O longo pesadelo. I

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Escuridão. Apollo abre seus olhos e não enxerga nada, pensa em ativar sua visão noturna mas de nada isso adianta. Ele não enxerga nada, apenas escutava ao horizonte um "Tic" e em seguida "Tac" respectivamente. Apollo não entendia nada do que se passava alí, procurava por Karen, mas ao correr, sentia que não saía do lugar. Apollo não sentia mais nada, e em seguida. Tudo. Uma forte luz acendeu no horizonte, forte como o sol, e em seguida, uma voz:

— Sabe onde estás? — Uma voz misteriosa fala com ele.

— Onde estou?? O que é isso?? — Apollo franziu a testa, estava confuso e tonto. Não sabia o que era aquele lugar estranho.

— É você, Apollo.

— Como você sabe meu nome??? — Bravejou. Ele olhava para todos os cantos, e não via nada.

— Ora, você mesmo me disse.

— Não lhe disse nada!!! — Rugiu, Apollo estava nervoso e já rangia seus dentes.

— Acalme-se garoto. — A serenidade da voz misteriosa era desesperadora.

Novamente, "Tic", "Tac"

— Está se sentindo nervoso? Angustiado? Não consegue matar quem fez isso com você aqui, está com raiva por isso? Eu estou no controle, Apollo. Aconselhe lidar com isso, e me seguir.

Seguir??

Logo o vazio negro se tornou um mundo psicodélico, cheio de traços abstratos, de fundo azul. Pessoas fluorescentes e milhares de portais, cada um de uma cor diferente. Apollo estava voando, quando uma figura passou pelo portal dourado, e Apollo a seguiu. Ao passar por aquilo, se viu uma criança novamente.

— Lembra-se Apollo, está revisitando sua história...

Apollo sentiu o baque emocional que o atingiu ao ver o rosto de seu pai. Tanto tempo sem o ver, nem por fotos.

Conseguiu ver ele saindo para trabalhar, conseguiu ver ele vendendo seus CD's. Sendo feliz com pouco. Apollo sentiu seus olhos lacrimejarem, a saudade que estava a tanto tempo guardada, reprimida, estava exposta como um nervo.

Momentos depois, ele vê seu pai sendo baleado, bem na cabeça. Apollo nunca soube que foi assim que ele havia morrido. Outro baque o atingiu, tristeza, ódio. Medo.

— Veja Apollo, não lute contra. — Disse a sinistra voz.

Apollo consegue ver o corpo de seu pai sendo retirado de cima dos CD's. Colocado em um saco preto e jogado para dentro do caminhão.

Malditos... O trataram como lixo!

— Sim Apollo. O jogaram como lixo.

O Peregrino estranha, a tal voz ouviu os pensamentos dele.

— O que você está fazendo??? O que é isso tudo, ME DIGA! — Apollo rugia alto como um leão, sentia a adrenalina correndo por suas veias.

— O que temes, Apollo? Vamos ver?

Apollo volta para o mundo psicodélico e instantaneamente, tudo fica negro. Uma forte luz acende mostrando Karen.

— Apollo!!! -
— Karen corre para abraçar Apollo. — Eu amo você!!! Eu não consigo mais esconder isso!

Apollo não acreditava no que escutava, estava feliz que a moça o amava, mas surpreso que decidiu se declarar nesse momento.

Quando Apollo vai abraçar ela, uma grande espada reluzente, emanando um vento frio, a corta no meio.

— O quê?? Não!! — Apollo caí sobre seus joelhos no corpo partido de Karen.

— Por que está fazendo isso????

Dante aparece brevemente, e é decepado. Sua cabeça rola ainda com seus famigerados óculos tampa de garrafa.

Apollo não sabia o que falar, estava totalmente sem palavras.

— Estou no controle, Apollo. Você é meu, minha arma. Isso está acabado.

Apollo estava de cabeça abaixada, quando a levanta levemente, novamente vê Karen sendo morta com um tiro na cabeça.

— Acho que você não está entendendo.

