Vencedoras

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- Uaaal Vitoria. Eu sempre soube que eles eram muito bom. E todos os trófeus por todo esse mundo faz jus ao que dizem. Porém nunca acreditei que seria tanto.

- Tanto ? É extraordinario demais pra ser verdade Ana. Até agora estou de queixo caido com essa apresentacão.

- Só o queixo caído né Vitoria ? - Ana me deu um leve empurrãozinho usando seu tom de deboche.

- Sim Dona Ana. Apenas o queixo. - Dei um meio sorriso.

- Nem você acredita no que está falando Vi. - Solto uma gargalhada.

- Deixemos esse assunto para depois Ana Clara. - Olhei pra ela, apontando com a cabeça para manuela que não parava de nos encarar.

Henry e os outros coristas do Ynne acabam com qualquer decoro que restou após o concerto de ontem à noite antes mesmo de darem andamento à cerimônia final esta manhã.

Ela começa com todos os coros agitando bandeiras e tentando cantar melhor que os outros seus hinos nacionais. Henrique e seus amigos causam um alvoroço quando se levantam e correm pela arena agitando uma enorme bandeira.

Os australianos se levantam. Depois os chineses. Os russos, italianos, irlandeses, Brasileiros. Logo uma mini ONU se espalha pelo chão. Gabi e Manu me puxam com elas. Ana e mais umas quinze meninas vão junto. Mergulhamos na confusão, somos levadas pela corrente de coristas e orgulho nacional. Gabi e eu temos uma bandeira grande.

Todos têm as bandeiras pequenas da cerimônia de abertura. Muito vermelho, branco e azul.

A cantoria de hinos nacionais continua e fica mais alta. A correria mais desvairada. Muito empurra-empurra. Um tumulto total. Não chega nem perto do que senti no palco com o Henrique ontem à noite, mas é legal correr no meio de uma porção feliz da humanidade. Só seria melhor se ele estivesse ao meu lado nessa massa suada e pulsante. Seria perfeito. Acabo surpreendendo a mim mesma. Quem diria que eu podia pensar assim?

— Os jurados chegaram às suas decisões — retumba no sistema de som. — Dirijam-se aos seus lugares. — depois de três tentativas, nossa natureza competitiva fala mais alto, e a multidão flui para as filas de assentos.

Os anúncios começam com os coros mistos de jovens. SCTB — sopranos, contraltos, tenores e baixos —, meninos e meninas. O coro de uma escola de música da Polônia vence.

Um dos nossos jurados assume o microfone.

— As medalhas de bronze na categoria de coros não mistos vão para...

Prendo a respiração. Felipa está de cabeça baixa. Todas estamos assim... unidas no nervosismo. Ana segura minha mão com tanta força, que depois que isso tudo acabar, acho que precisarei de uma boa massagem. Na Olimpíada de Coros todos ganham bronze, prata ou ouro. Seria tão humilhante ganhar bronze. Ufa. Ele está anunciando as pratas agora. Vejo Felipa relaxar. Levanta a cabeça. Prata seria respeitável.

Manuela dá um grito estridente quando o jurado diz:

— E agora, nossas medalhas de ouro... — sem ter anunciado o Coro das Adaspe'c. Felipa manda Manuela ficar quieta, mas está sorrindo de orelha a orelha, com os dois polegares para cima.

Ouro. Ganhamos ouro. Felipa está contando para descobrir em que lugar ficamos. Além da categoria da medalha, eles anunciam em sequência, dos piores aos melhores. Se terminarmos entre os dez melhores, ela acha que uma comissão de arte pode financiar a gravação do nosso CD.

Conforme o jurado prossegue sem dizer nosso nome, vai ficando mais difícil segurar a ansiedade. Contorção, choro, comemoração contida. Outro coro. Ainda não somos nós. Mais um. Ainda não.
Manuela se dobra com os braços segurando o estômago, entoando:

A Bela e a FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora