Mais Besteiras Existencialistas

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Não sei com certeza o que sou, mas acho que sou uma pessoa doente. Infectada por uma doença desconhecida que contamina o pensamento. Nada sinto, nunca senti, nada. Das emoções só conheço o nome e o que me foi descrito pelos livros que li.

Ideias corrosivas me atormentam. Obsessores estranhos, meu cérebro está contaminado por uma série de parasitas, que devoram a mim em momentos de ócio.

Sou assim, sempre fui assim e começo a pensar que serei assim para sempre: compulsivo à minha maneira, corrosivo à minha maneira, deslocado à minha maneira, assim.

Começo a passear pelos jardins descuidados da minha mente, indo cada vez mais fundo, olhando coisas que supostamente não deveriam estar ali, presenciando episódios gratuitos e sem sentido.

Lagartos de saia, bonecas de porcelana, sol de óculos escuros, piscinas de bolinhas, pessoas sendo levadas para passear por seus cachorros, caminhos invertidos. Mais para frente: fantasias estranhas, becos obscuros, poços profundos onde a luz não alcança, céus corrompidos e corrompedores de inocências, devaneios infinitos, sem fim, assim.

Com cada pensamento estranho vem o questionamento: quem sou? Sou uma pessoa ruim? Que tipo de ser humano sou eu, se eu for sequer humano?

Sou assim tão desprezível? Tão errado? Tão imoral?

Começo a pensar que não existe bem ou mal, certo ou errado, preto e branco. A alma é cinza. Se essa conclusão for verdadeira, ainda existem esperanças para a minha alma...

Dilemas, Problemas e Caixas - um livro estranho sobre qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora