Alguns acreditam que nós percebemos quando o amor chega em nossas vidas.
Alguns só percebem que amam alguém quando convivem tempo o suficiente um com o outro para perceber toda a importância que a pessoa tem em sua vida.
Acredito que posso confirmar que algumas pessoas sabem quando encontraram o amor, seja ele momentâneo ou para a vida inteira. Elas sentem algo diferente ao colocar os olhos em alguém em uma sala de aula, no pátio da escola ou em uma torre de rádio. Se é o amor que o destino colocou em nossos caminhos, aquele que estava destinado a nos encontrar, nós iremos saber.
Mas o problema é que nunca vamos saber quando ele irá chegar, nem o local. Pode ser em uma viagem em outro país ou na fila de um supermercado. Pode ser até alguém que você esbarra na rua sem querer e jura que nunca mais irá encontrar aquela pessoa, mas em alguns meses, vocês se reencontram o vivem o maior amor de suas vidas.
Entre tantas possibilidades aqui apontadas, você, leitor, já imaginou encontrar sua alma gêmea no banheiro da escola?
Pois é, Lucas Lallemant também não.
[...]
Lucas odiava segundas-feiras, mas sinceramente, quem poderia culpá-lo? Todos nós odiamos.
Naquela semana, especialmente, seus amigos só falavam das garotas que ficaram na última festa enquanto suas amigas falando de garotos e assuntos dos projetos escolares. Também tinha sua mãe entrando em processo de divórcio com seu pai e seu pai querendo de todas as formas que ele conhecesse sua nova esposa. Além disso, era a famosa semana de provas e ele precisava de um milagre para não repetir o terceiro ano.
Essas coisas eram tudo que ocupavam os pensamentos do jovem Lallemant. O rapaz se sentia tão perdido e sufocado a ponto de querer explodir, sempre priorizando terceiros e tentando pensar em como resolver as coisas antes dos problemas começarem, pensar antes de falar cada frase para não magoar ninguém, oprimir seus próprios sentimentos e vontade para não atrapalhar a felicidade de seus queridos. Ele estava a ponto de entrar em um carro e dirigir para o lugar mais longe que pudesse encontrar.
Ou, para o lugar mais possível que pudesse se encontrar.
A única coisa que não tem sido tão torturante em sua vida, era seu namoro com Chloe. A garota era incrível e fazia ele esquecer todos os seus problemas, como se fosse um sol em seus dias chuvosos, o final feliz em um filme de drama, a chance que a vida o deu para ser feliz.
E essa chance foi muito bem aproveitada por um ano e meio, mas nos últimos meses, o sol tem ficado escondido em dias nublados, os filmes dramáticos tem finais catastróficos e tristes, e talvez Emma estivesse vendo que Lucas não era seu futuro, ou até mesmo Lucas não enxergava que a garota era a salvação de suas problemas.
Mas ele ainda a amava de tudo por ela até sentir que seus esforços não fizessem mais sentido.
– Eu não sabia que o lance do Alex com a Emma estava ficando sério – Yann falou enquanto olhava de forma entediada para a tela de seu celular e mastigava lentamente um pedaço de seu sanduíche.
– Nem eles devem saber o que tem – Lucas disse sorrindo enquanto olhava o amigo. Ele não estava feliz pelo rapaz ter dado um fim ao seu relacionamento com a ruiva, e sim por Yann ter se reaproximado do grupo, e principalmente de si, mas Lucas escondia sua pequena alegria pois sabia que o rapaz estava sofrendo enquanto a ex postava fotos com amigas e o atual namorado. Ou seja lá o que eles fossem.
- Vocês estudaram para a prova de francês? - Arthur se aproximou dos dois e em seguida se sentou, colocando sua bandeja e alguns livros na mesa.
Arthur Broussard parecia o único que era realmente interessado em seu futuro, então focava nos estudos e não deixava seus amigos o tirarem do caminho para alcançar seu objetivo. Além de inteligente, entre os quatro, ele era o único que tinha paciência com todos, os aconselhava quando era preciso e também brigava quando um deles fazia algo errado. O mais esforçado em tudo que fazia e também o que pegava no pé dos outros para manter a matéria em dia, e estudar para as provas.
Podemos dizer que era o pai do grupo.
