Capítulo 15

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Quando o avião pousou, eu fui literalmente o primeiro a descer, eu saí correndo atropelando todo mundo só parei quando as mãos delicadas de Lina me alcançaram, ela segurou meu rosto e me abraçou em seguida.

— Eu sei que dói. – ela sussurrou. – Mas a Karol é forte e teimosa, ela não vai embora agora.

A única coisa que eu consegui fazer foi soluçar, eu estava chorando feito uma criancinha que deixou o sorvete cair no chão.

— Eu não posso perder ela, Lina.

— Eu também não posso Rugge. – diz tristemente enxugando uma única lágrima que escorria. Eu sabia que ela estava sendo forte por Agustín, ela não queria desabar na frente do noivo. – Vai ficar tudo bem. – ela garantiu e se virou para Valentina que se aproximava ao lado de Jorge e Mike.

Depois de uma rápida conversa seguimos para fora do aeroporto onde um taxista nos esperava. Iríamos para o Hotel deixar as malas e depois iríamos para o hospital.

— Vou subir para pegar algumas roupas para o Agustín e a escova de dente dele. – apontou para o elevador atrás de si. – Se quiserem já indo pro hospital podem ir, Valentina sabe onde é.

— Não, vamos te esperar, economizamos dinheiro assim. – Valu sorriu. – Pode ir à gente te espera.

Lina foi rápida, ela logo estava no saguão novamente com uma bolsa grande e fomos em direção ao hospital onde o amor da minha vida estava em coma em uma UTI.

Quando entramos na sala de espera do segundo andar encontramos Agus, Caro e Guillermo sentados nas três primeiras cadeiras.

— Onde está o Miguel? – Lina perguntou se aproximando do noivo, que por sua vez nem saiu da posição que ele estava. – Amor? – ela chamou carinhosamente acariciando as costas de Agustín.

— Miguel está lá com a Karol decidindo algumas coisas com o médico. – Caro suspirou claramente abalada.

— Decidindo o que? – Jorge perguntou sentando ao lado de Guillermo dando leves tapas no ombro do patinador.

— Se eles vão doar os órgãos da Karol. – se a sala não estivesse em um silêncio assustador eu não teria conseguido escutar o que Gui disse.

— O que? – Valentina praticamente gritou. – Como assim doar os órgãos? Ela tá viva não tá?

— Eles não sabem, ele estão fazendo uma bateria de exames cerebrais, escutamos um enfermeiro dizer algo sobre morte cerebral.

Eu cambaleei para trás ao escutar isso. Morte cerebral. Não, isso não.

— Ruggero! – escutei a voz de Mike afastada, olhei para o lado e lá estava ele me olhando preocupado.

Meu peito estava gelado, minhas mãos estavam formigando eu já não sentia minhas pernas, não vi quando Jorge se levantou, mas lá estava ele do meu outro lado ajudando Mike a me segurar.

— A pressão dele deve ter caído! – escutei a voz de uma mulher falar.

Tudo estava meio turvo, escutei o barulho de algo caindo e então eu me entreguei à escuridão.

[...]

— E o que vai acontecer? – escutei a voz de Valentina de longe, fui recuperando a consciência aos poucos.

— Não sei, nenhum médico sai de lá para nos dar notícias!

Abri meus olhos de uma vez, sentindo a luz excessiva de a sala me cegar por alguns segundos. Valentina estava sentada em uma poltrona azul perto da cortina que rodeava a maca em que eu estava enquanto Michael estava de pé ao lado dela com os braços cruzados. Nenhum dos dois perceberam que eu estava acordado.

— O que aconteceu com a Karol? – minha voz saiu entrecortada e rouca.

— Rugge, não sabíamos que estava acordado. Como você está? – Mike se aproximou mais sentando ao meu lado.

— Com sede. Karol está bem? – voltei a perguntar. Mike abaixou o olhar para as próprias mãos. Senti meu coração bater forte. Não... Valentina percebeu meu desespero e foi rápida em explicar.

