*Changbin pov*
Lá estava eu na sala de aula em plena crise de pânico, e para o conforto da minha ansiedade a cartela de comprimidos que eu levava para a escola havia acabado. Eu não sabia o que fazer, não queria ter um colapso ali na frente de todos, mas não podia mais ficar na sala. Pedi para o professor permissão para sair da sala de aula com a desculpa de que não estava me sentindo muito bem, o mesmo me concedeu, mas com a condição de que a representante de classe me acompanhasse até a enfermaria. Ótimo; Não é que eu tenha algo contra ela, na verdade somos muito parecidos. Ela também usa as pílulas azuis, veste roupas pretas e não é muito de socializar, a diferença é que ela é mais esforçada do que eu. Sai da sala com a S/n logo atrás de mim, a mesma me alcançou e quando ficou ao meu lado me estendeu um comprimido amarelo e preto. Eu já conhecia aquele medicamento, peguei e fui para um dos bebedouros do corredor, engoli o remédio e respirei fundo e me apoiei na parede. S/n me olhava parecendo preocupada.
-Está tudo bem. -Tranquilizei ela. Ela ergueu uma sobrancelha. -Sério. -Sorri para ela. Espera, por que eu sorri? Aish pabo!
-Você ainda quer voltar para a sala? -Ela me perguntou ainda se mostrando preocupada. -Posso arranjar uma permissão se quiser. -Suspirei alto. Eu realmente queria sair dali. Precisava sair dali.
-Só quero sair daqui. -Falei para ela, que sorriu breve, logo ela segurou minha mão e me levou a enfermaria.
Quando chegamos lá ela soltou minha mão e fez sinal pra que eu sentasse na poltrona, ela adentrou mais o lugar procurando a enfermeira. Eu estava uma pilha de nervos e aquele remédio não fazia efeito nunca, eu sabia que o efeito era demorado, mas o tempo parecia infinito. Ela logo voltou com a autorização e a balançou sorrindo em frente ao seu rosto, sorri de lado e levantei já saindo da lugar e andando apressado até a sala. Ela entregou o papel para o professor, arrumou seu material e estava me esperando já na porta da sala. Fui de encontro a ela, que pegou minha bolsa e foi até o armário dela, ela guardou minhas coisas e as dela ali dentro. A agradeci mentalmente por seu ato. Ela veio para meu lado e segurou minha mão, saímos assim da escola, de mãos dadas, ela fazia carinho em minha mão com o polegar e hora ou outra afagava meu cabelo com sua mão livre. Eu não fazia ideia de como ela sabia que aquelas coisas me acalmavam mas, não ousei dizer nada, estávamos andando por um caminho desconhecido por mim até pararmos em frente a um lugar e ela me perguntar:
-Você gosta de sorvete? -Balancei a cabeça e então entramos no lugar. Era bem aconchegante, tinha estilo de lanchonete americana, com aqueles sofás e mesas no centro. -Qual sabor você gosta?
-Morango. -Falei para ela que rapidamente fez os pedidos, logo me entregando um cascão com calda de chocolate e confeitos coloridos, e ela segurava uma simples casquinha de blue ice.
Nós fomos até um dos sofás e nos sentamos lá, soltamos as mãos. Eu já me sentia mais calmo e conseguia manter melhor a respiração. A S/n terminou seu sorvete e logo colocou a mão em meu cabelo me fazendo carinho, sem que eu percebesse já havia deitado minha cabeça sobre seu ombro e terminado meu sorvete também. Aos poucos as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, a S/n limpava cada uma delas com sua mão livre, ela então me afastou e se virou de frente para mim. A princípio pensei que a mesma fosse me dar um safanão e me estapear, mas ela apenas me abraçou e continuou o carinho em meu cabelo durante o abraço. Depois de alguns segundos me estabilizei e a abracei de volta em quanto a agradecia. Ela me afastou e segurou minhas mãos.
-Changbin, eu sei exatamente o que é isso, já passei pelas mesmas coisas, e ainda passo, não tem que me agradecer, eu me sinto bem se posso ajudar as pessoas. -Ela sorriu para mim. -Sempre que precisar de mim, é só me pedir um sorvete.
Passamos o resto do dia juntos andando pela cidade, e assim foi até o fim do ano letivo. Ela era uma garota fantástica, não fazia sentido ela usar as pílulas azuis, eu vi que a ansiedade era realmente um fator muito presente na vida dela, mas depressão?
Não fazia sentido, não até vê-la no chão de seu quarto, uma bagunça de papéis, choro e soluços. Eu também queria ajudá-la. Nós íamos nos dar bem, íamos sair dessa, era o que eu achava até não encontrá-la na escola semana seguinte, depois de dois dias sem aparecer fui até sua casa e ela não estava lá. Na verdade, a família dela tinha se mudado, ninguém da escola me forneceu informações. Ela tinha sumido da face do mundo.
Atualmente sou um escritor e bem sucedido, aliás, e por mais que as coisas deem certo na minha vida não consigo esquece-la, ela pode ter se apagado do mundo, mas não da minha memória. As pessoas disseram que o pior pode ter acontecido, mas não acredito nisso, não quero e não vou acreditar nisso. Porém a dúvida me faz pensar que a qualquer instante meu agente vai aparecer na porta do meu escritório dizendo que uma garota chamada S/n quer falar comigo. Falando nele.
-Ainda está procurando por essa garota? -Ele perguntou olhando o search do meu google. -Você sabe que ela pode ter...
-Eu sei o que pode ter acontecido. -O interrompi. -Mas não vou deixar de procura-la até ter certeza do que aconteceu.
Seungmin suspirou e saiu da minha sala. Eu me voltei para a janela e olhei a chuva serena que caia do lado de fora. Ela gostava de andar na chuva assim. Seungmin entrou no meu escritório depois de um tempo, com os olhos arregalados, ele estava pálido e tremendo. Tinha um envelope em sua mão. Ele estendeu para mim o envelope e o li:
De: S/n.
Para: Binnie.
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Oi gentew!
Tudo bem? Não tenho considerações sobre esse imagine, apenas boa noite, e me desculpe pelos erros.
Bjos.
😘😘😘😘😘
