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Pov Rui

A carrinha parou num parque de estacionamento mesmo perto do Instituto. Ao contrário do nosso, este era no meio da cidade.
Vivi a vida toda aqui. E parece-me igual ao que sempre esteve, só que tudo esta diferente.

"Pai." Disse aflito.

"Eu sei. Eu estou aqui." Ele disse e parecia tenso. "Não te volto a deixar sozinho, vamos enfrentar isto. É só paredes e portas."

"Mas foi a melhor altura da minha vida." Olhei-o e ele olhou-me igual.

"A minha também, mas havemos de criar novas memórias e guardar as antigas no coração."

Sei que é um pouco estúpido, mas é reconfortante saber que ele se sente da mesma maneira que eu. E que está confiante em enfrentar isto, invés de correr e fugir.

Sai da carrinha e peguei na minha mochila mais pequena. Tínhamos basicamente trazido roupa e as nossas armas favoritas. O meu arco era único. A minha mãe marcou com as runas de coragem, união, força e amor. Sempre que o toco me sinto melhor em relação a tudo. Incluindo em lutar nas saudades que tenho dela.

A Sara tinha a cabeça em cima do colo do Liam e estava a dormir, e ele dormia com a cabeça apoiada no braço.

"Que imagem querida." O meu pai ironizou. "Acorda antes que vomite." Tive de rir com o comentário.

"Desde que não vomites para cima de mim." Liam comentou.

Ele abriu os olhos e espreguiçou-se. A Sara mexeu-se um pouco e pensei que fosse acordar, mas depois lembrei-me que ela é uma pedra.

Ia falar para ela acordar quando vi a mão do Liam passar pelo braço dela com gentileza. Olhei confuso para o meu pai e ele encolheu os ombros como se não quisesse saber, e provavelmente não quer. Afinal rapazes com paixões pela Sara sempre houve. E pela Mariça e pela Angie. Nunca houve uma por mim, mas já me habituei a ideia. E elas também não quererem saber de nenhum rapaz sem ser eu, ajudou bastante em não pensar que nunca tinha beijado ninguém em 17 anos de vida.

"Sara!" Falei vendo que a ação do Liam não tinha feito nada.

"Vou tratar das malas, acordem a princesa. O sol esta quase a nascer. Podemos começar a trabalhar." O meu pai disse, dirigindo-se a parte de trás do carro.

"Eu acordo-a." Liam disse. "Se quiseres, claro." Ele disse meio atrapalhado.

"Na boa, boa sorte com o monstro." Disse a rir.

Abri a porta da Mariça, fazendo com que a cabeça dela mexesse devido ao barulho.

Dei-lhe uma chapada na perna e ela levantou-se logo em posição de ataque.

"És tu chato." Ela reclama, e baixa as mãos. "Podia ter-te queimado." Ela disse esfregando os olhos.

"Não seria a primeira vez."

"Seria a primeira de propósito."

"Acorda, já chegamos." Eu disse e tentei não parecer tão triste ao proferir as próximas palavras. "Bem-vindas a Nova Iorque."

Ela parou de se espreguiçar na hora e olhou-me de olhos bem abertos. Nova Iorque exato. Levantou-se na hora e abraçou-me, correspondi e escondi a cara no seu pescoço.

"Eu não sabia que era aqui." Ela disse. "Não devíamos ter vindo."

"Um dia teríamos de passar por isto. Sofrer e passar."

Olhei para dentro da carrinha e vi a Angie desperta a olhar-me com pena. Fez um beicinho e quase que pensei que ela ia chorar. Levantou-se e juntou-se ao nosso abraço.

ParabataiOnde histórias criam vida. Descubra agora