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Estava cansada. De andar de saltos, de esperar por algo que parecia que não ia acontecer. Olhávamos por cima dos ombros e em todo o lado com medo que ela aparecesse e ao mesmo tempo com esperança que ficasse tudo terminado.

Não aconteceu.

O Louis viu um vulto quando estava com a Sara e seguiu-o, dando com o nariz numa zona sem ninguém. Quem quer que fosse desapareceu. O pessoal dançou ignorante do desespero que existia naqueles que sabiam da situação em questão. A festa estava praticamente a acabar e nenhum de nós tinha paciência de continuar aqui.
Eu já tinha atingido o ponto de desistência máximo que acabei por me sentar num sofá a observar todas as pessoas à minha volta enquanto dançavam e bebiam. Depois comecei a reparar que se começavam a despedir e a agradecer por uma boa festa.

"Como estas?" Rui perguntou enquanto se sentava ao meu lado.

Encolhi os ombros e suspirei de desanimo. Ele deu-me um pequeno sorriso e pegou nos pés descalços e pôs no seu colo. Tive oportunidade de me esticar no sofá e arranjar uma posição confortável de maneira a ficar de frente para ele.

"E tu?" Perguntei.

"Podia estar pior. Por um lado, queria vê-la, por outro não."

"Compreendo." Disse tocando-lhe no braço. "Haverá outras oportunidades."

Ele sorriu e eu sei que estava reconfortado pelas palavras. Encostei-me de novo para trás e fiquei a olhar para o que restava de convidados.

Entre eles os nossos pais. O meu pai estava encostado a um sofá igual a este com Cristina, para variar perdidos num mundo só deles. Dei um sorriso carinhoso, quero ver o meu pai feliz, e das únicas vezes que o vi transbordar felicidade foi nos momentos com a Cristina. Não percebo porque não age.

"Acreditas mesmo no Cody? Ou queres acreditar?" Rui perguntou sério.

"Ambos. Quero acreditar porque ele mexe comigo. E acredito porque o que ele diz faz sentido."

"Sim, mas imagina que ele nos disse aquilo para confiarmos nele. E vai aproveitar uma oportunidade para nos entregar de bandeja."

"Não pensei dessa maneira." Confessei. E senti o meu coração tremer pelo medo disto ser verdade.

"Pode não ser." Ele disse amigável percebendo como fiquei. "É só que estamos a basear a verdade dele nos sentimentos por ti. Quando discutiu contigo há quatro dias."

"Pois discutiu." Concordei. "Mas nunca sentiste um pressentimento que podes confiar em alguém?"

"Sim. Em ti, na Sara e na Angie. Logo na primeira vez."

"E não erraste, pois não?"

"Não." Ele disse calmo. "Há mais. Estive a pensar e tipo já pensaste se houve uma razão porque nos demos logo bem?"

"Porque nos sentimos bem uns com os outros?" Perguntei meia confusa. "Que queres dizer com uma razão?"

"Será que não foi os poderes que nos atraíram para ficar juntos?"

"Impossível. Rui, fui amiga da Sara a vida toda. Prima dela. E da Angie igual, não escolhi a família que nasci."

"Talvez. Bem visto. Era só uma teoria." Ele disse calmamente. "Porque é coincidência há mais nós os quatro com a mesma situação."

"Sim é uma grande coincidência, mas tu próprio disseste. Os teus pais tinham uma grande concentração de sangue de anjo, devido ao teu avô. A Sara é filha de uma relação de parabatai, um laço poderoso e forte. Mágico. O meu pai é metade fada e quem sabe a minha mãe. A Angie é igual, o pai dela pode ter sido fada, sabes que a família Rosales esta bastante ligada às fadas."

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