Acabei de chegar em casa de um encontro com o seu best friend forever: João!
Preciso saber, amiga, o que ele é? Gay, bi, pansexual? Quero uma resposta, se possível hoje mesmo! Não ignore esse e-mail, eu sei que está cheia de trabalhos para serem concluídos, afinal encontrar um colega de profissão mesmo que para desparecer, o assunto acaba sendo o mesmo de sempre... trabalho! Ele me contou como está a sua rotina desde fevereiro quando conseguiu a tua tão suada promoção.
Por favor! Joana, ele me tratou tão bem hoje! Na metade da conversa, depois de termos bebido já quarto cervejas, demos um abraço tão caloroso! Eu juro, nem o meu ex desgraçado me agarrava assim! Fiquei anestesiado com tanto carinho, ficamos de mãos dadas por mais de 5 minutos (sim, eu contei) enquanto lhe contava todos os dramas da minha vida. O garçom não parava de nos encarar com aquela cara de desaprovação, mas o que eu podia fazer com um gato daqueles sendo tão cavalheiro e atencioso? Ainda pagou a conta! Vê se pode?!
Jurei para minha pessoinha desde os meus 16 anos que não me apaixonaria mais por hétero. Ou ele é alguém muito bem resolvido com a sexualidade, ou estava me galanteando. Quando entrei no restaurante , o João já estava lá sentado com dois copos e uma cerveja. Apertamos as mãos e ele foi falar imediatamente dos textos que enviei, com aquelas referências a escritores contemporâneos que eu tanto odeio. Que sujeito mais culto este nosso amigo! Por fim ele me falou: "agora serei todo ouvidos, como exigido estou aqui para você"! Pode isso? Não parava de olhar para a minha boca, com aqueles olhos negros como a noite de Paris, aquela mão no queixo e o meio sorriso, mesmo quando eu me empaturrava de sashimi.
Quando nos conhecemos no Réveillon do ano passado, jamais olhei ele com nenhum interesse, a não ser o profissional... depois de hoje eu já não sei mais o que sentir. Estou anestesiado? Será que foi o álcool me subiu a cabeça? Ainda mandou uma mensagem perguntando se cheguei bem em casa! O Marcelo nunca fez isso! Na verdade, nenhum namorado meu jamais se preocupou comigo...
Estou morrendo de vergonha de admitir, mas acho que estou com uma queda pelo nosso amigo hétero. Por que eu só me meto em roubada, ein? Culpa sua, demônia! O meu ex foi você que me apresentou e agora estou caindo de amores pelo seu outro amigo! Maldita! Você nasceu para desgraçar a minha vida!
Para onde vai este fim de semana?
Me escreva o quanto antes!
(Estou com o meu computador na mão esperando a sua resposta e você sabe o quanto sou impaciente!)
Do amor da sua vida,
Paulo!