– Eu acho que depois de cinco mensagens a cada dez minutos nos mandando estudar, posso falar por nós dois que, sim, nós estudamos, senhor Arthur. - Yann falou rindo, fazendo o loiro revirar os olhos.
[...]
Sabe quando no meio de uma prova importante o nosso cérebro parece derreter e nossos neurônios ficam manteiga? Isso aconteceu com Lucas no meio da prova de química, a qual ele passou tanto tempo estudando e decorando nomes.
Sua mente não funcionava, ele tentava focar nas palavras na folha e ler as questões com clareza, mas quanto mais ele se esforçava, mais sua cabeça doía e isso fazia o garoto querer chorar. Ele tinha se preparado tanto para essa prova, assistido vídeo aulas e passou a noite com a cara nos livros, então sabia tudo, estava fácil.
Exceto pelo fato de que não conseguia se concentrar e responder tranquilamente.
– Professor, posso ir ao banheiro? - Ergueu a mão, chamando a atenção do senhor de cabelos grisalhos, que permitiu sem olhar para o mais novo.
Quando cruzou o pátio e chegou em seu destino, parou na frente do espelho para encarar seu reflexo. As olheiras escuras debaixo dos olhos o deixavam com uma aparência mais abatida do que o normal, e ainda tinha a companhia de novas espinhas na testa. Estava um típico desastre adolescente.
Abriu a torneira e molhou o rosto com esperança de que um pouco de água fria o despertasse e ele pudesse terminar a prova em paz. E depois de longos minutos ali pensando e tentando organizar seus pensamentos, ele decidiu que deveria voltar para a sala e finalizar a prova. Mas assim que se preparou para abrir a porta, ouviu alguém resmungando sobre alguma coisa dentro de uma das cabines e isso fez despertou sua curiosidade para saber quem estava ali ouvindo suas reclamações.
Após alguns segundos encarando a porta fechada e o silêncio se instalar mais uma vez, Lucas se convenceu de que não tinha ninguém com ele naquele banheiro e que o melhor a fazer era molhar o rosto mais uma vez para se certificar de que não estava ouvindo coisas ou enlouquecendo de vez.
- Oi. - Alguém falou atrás dele, que rapidamente se levantou e acabou jogando água para cima ao ver um rapaz atrás de si no reflexo do espelho.
- Santa mãe de Deus! - Puxou algumas folhas de papel toalha para enxugar a bagunça que fez e sorriu fraco vendo o outro garoto ligar a torneira ao lado.
- Desculpe, não quis te assustar - Falou sorrindo para o garoto que fingia que não tinha se assustado tanto assim. - Tudo bem?
- Sim, só um pouco nervoso por conta da prova - Falou finalmente virando para o rapaz desconhecido e o tentou buscar em sua memória se já o viu em algum momento naquela escola, mas não conseguiu nada. Estranho seria se sua mente o ajudasse a lembrar de alguma coisa.
Mas aquele rapaz não era um completo estranho, ele sabia que o conhecia, mas não sabia de onde.
– Química está me matando hoje – Disse.
- Eu tive uma prova de química, se isso te ajuda. - Puxou do bolso um pequeno pedaço de papel com algumas coisas escritas e entregou para Lucas, que sorriu com o ato. - Eu não sei se estão certas, afinal cheguei na escola esta semana e só soube dessa prova hoje, então uma garota quis me ajudar e me deu esse papel.
Ele sabia que a garota era Daphne, sua querida e caótica amiga que sempre se animava demais com as coisas e era a primeira a saber dos alunos novos.
- Obrigado... - Deixou a frase no ar esperando que o outro dissesse seu nome, e assim foi feito.
- Eliott - Sorriu estendendo a mão já limpa, e olhando no fundo dos olhos do outro. – Por nada...
- Lucas. - Sorriu de volta e guardou o papel no bolso.
Após esse breve encontro os dois se despediram e cada um seguiu para um lado do corredor. Mas apesar de seguirem caminhos diferentes, dentro de seus corações eles sabiam, só sabiam, que iriam se ver mais uma vez.
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my soulmate. • elu (em edição)
Fanfiction"Uma alma gêmea é alguém que tem fechaduras que se encaixam em nossas chaves, e chaves para caber nossas fechaduras. Quando nos sentimos seguros o suficiente para abrir as fechaduras, os nossos verdadeiros "eus" saem e podemos ser completamente e ho...