no broken hearts.

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Eliott acreditava estar vivendo o melhor momento de sua vida. Finalmente havia chegado as férias de verão e ele poderia viajar em paz com Louis e Beatrice.

Dois meses em Londres com os melhores amigos que ele poderia ter, longe de problemas, de corações partidos, e principalmente, longe de Lucas.  

Talvez essas férias fosse exatamente o que ele precisava para relaxar. Seus pais estavam começando a fazer cobranças de estudos, ou começar a procurar emprego, e também reclamavam das festas que o mesmo ia. Coisas normais de pais protetores.

E o drama com Lucas o afetou mais do que ele esperava. É claro que ele já havia se apaixonado por outras pessoas antes, mesmo que ele evitasse, não podia simplesmente escolher quando iria ou não gostar de alguém.

— Aquela Beatrice parece ser uma pessoa maravilhosa. — Sua mãe falou entrando no quarto com algumas peças de roupas em mãos.

— Ela é. — Sorriu ao lembrar do modo que a amiga o defendeu da confusão com Chloe x Lucas. — Ela é a melhor amiga que eu já tive.

— Sabe...— Se sentou na cama e observou o filho separando suas roupas e organizando na mala preta. — Se eu pudesse escolher uma nora, seria uma exatemente como ela. Linda, educada, inteligente...

Eliott não conseguiu segurar uma risada alta ao notar o que a mãe estava tentando fazer soltando essas direitas. — Pode tirar essa idéia da sua cabeça mamãe.

— Mas filho vocês combinam tanto, ou você acha que eu não reparei na forma que se olhavam nas vezes que veio aqui? Talvez essa viagem faça nascer algo bonito dessa amizade. —

— Mãe... — Se sentou ao lado da mais velha, segurou suas mãos e a olhou nos olhos. — Nós vamos viajar porque a Bea quer me ver feliz, porque eu me apaixonei por alguém e essa pessoa não me tratou da forma que eu esperava. Então Louis teve a idéia de sairmos de Paris para que eu me afastasse dessa merda, e superasse tudo. —

— Você tem amigos ótimos querido. Mas por quê não me disse que estava sofrendo por alguém? — A relação de Eliott com sua mãe sempre fora linda, contavam tudo um ao outro, criticavam as mesmas coisas e pessoas, e além de Beatrice, ela era a única mulher que confiava com todo seu coração.

— Lembra daquele Lucas, que veio aqui algumas semanas atrás e até passou a noite — A encarou e ela apenas fez que sim com a cabeça. — Eu gosto dele, mas na época ele estava namorando e não queria deixá-la para ficar comigo. Mesmo sabendo que era melhor daquele jeito, eu não esperava nada daquilo, e cada palavra que ele falava cortava mais meu peito. —

— Ele gostava de você? —

— Diz ele que sim. Mas eu não sei mais. — Deu de ombros e suspirou triste.

— Ele pode estar assustado querido. Eu não sei dele, mas se ele estava em um namoro com uma garota e de repente começa a gostar de um cara, isso pode ter o apavorado. —

— Como assim? —

— Imagine. Você está com uma pessoa há anos, e sabe que a ama, então chega alguém em sua vida e bagunça tudo. Te faz descobrir diversos sentimentos de uma vez só, e isso tudo mexeu com sua cabeça. É confuso no início, mas logo tudo começa a se esclarecer e você ficará em paz. — Sorriu fazendo carinho no rosto do rapaz, que mantinha um doce sorriso nos lábios. — Vá para Londres, se divirta, veja coisas novas, conheça outras pessoas. Se for para as coisas com esse garoto derem certo, você vai saber.

[...]

Eliott estava realmente animado. Não só ele, como seus companheiros de viagem que praticamente pulavam de alegria do seu lado. Beatrice estava diferente, cortou seu enorme cabelo e agora o mesmo estava na altura do ombro, e as antigas madeixas loiras foram trocadas por um tom azul esverdeado, realçando seus olhos claros. 

Só que quando ela chegou quarto do hotel que estavam hospedados, estava na companhia de uma moça alta e morena.

— Demaury conheça o novo amor da sua vida. — Abriu a porta do quarto sem bater, como sempre, e empurrou até então desconhecida para dentro do cômodo. — Deixa de ser tímida Lucille, eu ein.

— Bom dia Beatrice, como você está? — Eliott se aproximou das garotas, intercalando seu olhar entre a que sorria animada, e a outra que parecia querer sumir.

— ELIOTT VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR! — Louis saiu do banheiro com uma toalha amarrada na cintura, e um celular em mãos. — O Lucas e a Chloe terminaram.

— E? — Falou mostrando total indiferença a noticia. Se ele disse que iria esquecer Lucas e aproveitar seus dias em Londres era isso que ele iria fazer. — Prazer, Eliott.

— Lucille. — Apertou a mão do rapaz e sorriu.

— Ela vai ser sua namorada falsa até voltarmos para Paris. Assim você vai esfregar na cara daquele tampinha que não liga mais para ele e está muito bem. — Beatrice falou sorrindo imaginando que seu plano realmente era ótimo .

— Desculpe? — Ambos olharam em direção dela, que mantinha sua expressão animada.

— Lucille vai usar o Eliott pra esfregar na cara do ex que está muito bem, e meu amado Demaury vai usar a Lucille. Ninguém sai sofrendo. — Explicou como se fosse óbvio e se sentou na cama, ao lado de Louis que até então estava quieto.

— Só para vocês saberem, eu conheci ela há umas duas horas no restaurante do hotel, a gente começou a conversar e ela me arrastou pra cá. Eu não sei de nada sobre isso tudo. — Lucille disse rindo de nervoso.

