O Grande acerto de contas

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Nós temos dificuldades em enfrentar e isso faz parte de qualquer ser humano, até mesmo daquele que se autodenomina destemido

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Nós temos dificuldades em enfrentar e isso faz parte de qualquer ser humano, até mesmo daquele que se autodenomina destemido. Sair da zona de conforto parece uma tarefa tortuosa na maioria das vezes, assim como tentar algo novo, ou assumir erros, ou ser transparente. A realidade é que é complicado se despir completamente para outra pessoa, mostrar todas as suas faces, seus defeitos, qualidades e medos. Tudo isso nos faz sentir vulneráveis e nós sempre ligamos vulnerabilidade com fraqueza.

Isso tudo nos mostra, ainda mais, como é difícil encarar alguém nos olhos e dizer alguma verdade dolorida ou tentar clamar por socorro, porque isso está ligado ao ato de despir a alma. De se revelar nua e crua.

Assim como também não é nada fácil enfrentar alguém que pra você signifique a personificação de tudo o que mais detesta em si mesmo. Aquela pessoa que te torna vulnerável só por existir e tudo o que você pode fazer é abusar de seus mecanismos de defesa pra fugir de tudo sobre si que não quer encarar.

Apesar de tudo isso, de todos esses inconvenientes que envolvem o ato de enfrentar, essa situação não era uma novidade para Maria Luísa Fernandes. Na verdade, todas essas sensações estavam bastante vívidas em algum lugar da sua mente, presos a uma lembrança. Afinal de contas, Giovana não era a primeira pessoa que Malu tentava enfrentar.

O seu primeiro grande monstro foi a sua própria mãe.

Quando a mãe saiu de casa, ao mesmo tempo em que Maria se sentiu a pessoa mais insuficiente do universo, ela também se sentiu mais a livre. Eram coisas que ela não conseguiu entender no auge da sua adolescência e tampouco entendia agora, mas essa dualidade era marcante. A falsa melódica chegou a pensar que, uma vez que a mãe estivesse longe, ela nunca mais influenciaria em nada na sua vida. No entanto, a gente já sabe que isso, definitivamente, não aconteceu.

Malu já estava envenenada demais, pelas palavras estúpidas e maldosas da mãe, para conseguir viver sem nenhuma marca daquela mulher.

Já fazia um tempo que Maria não falava com a sua progenitora, que ela tentava ignorar a presença ou a falta daquela mulher na sua vida. Para ser mais específica, haviam se passado alguns anos, desde que ela tinha se casado com outro homem e decidido investir seus esforços em outra família. Malu, por meio do descuido de uma tia, ficou sabendo que tinha ganhado uma irmã.

No início Maria não queria saber, queria fingir e ignorar a existência daquela pessoa, mas ela não conseguiu. Assim, a loira decidiu buscar saber sobre essa nova parte de sua família que ela não conhecia. A falsa melódica não saberia dizer os motivos que a levaram a buscar uma pessoa que fora criada para substituí-la, porém ela o fez mesmo assim.

Sua irmãzinha se chamava Rafaela e tinha quase quatro anos, também era loira e parecia ser muito fofa, pelo menos por fotos. Malu ficou curiosa e quis se aproximar, quis saber mais sobre a vida da irmã e da mãe, então decidiu entrar de cabeça em tudo aquilo. Ela passou a observar Rafaela sair da escola, sabia que a garotinha fazia balé e o horário em que passeava na pracinha com a babá.

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