Me abraça e me dê um beijo

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D2 recebera logo pela manhã um telefonema anônimo intimando-o a comparecer à boca do lixo a pedido de TE.
 
Fora recebido por Mario tchau que reflete em seus olhos algo enigmático, que desde o primeiro momento que voltaram a se encontrar D2 não conseguira desvendar. Talvez uma tentativa de reaproximação, talvez aversão ou simplesmente um novo modo de se comunicarem.
     
Vestido extrovertidamente social a começar pelas abotoaduras grifadas com marcas de cigarros, um cinto pratinado e um chapéu estilo Indiana Jones, TE pede que D2 sente-se em uma de suas poltronas lhe oferecendo um uísque importado que desta vez não fora recusado, apesar de não ter o costume de beber.

- Tito González quer vê-lo - Aborda TE sem meias palavras e com um olhar firme.

- Quem é esse?

- Simplesmente o maior traficante da Colômbia. Antes que meta os pés pelas mãos, quero lhe adiantar que apaguei Janjão por desviar quinze mil do total do pagamento da dívida.

- Que triste não? - Responde mostrando uma falsa indiferença.

- É claro que ao chegarmos em Bogotá logo lhe perguntarão a que conclusão chegamos sobre o desvio de dinheiro e acharia prudente que você mesmo explicasse para intimidá-los - TE encara D2 de uma forma corrosiva- Agora.... Antes que coloque um sorrisinho neste rosto, quero lhe advertir que todos os meus empregados estão muito bem instruídos para não lhe dar qualquer tipo de informação que possa ajudar meu grande amigo a tomar posse de meus negócios.

- Pensei que era só dar um docinho e eles abririam o bico.

- Antigamente seria exatamente assim, mas agora eles possuem um líder de verdade.
     
Apesar do esperado D2 não se irrita com o comentário.

- E o que eu vou falar pra esse tal de Tito González? Convido ele pra pegar um cineminha, ir ao teatro, ou antes tento conquistá-lo dizendo o quanto seus olhos são lindos?

- Nem tente. O pobre é cego de um olho - diz se rindo - Só falará o que eu acabei de dizer D2. Ou não sabe que um verdadeiro líder não fala? Não diretamente. Fora o que eu te orientei a falar,  eu serei seu interlocutor, eu direi tudo o que você precisa dizer. Só terá que se vestir como eu, os encarar o tempo todo e me tratar como se fosse seu empregado.

- Não teria coragem de fazer isso com você.

- Sei que não. Mas esqueça nossa história de amor e aja da maneira como eu lhe expliquei. Sairemos bem dessa.

- Claro! -Responde irônico. - À nossa união - Diz estendendo o copo com uísque.

- À nossa união - Retribui a gentileza estampando um largo sorriso.

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- Alguém sabe o que é simbolismo? - Indaga Murilo, o professor de Português e Literatura enquanto transita pela sala de um lado para o outro.

- Interpretação por meio de símbolos - Responde Janis.

- Exatamente!

- Que da hora! - Diz irônica. - E agora? Entro pra academia de Letras?
     
Todos riem do comentário inclusive o Professor.

- Há um poeta da época do simbolismo que tem uma forte ligação com o nosso colégio e que compôs o poema "O sonho" que lerei para vocês. Alguém sabe quem é?

- O Diretor Aurélio? - Indaga Cris.

- Não cara! É o Eugênio de Castro - Responde Vamela.

- Muito bem! Um ponto para você.
 
Enquanto Murilo recita o lindo poema, diga-se de passagem, de Eugênio de Castro, Sr. estica-se até a carteira de Chinelo que se situa ao seu lado.

Cris & Janis em Rock na VeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora