Capítulo Nove

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DAENERYS TARGARYEN III

Haviam lhe dito que aquele era os aposentos do Rei, ou no caso de sua última ocupantes, Rainha. Fora o quarto de seu pai, assim como de Robert Baratheon, os bastardos Lannister, Joffrey e Tommem, e também de Cersei, assim como de tantos reis e rainhas Targaryen antes de todos eles. O primeiro pensamento ao olhar para a cama de dossel fora que o ursupador deveria ter trocado os colchões, e por mais tolo que fosse, essa fora sua primeira ordem como Rainha. Não queria o corpo de Jon onde nenhum daqueles que roubaram o que deveria ter sido deles desde o início haviam se deitado. Não, ela o manteria o mais puro que pudesse.

Sabia que deveria estar lá fora, cuidando do povo que acabara de acolher como seu, mas não podia. Sansa cuidaria de tudo, havia lhe pedido para distribuir comida e se certificar que todos teriam um teto para dormir. Cersei havia destruído metade da cidade, muitas casas haviam sido perdidas, inocentes haviam morrido, muitos pelo que ouvira e presenciara com as explosões de fogo vivo, mas esse mesmo sangue não estava em suas mãos. Era bom saber, mas não queria pensar nisso naquele momento.

Estava de pé no meio do quarto há horas, não sabia quantas, mas não conseguia se aproximar dele, assim como não conseguia chorar, pelo menos não ainda. Aquele momento que soube da morte dele não saia de sua cabeça. A luta acabara, os resistentes estavam mortos, então ela desmontou em frente as portas da Fortaleza Vermelha, o povo que Cersei acolhera para usar de escudo tremeu ao ver Drogon de tão perto, mas ela sorriu e os disse que nada tinham a temer, jurou que ela e nenhum dos seus estava ali para os fazer mal. Isso pareceu os aliviar, já que seu dragão estava imóvel onde o deixara e o sorriso que tinha no rosto era tão condescendente.

Quando entrou na sala do trono, não teve tempo de se admirar com o trono de ferro, feito com as mil espadas dos inimigos que pereceram a Aegon, o Conquistador. A história estava em sua cabeça, Viserys havia a contado tantas vezes... Mas o que desviara sua atenção fora Arya Stark, que deixava um rastro de sangue enquanto arrastava o corpo de Cersei até a frente do trono. Ela tinha Garralonga em mãos - não que tivesse notado isso no momento - e a ergueu alto antes de decapitar a Lannister, fora necessário três ou quatro golpes, e quando Dany se aproximou para a acalmar, ela gritara em sua cara que Jon estava morto.

Tudo o que acontecera depois disso não passava de borrões em sua mente. Ela havia deixado a Fortaleza Vermelha desnorteada, e Sansa chegava a cavalo, a nortenha não precisou de corpo ou palavras, ela viu a verdade no olhar de Dany. Se não fosse por ela, provavelmente teria montado em Drogon e ido para o mais longe que pudesse, mas Sansa não permitiu, ela desmontou e a levou de volta para dentro, dando ordens para que não deixassem ninguém entrar e que o corpo de Jon fosse levado até elas.

Havia ficado encarando o trono por todo o tempo, alheia ao choro de Arya, que continuava massacrando o corpo de Cersei, ou ao choque de Sansa com tudo o que acontecia. Pela primeira vez o trono de ferro estava ali, ao seu alcance, mas como se fosse uma criança que só desejava algo até o ter, Dany descobriu que não o queria. Não queria se sentar ali, não queria uma coroa, não queria governar os sete reinos. Queria voltar para casa, a de Bravos ou Tyrosh, a casa da porta vermelha, com o limoeiro de frente a janela de seu quarto. Queria Sor Willem a chamando de pequena princesa. Queria Rhaegal e Viserion. Queria Jon.

O trono de ferro a parecia uma baita decepção.

- Vossa Graça ? - A voz de Kinvara a dispertou, e ela sentiu o corpo doer. Quanto tempo estava ali, parada ? Deveria ser um longo tempo, já que a sacerdotisa havia chegado de Dragonstone. - Em que posso ajudar ?

- Traga-o de volta.

Kinvara a olhou com curiosidade e um pouco de temor.

- Eu não posso.

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