pus umas calças brancas, um blazer da mesma cor, com uns saltos pretos. Passei o ativador de cachos em toda a extensão do meu cabelo e ajeitei-o até formar pequenos cachos. Passei um batom vermelho nos lábios e estava pronta.

Liguei para o seguro, para que fossem buscar o meu carro, que ainda se encontrava perto do porto. E eles, de boa vontade, garantiram que o pegariam.

— Bom dia, família — cumprimentei a todos, que estavam reunidos à mesa tomando o pequeno-almoço.

— Bom dia, Néria, como você está? — perguntou minha mãe.

— Bem, tenho uma reunião importante, beijinhos a todos. — despedi-me.

Cheguei na rua e chamei um táxi que me deixou na empresa. Cumprimentei todos com um sorriso e eles retribuíram. Fui para o meu escritório, liguei o notebook e fiz os acabamentos do esboço para que corresse tudo bem com os novos investidores.

Olhei para o relógio e marcavam exatamente 8h00. Peguei o elevador e subi até a sala de reunião; já lá estavam todos, até o chefe, que me olhou com cara de alívio. Eu ia fazer a apresentação do projeto para atrair novos investidores para a nossa empresa.

Olhei para cada um dos investidores, e aqueles rostos me eram familiares. Não pode ser! Meu coração parou. Eram os traficantes da outra noite. Fiquei paralisada a olhar para eles, que estavam tão surpresos quanto eu.

— Senhora Western, esses são os novos investidores da empresa, o senhor Dilan Fonseca — ele era alto, tinha o cabelo preto e olhos verdes intrigantes — e o Rodrigues Duarte — esse era loiro, com olhos negros como a noite.

— Néria! — A voz do Peter, meu patrão, me tirou do transe.

— Wau, prazer, senhora Western. Nos olha como se nos conhecesse. Já nos viu em algum lado? — perguntou o tal Rodrigues ao estender a mão para mim e olhando para o Dilan, o homem que apontou a arma para mim na noite passada.

— Por acaso, não — falei ao estender minha mão na direção dele, disfarçando o nervosismo. — Desculpem o atraso, meus senhores, já estamos todos aqui — introduzi. — Agora passaremos ao que realmente interessa — falei para todos na sala, que incluía os diretores e os donos da empresa. — Sou Néria Western, e falarei por que é tão importante que os senhores se afiliassem à GiganteNegro. Agora que penso, o vosso setor não tem nada a ver connosco — falei com o seco na garganta.

— O quê?! — Peter exclamou. Levantou de onde se sentava e aproximou-se de mim. — O que se passa? Néria, você quer nos afundar? — perguntou entre dentes.

— Não, senhor!

— Então, mostra o que preparamos nos últimos quatro meses para o bem de todos — falou para mim. Se virou para todos na sala de reunião e disse: — Me desculpem, senhores, vamos recomeçar.

Respirei fundo e comecei o discurso.

— Senhores, como todos sabem, a GiganteNegro é líder no mercado de mineração, especialmente no setor de granizo. Este material, conhecido por sua durabilidade e qualidade superior, tem sido a base de inúmeros projetos de construção de alto padrão em todo o continente.

A nossa mina de granizo não é apenas a maior do continente, mas também produz granizo da mais alta qualidade. Este material tem se mostrado essencial em construções que exigem resistência e longevidade, características que fazem a diferença em grandes projetos de infraestrutura.

Agora, quando analisamos a empresa dos senhores, notamos que a excelência em construção é uma marca registrada. Acreditamos que uma parceria entre nossas empresas seria não apenas lucrativa, mas também estratégica. Imaginem os projetos de construção da vossa empresa utilizando o granizo de melhor qualidade disponível no mercado. Isso elevaria o nível dos vossos projetos, garantindo não só a durabilidade, mas também um padrão de qualidade inquestionável.

Senhores, esta é uma oportunidade única de unir forças e criar algo verdadeiramente monumental. Com o granizo da GiganteNegro, a vossa empresa de construção pode alcançar novos patamares, oferecendo aos vossos clientes o que há de melhor em termos de materiais e execução de obras.

A reunião durou cerca de uma hora. Com perguntas e respostas, eles finalmente assinaram o contrato. Não pararam de olhar para mim um segundo sequer. Porra! Preciso sair daqui e assinar logo uma carta de demissão.

— Senhora Western, tem uma palavrinha connosco? — Rodrigues falou antes que eu saísse da sala de reuniões.

Me aproximei dele, que estava com o Peter.

— A senhora foi incrível, se bem que nos assustou um pouquinho no início. É melhor para todo mundo quando se diz apenas o necessário — sua voz soou ameaçadora.

Eu consenti com a cabeça.

— Com suas licenças, senhores — falei, me retirando quase sem ar. Entrei na minha sala e me sentei, aliviada. De repente, alguém entrou e trancou a porta do escritório. Era Dilan.

— Não chega perto ou eu grito! — adverti, segurando uma tesoura que encontrei na secretaria, apontando-a na sua direção.

— Néria Western, 24 anos — falou sentando-se calmamente no sofá. — Filha de Augusto e Sara Western, que têm um restaurante no centro da cidade. E a tua maninha Zana é gostosa para quem tem 19 anos. Não mais que você, mas é — falou enquanto tirava todos esses dados do telefone dele.

— O que você quer? Vai me matar?! Por favor, me deixa em paz. Eu vou embora daqui e juro que não conto nada a ninguém — implorei com lágrimas nos olhos.

— Hei, linda, você não vai a lado nenhum. Preciso de você aqui.

— O quê? — perguntei surpresa.

— Você vai trabalhar para nós e nada vai acontecer contigo e nem tão pouco com a tua maravilhosa família.

— Mas… — Ele me interrompeu.

— Caso contrário, enfiarei uma bala na cabeça de todos vocês.

Continua...

Opha! Aqueceu. O que será da Néria agora?

Não se esqueçam da estrelinha.

Amor PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora