Pela centésima vez em menos de cinco minutos Louis revira os olhos e larga os papéis que tentava ler, desistindo de manter postura e jogando as costas de qualquer jeito no encontro da cadeira confortável. Sua mãe falava sem parar sobre como seu aniversário estava chegando e, junto com isso, a compra de um ômega para lhe servir.
Não era como se quisesse um, Deus, não!
Ao contrário do que todo mundo parecia pensar, não achava nada normal vender e comprar ômegas com o intuito de torná-los praticamente escravos.
Ômegas não tinham direito de escolha independente de serem ricos ou não. Seriam entregues a alfas de qualquer maneira, a diferença é que os pobres ironicamente valiam dinheiro.
Suspirou fundo antes de falar.
- Mãe, já disse que penso nisso depois.
- Seu aniversário de vinte anos é daqui duas semanas, Louis! Você precisa ler as fichas que dei a você, escolher um deles e comprá-lo, é simples! Por que você tem que dificultar tanto? - ela pôs as mãos na cintura, impaciente.
- Já tenho papéis da empresa o suficiente para ler, na verdade eu nem mesmo quero um servo ômega, já temos empregados demais, não teria diferença.
- É claro que teria, ele seria seu e serviria somente a você. - ela cruzou os braços, as pulseiras caras em seus pulsos tilintando. - Além do mais, sou casada com seu pai a mais de trinta anos e papéis nunca faltaram para ele ler, usar essa desculpa não fará com que eles acabem.
A ômega foi até sua bolsa que descansava em uma das cadeiras do outro lado da mesa do alfa, retirando as tais fichas de lá e as colocando na frente de seu filho.
- Leia, ou eu o farei e escolherei um por conta própria, assim o problema será seu se não gostar do ômega que eu comprar. - ameaçou, pegando a bolsa com cuidado para não estragar as unhas longas e saindo do escritório.
Louis suavemente rosnou, pondo o rosto entre as mãos, exasperado.
Pegou as fichas, umas dez no total, todas juntas por um clipe. Nelas continham as informações dos ômegas que seriam vendidos, desde a cor do cabelo até a numeração de seus calçados, além de uma foto de seu rosto.
O coração do alfa parecia afundar, vendo aqueles rostinhos cabisbaixos, tristes. Olhos sem esperança, cheios de medo do futuro que os aguardava.
Um em especial chamou sua atenção. A foto anexada mostrava o rosto de um ômega com olhos incrivelmente verdes, nariz delicado, lábios cheinhos e cabelos castanhos cacheados que chegavam em seus ombros magros. Ele era lindo, mas parecia prestes a chorar, intimidado pela câmera.
Seu nome era Harry Styles, tinha dezessete anos, e morava praticamente do outro lado da cidade. Era descrito como calmo, gentil, obediente e submisso. Fez careta para aquilo, não achava que obediência e submissão deviam ser consideradas qualidades e listadas em alguém.
Seu preço era alto, talvez seus pais precisassem de muito dinheiro e logo, já que nas anotações constavam que dariam preferência as ofertas que aparecessem primeiro.
Separou aquela ficha das outras, sua mãe sempre dizia que era rápido em tomar escolhas e que ia direto em seus objetivos. Não queria essa habilidade nessa situação, mas se sentia tão sem escolhas quanto aqueles ômegas.
∆∆
- Eu já escolhi. - Louis se pronunciou, chamando a atenção de todos.
Ele, seus pais e suas irmãs mais novas estavam sentados envolta da mesa de jantar, cada um comendo sua refeição calmamente.
- Bom, qual deles? - sua mãe perguntou enquanto tomava um gole de água.
- Harry Styles.
- Foi um dos que achei melhor, na ficha diz que ele cozinha, lava, passa e limpa bem. - ela comentou, voltando a comer.
- Estão falando sobre os ômegas? - Mark, seu pai, perguntou.
- Sim, pretendo realizarar a compra amanhã.
- Ótimo.
O silêncio continuou por um tempo, até Phoebe, uma de suas irmãs, quebrá-lo.
- Seu ômega é bonito, Lou?
- Nós vamos poder brincar com ele? - Daisy completou a pergunta de sua gêmea.
As meninas tinham dez anos, e além delas Louis ainda tinha mais duas irmãs. Uma de dezenove, chamada Charlotte, ômega que tinha ido morar com seu alfa a pouco mais de dois anos, e Felicité, de dezoito, também ômega e já casada com um alfa também.
- Sim, ele é bonito. - respondeu limpando a boca com um guardanapo. - E acho que não teria problema vocês brincarem com ele. - terminou e elas sorriram animadas.
- Apenas quando ele não estiver ocupado lhe servindo, Louis. - sua mãe falou, e o alfa segurou um suspiro.
- Vou me retirar, amanhã acordarei cedo. Com licença. - pediu e quando seu pai acenou com a cabeça se levantou, subindo para seu quarto.
Amanhã seria um longo dia.
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Poor Omega
RandomNão permito mais adaptações, obrigada por entenderem! Uma sociedade onde ômegas de famílias ricas possuem um futuro planejado, com bons alfas. Porém, ômegas pobres são vendidos como "animais" e "brinquedos" para a alta sociedade. Harry Styles era um...