— Calma, ela está viva! O coração dela ainda está batendo. – a loira suspirou e eu sabia que vinha bomba. – Eles fizeram outra tomografia da cabeça dela e descobriram uma hemorragia no local onde ela bateu a cabeça. Karol está em uma cirurgia no momento.

Só piora, as notícias só pioram. Passei minhas duas mãos em meus cabelos puxando-os. Eu preciso fazer algo. Comecei a levantar, mas fui impedido por Mike.

— Onde você pensa que vai?

— Eu vou rezar!

O hospital era grande, demorei uns 30 minutos até encontrar a pequena capela do Hospital. Os bancos estavam vazios e havia algumas velas perto do altar onde havia uma cruz. Suspirei fundo e me sentei em um banco mais próximo do altar, nunca fui alguém de muita fé, eu acreditava que existia alguém muito maior do que todos nós e sabia que Ele tem planos reservados para cada um. Esse era o momento, eu precisava ter mais fé, acreditar que a mulher que eu amo iria ficar bem, eu precisava que ela ficasse bem. Eu nem percebi quando comecei a chorar, sentia meu peito vibrar a cada soluço que eu soltava.

— Ei jovem!

Assustei-me olhando para o lado onde um senhor me olhava curioso. Ele devia ter uns 70 anos, ele segurava em uma bengala e tinha um sorriso tranquilo que estranhamente me trazia paz.

— Posso me sentar contigo? - ele bateu a bengala na lateral do branco. Arrastei-me para o lado dando espaço para o senhor sentar. - Obrigado.

Eu não respondi, sei que estou sendo mal-educado e se dona Antonella saber disso ela arrancaria minha orelha de tanto puxar. Cada um faz suas preces em silêncio, eu estava tão concentrado no meio da minha oração que nem percebi que o senhor se virou para mim.

— Sabe, meu rapaz, você me lembra de alguém. - ele olhou para cima como se tentasse lembrar. – Você lembra a mim quando era mais jovem. – voltou a me olhar e sorriu novamente. – Sei que está com dor, mas tudo irá ficar bem. Você só precisa acreditar nisso!

— E se não ficar? – minha voz saiu baixa e ele riu.

— A vida não para, rapaz. Cada um tem sua hora, pode ter certeza que não é a hora dela! – franzi a sobrancelha, confuso.

— Como você sabe que é ela?

— Ela estava dividindo a sala da UTI com minha esposa. Aquela menina vai ter muita coisa para viver ainda!

— Como o senhor...

— Eu sei das coisas e também esse aparelhinho aqui me torna um super-herói. – ele brinca apontando para a orelha onde tinha um aparelho de audição. – Minha esposa se foi hoje, mas sei que agora ela está em paz e em um lugar melhor. – ele suspirou olhando para frente. – Eu amo aquela mulher e sei que um dia irei encontrá-la.

— Ruggero! – olhei para trás encontrando Jorge na porta da capela. – Karol saiu da cirurgia! – ele avisou com um sorriso cansado.

— Vai lá. – o senhor sorriu novamente apontando para a porta. Eu me perguntava como ele conseguia sorrir quando havia acabado de perder sua esposa.

— Sinto muito pela sua mulher! – lhe lancei um olhar solidário. Segurei sua mão e sorri. – Obrigado!

— Vá ver sua namorada, meu rapaz. Vou orar por ela!

Acenei para ele antes de correr para fora até Jorge. Olhei mais uma vez para o senhor sentado no banco e o vi sorrindo para a cruz. Eu preciso acreditar.

Isso Rugge! Karol tem que ficar bem, né?
Beijos no core e até o próximo.

Corrigido.

𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐅𝐚𝐦𝐨𝐮𝐬 || 𝐑𝐮𝐠𝐠𝐚𝐫𝐨𝐥 Onde histórias criam vida. Descubra agora