O corpo de Apollo começa a se mexer contra sua vontade. Ele pega a arma que estava em seu coldre e, sempre relutando, atira na cabeça de uma nova Karen. Que implorava e clamava por piedade.

Apollo tenta fechar os olhos, mas é falho. Ele vê ele mesmo matar Karen.

Dessa vez ele vê seu pai.

— Não... Não! Chega!!!! —Apollo gritou quando seu corpo começou a se mexer involuntariamente.

O corpo dele começa a levantar a arma para o pai de Apollo. E o Rapinante faz toda a força do mundo para não fazer isso, mas de nada adianta. Ele mata o próprio pai com um tiro na cabeça. Apollo começar a se debater, estava ficando desesperado. Era tudo muito angustiante. Aquele "Tic" e "Tac" sempre tocando. Aquela atmosfera negra e sombria e todas aquelas atrocidades que estava sendo obrigado a fazer. Por um momento, ele volta no exato momento que mata os árabes, vai para o quarto, e novamente seu corpo mira a arma para o pequeno bebê. Ele se controla o máximo, mas o gatilho é puxado. O projétil sai do cano, expulsando um pouco de pólvora. Apollo viu aquele bebê sendo destroçado com aquele tiro.
— Chega... Eu não aguento mais.

— Desiste, Apollo. Se entregue a mim. — A voz proclamou.

Apollo caiu novamente sobre seus joelhos. Pensou em tudo, tudo. Pensou no seu trajeto, no seu melhor amigo Dante. Em Karen, pensou muito em Karen. Ele achou que estava acabado. O pegaram pela mente, uma mente tão fragmentada, destruída.
Foi usado, abatido, pressionado, surrado. Mas... Sempre esteve se levantando, sempre conseguiu, a prova. O PPP, a situação acadêmica. Os trabalhos como Meta soldado, os mercenários. O luto do seu pai...

Apollo começou a se levantar. Os "Tic's" estavam mais rápidos assim como os "Tac's", tudo estava diferente.

— O que está fazendo? Não pode fazer isso, não vai conseguir! — o nervosismo estava aparenta na entonação.

Apollo usa sua força para se levantar, mesmo sentido um grande peso para baixo. Ele se levanta.

— Eu posso! Eu vou! Você está se esquecendo que está falando com APOLLO RIVERS. Eu sou o PEREGRINO! Uma hora ou outra, EU VOU TE PEGAR! - Rugiu Apollo, erguia-se apesar de todo o esforço de Jeremy para mantê-lo no chão.

Jeremy Bohl era o sujeito que fazia tudo aquilo. Não era de fato tão velho, mas com o uso de suas drogas, sua aparência decaiu muito.

— Não!! FIQUE. NO. CHÃO. — Gritou Jeremy.

Uma força avassaladora joga Apollo sob seus próprios joelhos. Mas ainda sim, Apollo continuou, continuou se erguendo, lentamente. Apollo concentrava-se na sua ascensão, a voz de Jeremy já apresentava um certo nervosismo.

— Olhe pra mim, olhe pra mim enquanto eu te venço. É a última coisa que verá quando eu te colocar na cadeia!!!

— Não!! — Gritou Jeremy, impedindo ao máximo a ascensão de Apollo.

O lugar não era mais tão escuro, estava sendo iluminado a cada centímetros que Apollo se levantava. Pronto para combater tudo, Apollo ergueu-se para a vitória. E no seu momento final, Apollo deu uma forte respirada, e se levantou com tudo.

Luz. Uma forte luz branca toma conta de tudo, Apollo vai abrindo os olhos, vendo o que havia alí. Conseguia ver muita coisa. Neve, carros abandonados. Estava tonto, não conseguia se manter direito. Mas viu que estava amarrado a uma cadeira, de frente para uma janela. Conseguia escutar Jeremy no fundo, atrás. Ele estava fazendo alguma coisa sinistra...

O Peregrino II - Caça ao Rapinante.Onde histórias criam vida. Descubra agora