Louis chamou a atenção de todos ao começar a fazer caretas esquisitas enquanto pensava na idéia da amiga. Em sua cabeça não parecia tão ruim assim.

— 'Tá com dor de barriga meu filho? — Bea mudou sua expressão animada, para uma de nojo. Tudo que ela não queria era ver o amigo passando mal ali do nada e deixando tudo fedendo.

— Eu estava pensando sua topeira. — Arrumou a toalha e encarou Eliott. — Tipo, por um lado pode ser um pouco imaturo querer se mostrar melhor que alguém enquanto você está sofrendo, mas o Lucas não ficava desfilando pela escola depois do que aconteceu entre vocês? Ele sabia dos seus sentimentos e nem ligou pra isso, pois faça o mesmo homem!

— Um momento, eu vou ter que ir para a França? — Lucille se aproximou dos outros três e se sentou no meio de Louis e Beatrice.

— Não amada, só durante essas férias, se vocês concordarem é claro. — Louis disse a olhando.

Eliott começava a ver aquilo com outros olhos. Não era seu jeito usar as pessoas, mas nesse caso ele também estaria sendo usado, e Lucas realmente merecia ver que tinha perdida toda e qualquer chances de tê-lo ao seu lado.

Parecia uma boa idéia.

[...] 

Era a primeira noite do trio nas terras inglesas. Eles queriam começar em grande estilo e claro que não poderia melhor do que indo em alguma balada para encherem seus corpos de álcool e dançarem até não sentir seus pés.

— Eu espero que vocês estejam preparados para a melhor noite que poderiam ter aqui. — Lucille, como era inglesa iria ser a guia deles, apresentando tudo de bom que a cidade poderia oferecer, das festas aos museus, dos restaurantes a lojas de presentes.

Todos estavam bonitos. Beatrice optou por vestir uma saia mullet preta com um cropped da mesma cor, o que marcou suas curvas, exatamente que ela queria. Já Louis e Eliott resolveram usar coisas simples, afinal, diferente da amiga de cabelos azuis, ambos não queria chamar nenhuma atenção, apenas ter uma boa noite de diversão.

— Algo está errado. — Eliott disse se encarando no espelho. Ele nunca foi do tipo que passava horas se arrumando, mas naquele dia em especial isso aconteceu pois nada parecia lhe cair bem.

— Eu já falei, coloca a blusa preta de gola alta, tinha ficado linda. — Beatrice falou olhando o amigo enquanto passava um gloss rosa nos lábios. — Mas você mudou tudo, até a meia.

Seguindo o conselho da melhor amiga, trocou apenas a blusa, e dessa vez havia gostado do resultado. Passou a mão no cabelo, o deixando um pouco bagunçado e pegou seu sobretudo preto, voltando para o quarto.

— Bom? — Deu uma volta na frente de Beatrice, que sorriu concordando e deu leves tapinhas em seu traseiro. — Lucille, onde nós vamos ein?

— Para a balada Cirque Le Soir amado. — Sentou com as pernas cruzadas, estava de vestido e não queria nada aparecendo.

— MULHER EU TE AMO! — Beatrice pulou em cima da morena e a encheu de beijos pelo rosto, fazendo ela rir. — Eu sempre quis ir lá.

— É bom mesmo? — Eliott perguntou olhando seu celular, ignorando algumas mensagens e respondendo apenas as que achava necessário.

— Menino, lá tem malabaristas, dançarinos, cuspidores de fogo, é tipo um circo mesmo. Tem ótimos djs, eu estou tão animada. — Dava pulinhos e falava com um sorriso enorme no rosto.

Tinha tudo para ser a noite perfeita.

[...]

Duas horas depois, enquanto todos se divertiam, havia um Eliott sentado no balcão do bar segurando um copo com alguma bebida que ele já tinha esquecido o nome. A música ao fundo estava extremamente alta, e os mais diferentes tipos de pessoas dançavam ao seu redor, enquanto ele brincava com um canudo desanimado.

— Demaury levanta essa bunda magra e vai dançar! — Louis pulava na sua frente. Não deixou de reparar que o amigo estava sem a jaqueta e a camisa que veio vestindo, e usava um boné que não era seu.

Ele queria estar na mesma animação que estava no inicio da noite, mas após varios copos de diferentes bebidas, ele estava triste e com saudades de Lucas.

— Lulu tem um boné que nem esse. — Falava devagar, assim como seus movimentos. — Porquê ele não me quis Louis? — E começou a chorar se abraçando no amigo.

— Ver gente sofrendo por amor já é triste, agora ver bêbado chorando de saudade de alguém é pior. — Beatrice se sentou ao lado de Eliott e virou seu rosto para ela, fazendo que ele a olhasse. — A culpa não é se ele foi burro e te desprezou, você-

— Eu vou ligar pra ele. — Puxou o celular do bolso e tentou desbloquear o aparelho, mas era quase impossível.

— Nada disso. — Tirou o celular da mão do amigo, e o colocou dentro da roupa.

— Você sabe que isso — Apontou para os peitos da amiga. — não é um problema para mim, né?

— Sim, mas se encostar em mim eu grito. — Virou para Eliott e o mesmo deitou em seu colo, voltando a chorar ali. — Vamos para o hotel, ok? Lá eu te coloco no chuveiro e amanhã você estará bem. 

Praticamente carregando o amigo nas costas, Bea logo encontrou os outros dois e chamaram um táxi. Apesar de terem ido embora demasiado cedo por causa de Eliott, que não podia misturar álcool + sofrer por seu crush, todos estavam felizes. Havia sido uma linda e divertida noite.

Os dias em Londres seriam lindos.




my soulmate. • elu (em edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora