IV. serenity

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"A serenidade que eu senti naquele momento era tão densa que eu achei que poderia tocá-la com as próprias mãos, guardar no bolso e quando chegasse de viagem, eu tornaria a vivê-la novamente."

obs* esse será o último  cap. que não terá música da Flower Face

Verão de 1999

Querido diário

Cerca de um mês atrás viajei para a Europa e fui a Paris. Sempre foi meu sonho conhecer lá, e eu havia juntado dinheiro por meses, trabalhando naquela cafeteria clássica na esquina da minha casa. 
Peguei meu voo numa dessas manhãs frias ensolaradas de primavera. Tomei meu café da manhã as pressas e senti meu estômago revirar no táxi rumo ao aeroporto. 
Lembro de assistir a um filme hollywoodiano no avião e não entender muito bem o contexto, sei apenas que uma garota se apaixonava por um completo estranho nas ruas mais clássicas da cidade-luz*.
Em algumas horas, nesse meu voo São Paulo-Paris, eu não apenas assisti a esse filme cujo nome não me recordo, como também li e reli até cair no sono, o mini-dicionário de francês que cabia direitinho no bolso esquerdo do meu casaco amarelo.
Chegando no Aeroporto Charles de Gaulle, sorri ao ver o sol brilhando,e que alívio foi que cheguei de dia. Saí de dentro do aeroporto e fui a uma pracinha ao lado.O ar úmido das ruas e as gotículas de água que refletiam como cristais por cima da grama, entregava que horas, talvez minutos antes, havia garoado. Chamei um táxi em rumo ao hotel.

Então, todo aquele cronograma de viajante perfeccionista foi sendo executado à risca ao longo dos dias:

 -tomar café e comer croissant  de chocolate na padaria central
 -ir a uma livraria 
 -visitar o Museu do Louvre 
 - experimentar a culinária típica 
 -ir ao jardim desenhar as flores 
 - galeria de artes e museu 
 - visitar o Jardin des Tuileries  
 - comprar roupas bonitas e lembrancinhas no shopping central 
 -fotografar todos os pontos turísticos 
 -ir ao Ópera Garnier 
- etc.

E é claro, ir a Torre Eiffel. Deixei o melhor pro último dia. Iria ao pôr-do-sol, um horário bom para tirar fotos, e no qual eu poderia entender o porque de Paris ser mágica quando visse o mar dourado das luzes acesas da cidade.
A umas 5:30 p.m eu tomei um banho de banheira, vesti uma roupa bonita e confortável. Peguei minha câmera polaroide e minha mochila, e fui de ônibus até o destino tão cobiçado nos últimos dias que passava ali.

Finalmente...a tão famosa e perfeita Torre Eiffel. Eu não podia acreditar que estava lá, parecia tudo cada vez mais surreal. Cada vez que eu piscava os olhos, eu temia acordar, temia que eu não estivesse ali. Mas eu estava...por Deus...foi mesmo real. O sol estava se pondo sobre a cidade de maneira harmoniosa, iluminando-a com seus últimos raios dourados. 
Subi de elevador até o último andar, onde a vista era indescritivelmente magnífica, e a atmosfera infinitamente  leve. Haviam turistas, fotógrafos, um pintor que retratava a cidade sobre a tela, e tocadores de acordeão.

Saquei minha câmera da bolsa e tirei algumas fotos. 

Fui lentamente andando de costas "sem perceber", a fim de adquirir diversos ângulos da bela vista, quando de repente sinto que esbarrei com alguém, o que fez com que as fotos já reveladas que segurava com descuido caíssem no chão sem que eu percebesse.

-Opa!- alguém disse, eu me virei subitamente.

-Ai meu Deus me desculpa - eu disse pensando que havia machucado ou algo do tipo. 

Flower Face; kth + youOnde histórias criam vida. Descubra agora