Capítulo 1

314 84 81
                                    

A Vila dos palmares encontra-se tumultuada e sonoramente confusa devido aos diversificados gritos vindos de direções opostas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A Vila dos palmares encontra-se tumultuada e sonoramente confusa devido aos diversificados gritos vindos de direções opostas. O céu acinzentado coberto por nuvens escuras cede ao local um leve clima de terror.

D2 desce as escadas de sua casa algemado e acompanhado por dois policiais robustos e mal-encarados, seguido de sua mãe, Dona Geralda, agarrada as suas duas filhas, Naja e Janis.

Naja transparece um leve abatimento por conta da situação. Janis, irmã mais nova e mais próxima a D2, rompe-se em lágrimas.

Sua feição é de medo, angústia. Está perdida. Seus olhos direcionam-se para todos os lados, confusos, moldados em um rosto alvo e delicado de uma garotinha de um pouco mais de seis anos.

Olha para o céu e vê nuvens escuras dispersas como fumaças em um incêndio. A feição das pessoas a sua volta a pavoneia. Estão bravas, muito bravas, não gostam de sua família, são ameaçadoras.

Muitos apedrejam o camburão, na verdade tentando acertar o alvo, que seria o próprio D2. Ao contrário de seu José -dono de um bar à frente da casa dos Campanalli e seus frequentadores assíduos - a Vila em peso aprova a prisão de Marcelo, seu verdadeiro nome.

Algumas senhoras aproximam-se de Janis, empurrando-a, enquanto gritam que seu destino é ser como o irmão, um marginal irredimível. Outras tentam tirá-la dos braços de Dona Geralda dizendo que não poderia ser criada em uma família de marginais negros.

Janis chora muito, sente dor, solidão, por não poder mais ver o irmão. Antes que tudo se acabe D2 a olha no fundo dos olhos dizendo que voltariam a se encontrar, que tudo acabaria bem. Entra no veículo policial.

Uma menina aparentando ter a idade de Janis aproxima-se. Janis a olha cruzando seus olhos azuis aos castanhos amendoados da menina. A mesma estende sua mão entregando à Janis sua boneca.

A mãe da criança aproxima e estupidamente retira a boneca da mão de Janis, levando à força sua filha enquanto diz que não queria que ela se tornasse uma marginal como a outra.

As nuvens unem-se e uma forte ventania toma conta do lugar. O clima de pavor e medo agrava-se. Janis não resiste. Corre até o quarto do irmão assustada, aos gritos, um grito doído, triste. Senta-se em frente ao espelho da cômoda refletindo seu rosto nele.

Chora sentido, minutos seguidos. Aos poucos os sentimentos de pavor, medo, angústia, vão dando lugar a uma força estranha que lhe seca as lágrimas do rosto, distende sua feição e a toma de um ar misterioso, não pueril. Sua feição é mórbida, mas não mais de medo. Não é mais a mesma... Não é.

All aboard hahahahaha!

Onze anos depois...

Janis encontra-se de frente ao espelho desfigurado do quarto de D2. Apanha um cigarro enquanto olha-se séria como sempre. É uma moça. Seus grandes olhos azuis tem um brilho diferente. Tem lindos cabelos castanhos claros, lisos e ondulados nas pontas. Tem ombros largos que não lhe tiram a feminilidade.

Cris & Janis em Rock na VeiaOnde histórias criam vida. Descubra agora