Living is easy with eyes closed
Misunderstanding all you see
It's getting hard to be someone
But it all works out
It doesn't matter much to meAcordei com um barulho que julguei ser do despertador, mas era diferente e mais estridente que o som suave - ainda que irritante - que saia do meu celular. Esfreguei os olhos e continuei tentando adivinhar o que era aquele barulho, percebi que eram pássaros. Vivi tanto tempo em Seul, que tinha esquecido como era o som dos pássaros pela manhã. Me levantei cambaleando por causa do sono, mas consegui chegar ao banheiro. Liguei a ducha quente e meu corpo se arrepiou imediatamente por causa do choque térmico do frio matinal. Os jatos d'água me lembravam os cobertores e estava tão agradável que demorei tempo o suficiente para que o banheiro ficasse quente por causa do vapor.
Enquanto escovava os dentes ouvi um som parecido com o do despertador do celular. Peguei o aparelho para desliga-lo, mas tudo que vi foi a tela bloqueada de sempre. Continuei seguindo o barulho até a minha janela e abri calmamente, vendo o vizinho pervertido tocando numa espécie de teclado. Não parecia notar minha presença ali, estava tão concentrado que podia cair um meteoro e ele continuaria na mesma posição.
Me afastei da janela e fui trocar de roupa, vesti o primeiro conjunto de moletom que vi na minha frente e pensei se devia usar ou não boné. Acabei desistindo e passei os dedos pelos cabelos, tentando deixar minimamente arrumado. Olhei para janela uma última vez e o pervertido continuava tocando o instrumento.
Aquela cena era hipnotizante, ele e a música pareciam ser um só. Não existia barreiras, o teclado e Yoongi eram amigos de longa data. Estranhamente, aquela cena tinha cheiro de cigarro e não me pergunte o porquê.
Num súbito as notas começaram a sair erradas. Yoongi logo parou de tocar e fez uma expressão confusa. Achei aquela cena engraçada, ele ainda tinha cara de sono e ficava cheirando o quarto inteiro em busca de algo desconhecido. Tentei segurar a risada o máximo que pude, até ele se aproximar da janela com os olhos semicerrados dando uma forte respirada e tossindo em seguida.
Gargalhei alto e ele finalmente abriu os olhos, me encarou por uns segundos e resmungou algo que não entendi, fechando a janela de madeira num estrondo. Fechei a minha janela novamente e desci as escadas sorrindo. Não vou mentir que me senti vingado pela situação de ontem.
- Bom dia, Jungkook. - Meu avô falou, abaixando o jornal que lia e me encarando por cima dos óculos. Estava sentado em uma das poltronas. - Acordou feliz, deve ter dormido bem.
- Bom dia, Vovô. - Respondi, ainda me sentindo estranho com aquela interação.
- Sua avó já colocou o café-da-manhã na mesa, vá comer.
Assenti sem dizer nada e me sentei na longa mesa de madeira. Minha avó tinha feito um banquete e tive a pequena sensação de estar em casa, quando Li-na mandava preparar tudo.
Comecei a comer e vovó logo voltou da cozinha, me fazendo companhia. Perguntava varias vezes se tudo estava bom mesmo e me forçava comer cada vez mais - por sorte, tinha um buraco negro no lugar do estômago e era fácil devorar tudo que ela me oferecia. Ainda tentei ajuda-la quando terminei de comer, mas vovô insistiu que fosse me encontrar com Yoongi porque estava um pouco tarde. A casa dos meus avós ficava numa esquina e a do Yoongi quase grudada ao lado, não dava nem 10 passos até chegar lá. Me despedi rapidamente dos meus avós, abri a porta e quando virei a esquina tomei um susto assim que avistei o portão vizinho.
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Morangos e Cigarros [TAEKOOK]
FanficJungkook é um garoto da cidade que tem uma relação difícil e complicada com seu pai, um homem rígido e que tem toda a vida do garoto planejada. Ele não suporta essa rigidez e como resultado de toda imposição sofrida, acabou se tornando um garoto reb...