"Será só imaginação, será que nada vai acontecer? "

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Dona Geralda não é poupada da revista. Sente-se humilhada toda vez que isso acontece. Sua mágoa é substituída por uma leve euforia ao ver Naja através do vidro de uma repartição de muitas onde outras várias presas conversam com seus parentes.

- Oi filha! - Saúda a mãe com um olhar doce. - Trouxe empadinhas, torta e bolo, não só para você, mas pra todas suas amigas.

- Você é incrível! - Responde Naja com um sorriso amargurado.

- Como vão as coisas? Você está bem? Está se alimentando direito? Te entregaram os lençóis que eu separei para você?

- Calma mãe. As respostas são sim, sim, sim e sim - Responde complacente. - Desde que eu entrei no programa de educação com as presas eu tenho menos tempo para pensar em bobagens. Está tudo bem mãe. E o Marcelinho como vai?

- Ai Naja. Eu nem sei da vida do meu filho, por onde anda. Só sei que sete horas em ponto ele está em casa para jantar, só isso.

- O Marcelo sempre foi assim mesmo mãe, sempre procurando o que fazer.

Ambas estão tentando camuflar a verdade própria de cada uma. Dona Geralda não quer que Naja saiba que D2 está sendo acusado por mandar matar Janjão e Elias e Naja não quer que a mãe saiba que D2 fora metido em armadilhas do TE.

- E a Janis mãe, como ela está? A senhora trouxe a foto dela que eu pedi?

- Está aqui filha - Fuça na bolsa. - Olha. Foi tirado no parque.

Naja pega a foto delicadamente e a analisa com tristeza. Uma lágrima percorre seu rosto perfeito de ébano iluminando seus olhos castanhos.

- Queria tanto vê-la. Tenho tanta saudade do jeito destrambelhado dela.

- A gente vai voltar a ser uma família.

- Como? Se eu coloquei o nome da nossa família na lama.

- Eu não ligo para nomes minha filha eu só quero a felicidade de vocês.

Mais lágrimas escorrem do rosto de Naja fazendo com que lágrimas também escorram do rosto aparentemente cansado da mãe.

- Eu te amo mãe. Eu a amo mais do que tudo nessa vida. Você é a verdade que eu nunca deveria esquecer. Eu sinto tanto pelo o que fiz com a senhora.

- E eu me sinto orgulhosa da sua solidariedade com as suas colegas. Foi assim que eu te eduquei. Meus filhos não são egoístas, meus filhos são os meus tesouros.

- Te amo - Repete, com um olhar doce enquanto ambas as mãos se unem através do vidro.

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Estou ficando louco de tanto pensar, estou ficando rouco de tanto gritar

- Sai pra lá cabeção. Vem não mané, essa peça fui eu quem jogou - Grita Tuta.

- Eeeee! Cê fica na moral Trelelé da cabeça raspada...

- Que que isso Locão? - Se ri Tuta.

- Inventei agora, mas você para de me roubar seu bobalhão.

- Vocês são incríveis! Vocês mesmos se roubam. Ainda mais agora que eu já saquei a de vocês golpe de mestre.

- Deve ter sido o raio que o parta que fez você pensar melhor, mas o que adianta? Você continua sendo pato, seu pato.

Tuta e Lilico paralisam-se ao avistarem Cris e Patrícia saindo ao mesmo tempo de casa.

- Que gracinha - Diz Tuta com seus olhos fixos em Cris.

Cris & Janis em Rock na VeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora