Uma semana havia se passado, na qual Milena não trocou mais que cumprimentos com César.
Durante esse tempo, ele tentou achar na Internet mais detalhes sobre o processo e a investigação da morte do rapaz chamado Danilo, mas como ele não tinha qualquer vínculo com a família não conseguiu nada.
Era uma quarta-feira e ele chegava ao campus com um ar distraído e a mente distante. Ele se encaminhava para a sala de aula, quando se espantou ao perceber que Milena vinha em sua direção.
Reparou que ela vestia um jeans claro, jaqueta curta, camisa clara e tênis. Diferente dos outros dias, os cabelos dela estavam soltos e por isso ele se deu conta do quanto eles eram volumosos e compridos, como o cabelo das modelos de comercial de shampoo.
– Oi, Milena. Bom dia!
– Bom dia, César. Que bom que você chegou cedo! Eu queria falar com você.
– Ah é? - entusiasmou-se ele. – É sobre o caso, não é?
Milena assentiu e continuou:
– Eu queria agradecer por você ter aberto meus olhos com a conversa daquele outro dia. Sabe, não tinha nem passado pela minha cabeça que o advogado da transportadora pudesse querer prejudicar a família do Danilo.
Atencioso, César reparou o modo mais gentil que ela falava e também lhe chamou à atenção a ternura com que ela disse nome do namorado morto.
– Entendi... - disse ele.
Milena olhou o horário em seu relógio de pulso, então levantou os olhos azuis a ele e perguntou:
– Você não teria um tempinho pra conversar comigo lá na sala de estudos?
Ele ficou surpreso e logo respondeu:
– Com certeza!
Milena apontou o caminho e César logo se alinhou a ela. O coração dele deu uma acelerada, mas era incomum que ele se sentisse assim perto de uma garota, na verdade, o oposto era bem mais frequente.
– E aí? Tudo bem com você? - ele tentou puxar conversa.
– Sim - ela respondeu evasiva e emendou: – E você?
Ele se animou com o interesse dela, mas acabou respondendo de forma igualmente evasiva.
– Sim, tudo de boas.
– O que exatamente a Karina te contou sobre o acidente?
– Ah, ela só me contou por alto. Vou ser sincero com você, eu até tentei encontrar o processo na Internet. Assim, só pra entender como é a sequência das coisas... Entende?
Milena parou momentaneamente a caminhada para encará-lo.
– Entendi... - disse ela e logo voltou a andar. – Eu estive hoje com a mãe do Danilo e ela concordou em deixar a papelada do processo comigo.
– É mesmo?
– É... E sabe outra coisa que eu não me dei conta na época? O advogado que cuidou do caso aceitou o resultado da investigação sem nem contestar, como quem já sabia que era causa perdida Ele praticamente só foi lá cumprir o protocolo. É revoltante!
– Revoltante mesmo... É a lei do menor esforço.
– Ah, quando eu for advogada não vou ser assim!
– Claro que não.
Chegaram ao pavilhão muito amplo e organizado, se acomodaram em uma das mesas. Milena tirou da mochila uma pasta, mas antes de abri-la perguntou:
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Lutando por Justiça (Me Deixa Ficar no Lugar Dele)
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