Estrela

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– Hey Vitoria, porque demorou tanto mulher? Felipa já estava perguntando de ti.

- Eu estava com o Henrique. Fomos até o nosso banco de novo. E ele me beijou. De novo. E de novo e de novo. Eu nunca me senti tão bem com outra pessoa a não ser você. Eu sei que as meninas acham que vai acabar o concurso e ele vai sumir. Mas não consigo não sentir nada Ana. Ele é incrivel.

- Não tem nada errado Vitoria. Se é o que te faz feliz. Eu vejo tanto brilho no seu olhar. Você ainda é a minha Vitoria. Mas tá tão diferente. Eu fico feliz de verdade. Mais vai devagar por favor. Se proteja. Isso é tão novo. Não quero que minha melhor amiga se machuque na primeira vez que resolveu gostar de alguém.

- Não se preocupe Ana. Se eu me machucar eu sei que terei você. Pode deixar que vou me proteger.

Gabi entra no banheiro.

- Meninas pelo amor de Deus. Felipa está atrás de vocês e a apresentação dos Ynnes já vai começar.

[...]

Henrique mantém os olhos no regente durante toda a apresentação da competição, até começar seu solo.

Seus deliciosos olhos de chocolate me encontram na quinta fileira respirando cada nota. De algum modo, ele transforma uma “Ave Maria” em uma canção de amor. Perco-me no poder da música, dominada pela intensidade da emoção que jorra dele. Lágrimas se formam nos cantos dos meus olhos. O que é isso? Como posso me sentir assim?

Retiro tudo o que disse sobre divas e amor. Se o amor tiver alguma coisa a ver com o que sinto agora, é o que eu quero. Sinto-me feliz e viva cantando, mas esta sensação é inexplicável. Bem que Ana dizia que amar é se perder em todos os instantes.

O solo termina, e o restante do coro se junta ao Henry, que volta a se concentrar no regente. Aplaudimos de pé, com todo o público, quando eles terminam.

Gabi está com a expressão preocupada.

Acho que ganharão de nós.
Manuela interrompe as palmas.

— Eles são praticamente profissionais. Não é justo.
Eu tinha esquecido que estamos competindo com eles. Medalha de ouro. Certo. O melhor coro de jovens do mundo. Tenho certeza de que estamos olhando para eles.

Ana observa Onur descer os degraus do palco.

— Mesmo com você, Vitoria, não estamos no nível deles. Ninguém está.

Perco o desenrolar da conversa quando o coro seguinte forma fileiras nos degraus. Levanto e saio. Eles estão no salão de espera, cumprimentando-se. Henry me vê e começa a andar em minha direção.

Quando se aproxima de mim, segura minhas mãos. Fico olhando para ele. O que posso dizer depois daquilo?

Aperta minhas mãos, chega mais perto e diz:
— A que hora você estará livre hoje?
Minha garganta está tão seca, que tenho que engolir.

— Tenho umas duas horas depois do almoço.

— São minhas.

Andamos lentamente pelo centro de Lausana, de mãos dadas. Henry parece cansado. Afasta-se depressa quando ponho a mão em sua testa para checar se está com febre.

— Pensei que eu não fosse um menino.
O restante do meu coro está conhecendo a catedral. Evitamos passar por lá. Escadas demais, segundo ele. Há um mercado grande montado em frente às lojinhas, em antigas construções de pedra. Bancas de frutas frescas, verduras, mel e carrinhos vendendo queijo deixam as ruas estreitas e sinuosas ainda mais estreitas. Henry compra uma linguiça defumada nojenta e me faz experimentar. Muito salgada. Compro alguns morangos frescos para tirar o gosto da minha boca, e da dele. O centro da cidade é um labirinto. Ficamos totalmente perdidos e começamos a descer até encontrar placas do metrô, que pegamos para ir até Ouchy e acabar novamente em nosso banco.

A Bela e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora