Inocente Demetria

Capítulo 31

Mansão Lovato, Dallas, TX

Demetria olhava Joseph dormir e acariciou repetidamente os cabelos desgrenhados. Eram sete da manhã e a luz do sol já invadia o quarto, permitindo que ela enxergasse melhor cada traço do rosto dele. Estava tenso, cansado, mas no fundo ela sabia que havia algo mais. Não se esquecia de como ele a agarrou possessivamente. Como poderia? Achou estranha aquela atitude. Sabia que Joseph era possessivo por natureza, conhecia os medos dele, mas daquela vez era diferente. Algo lhe dizia isso.

— Está pensativa demais. — Sussurrou Joseph depois de encará-la por breves momentos. Demetria olhou-o e sorriu. Tinha a cara amassada e os olhos semi abertos. A visão de Joseph acordando era encantadora. Pelo menos para ela. — Está tudo bem? — Perguntou vendo que ela o olhava sem dizer nada.

— Sim, está. — Confirmou mesmo não tendo a certeza.

— Ótimo. — Disse olhando-a duvidoso.

— Dormiu bem? — Perguntou Demetria beijando-o brevemente.

— Sim. — Respondeu sorrindo fraco.

Que conversa estranha era aquela? Que clima tenso era aquele? Demetria não sabia o que estava acontecendo, mas tudo estava estranho demais. Os diálogos entre eles estavam demasiado automáticos e ela não gostou disso. Normalmente ele acordava e logo a agarrava, ou vice-versa. Desta vez não era assim. O que estava diferente?

— Tenho que ir tomar banho. — Disse suspirando desgostosa por ter que sair da cama. — Preciso me arrumar. — Joseph assentiu e massageou as têmporas. Gesto rotineiro.

Demetria levantou-se e caminhou lentamente até ao banheiro do quarto. Olhou-se ao espelho e suspirou. Agora ela tinha a certeza de que havia algo estranho acontecendo. Joseph sempre se oferecia para tomar banho com ela e na maior parte das vezes nem ela, nem ele, precisava dizer alguma coisa. Ele apenas a acompanhava e ela não reclamava por tê-lo perto. Sempre trocavam carinhos, faziam amor ou apenas brincavam por coisas idiotas como dois adolescentes. Às vezes ficavam em silêncio, mas era um silêncio confortável. Desta vez não era o caso. Desde que tinham oficializado o namoro, Demetria nunca notara uma tensão tão grande entre eles. Não deste jeito. Era quase... Constrangedor.

Percebendo que ainda estava parada em frente ao espelho, Demetria apressou-se a despir a camisa amassada e entrou para baixo do chuveiro. O fato de que havia alguma coisa estranha entre eles, não deixava sua mente, mas ela resolveu esperar para ver o que realmente estava acontecendo. Já conhecia bastante Joseph para saber que se o confronta-se não teria uma resposta válida, por isso, esperar era a melhor opção naquele momento.

Quando terminou, saiu do chuveiro e olhou-se ao espelho novamente. Viu as marcas da noite anterior agora mais nítidas em sua pele. Os dedos de Joseph marcados em sua cintura e os chupões em seu pescoço e colo. Não queria que Joseph a visse assim. Enrolando a toalha firmemente contra o corpo, Demetria pegou numa menor e começou a secar os cabelos apenas até ficarem úmidos. Voltando para o quarto viu que Joseph mexia no celular e viu-o branco feito papel. Estranhou aquilo e ficou curiosa para saber o que tanto o incomodava. Queria perguntar o que estava acontecendo. Depois de se vestir no closet, caminhou de volta ao quarto e desta vez encontrou-o completamente vestido, pegando as chaves do carro e a carteira.

— Vai embora? — Perguntou desapontada.

— Tenho que passar em casa antes de ir trabalhar. — Explicou sério.

— Tudo bem. — Concordou com a voz baixa.

Joseph aproximou-se e beijou-a rapidamente, um breve selinho. Em seguida virou as costas e partiu sem dizer nada. Demetria sentiu uma pontada no peito com a repentina frieza que ele usara e sentiu os olhos lacrimejarem. O que raio estava acontecendo? Suspirou e fechou os olhos com força. Não choraria, não gritaria e não iria pedir explicações. Era Joseph quem tinha que as dar de livre vontade daquela vez. Ela não iria tentar arrancar nem uma palavra dele. Não desta vez. Fosse o que fosse, era ele quem tinha que falar. Ela só teria que saber lidar com isso.