As Chamas

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1 horas e 26 minutos antes...

Malu encarava o seu reflexo no espelho do banheiro nervosamente, tanto que nem notava a confusão ao seu edor. O grande momento do pré-show havia chegado e ambos os blocos estavam uma bagunça, com campistas se aprontando por todo lado. Já ela, tentava acalmar a sua costumeira bagunça interna, com palavras de auto incentivo.

— Você vai se sair bem. – Disse Cecília ao se aproximar da amiga. Aquela situação era um pouco incomum para as duas, mas dessa vez Ceci parecia a única garota calma, das Melódicas mais velhas.

— Eu sei. – Ela fez cara de tédio, fingindo uma confiança inexistente. Cecília suspirou e saiu atrás de Nanda que estava se comportando completamente diferente de como geralmente é.

— Você está nervosa? – A pianista perguntou estranhando o cenho franzido da amiga.

— Eu acho que estou prestes a fazer uma loucura Cecília. – Ela desabafou.

— Mas o seu solo está maravilhoso Nanda. – Comentou a Melódica, desentendida.

— Eu não vou mais fazer um solo. – Fernanda mordeu o lábio, apreensiva. Será que ela estava fazendo a coisa certa?

— O que? Como assim?

— Se eu parar para te explicar agora eu acho que vou desistir, então não força a barra.

— Você quem sabe. – Ela jogou os braços pra cima em sinal de rendição. Estranho, era a palavra de ordem daquele ano no acampamento.

A menina caminhou até o espelho para passar o seu batom. Ela sempre usava um nude, sua mãe dizia que uma mulher nunca seria levada a sério se ousasse no batom, mas não dessa vez. Cecília sempre acatou os dizeres dela sem nem protestar, inclusive acataria a sugestão de carreira, mesmo detestando a ideia. Mas dessa vez seria diferente e talvez essa transição do nude para o roxo escuro, fosse a primeira de muitas.

Ela se olhou no espelho e encarou seu reflexo. Cecília Gonçalves com certeza não era a mesma garota que havia chegado ali no domingo e mesmo que sua atual situação não fosse as melhores, a menina estava gostando disso. Gostando de se sentir diferente do que era e mais próxima do que queria ser. O seu momento de alegria e constatação passaram quando o seu olhar focou em outra coisa.

— Ei! – Ela escutou Maria gritar e mais alguns protestos de outras garotas. – Banheiro feminino Igor, sai fora!

— Eu já estou saindo. – Ele disse gesticulando para todas as garotas. – Só preciso falar com a Cecília.

— A gente já falou o que tinha pra falar hoje mais cedo. – Ela disse sem se virar, o encarando pelo espelho.

— Não, você falou e eu fiquei calado feito um panaca.

— Que bom que reconhece. – Ela sorriu irônica, de boca fechada. Malu revirou os olhos com aquela ceninha e decidiu que era o momento certo para sair de fininho e ir encontrar vocês sabem quem.

— Será que a gente pode sair daqui pra conversar?

— Por favor, né! – Gritou uma menina de dentro de um dos chuveiros. – Eu quero sair daqui!

Ela contorceu a boca, irritada, e só saiu dali em respeito a garota que precisava se arrumar. Igor estava suando frio de nervoso e esperava que a conversa fosse bem sucedida. Porque se não fosse, ele não saberia mais como resolver essa confusão. Afinal, Igor era o pegador do acampamento, ele nunca teve que fazer mais do que dizer algumas poucas palavras.

Acampamento de Verão para Jovens ArtistasOnde histórias criam vida. Descubra agora