Era uma vez, em uma cidade grande e distante, uma jovem menina. Essa menina, entre todos os passatempos que se pode imaginar, escolheu colecionar caixas. Isso aconteceu em um dia qualquer, ao acaso, durante um passeio pela cidade: ela notou como os seres humanos produzem diversos objetos e que vários objetos são feitos com uma caixa para serem guardados, mas, enquanto os objetos são preservados, muitas caixas eram desprezadas e jogadas fora. Ela decidiu que ia acolher todo tipo de caixa.
Grandes e pequenas, velhas e novas, com tampa e sem tampa, montanhas de caixas se formavam na casa da menina. Mas, pobres caixas! Estavam vazias! Isso as deixava verdadeiramente tristes... Para alegrar as caixas, a menina começou a colocar coisas dentro delas.
Começou guardando risos. Risos, gargalhadas, sorrisos, todo tipo de riso era guardado nas caixas. Mas haviam caixas demais! Era impossível colocar risos em todas elas. Então a menina decidiu colocar também as lágrimas: choro, pranto, lágrimas e tristezas agora também eram armazenados, cada um em uma caixa diferente.
Porém... Ela recolhia cada vez mais caixas para sua coleção e conforme a coleção aumentava, mais ela precisava de risos e lágrimas. Decidiu que nas caixas ia colocar também seus sonhos: todos os seus sonhos, devaneios, desejos e pedidos, tudo ia parar naquelas caixas.
Até que... O espaço na casa da menina acabou. Um certo dia, já não havia mais lugar para nenhuma caixa, riso, lágrimas ou sonhos dentro da casa da menina. Mas, mesmo assim, ela não queria parar de colecionar caixas: continuou recolhendo mais e mais exemplares para sua coleção. A casa foi ficando apertada, apertada, tão apertada que já não havia mais espaço para a menina lá dentro!
De colecionadora, se transformou em acumuladora compulsiva.
E sufocou, em um mar de caixas, risos, lágrimas e sonhos.
Fim!
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Dilemas, Problemas e Caixas - um livro estranho sobre qualquer coisa
RastgeleEste não é um livro comum. ................. Estou convidando você para um passeio: Juntos, vamos explorar a mente humana, lugares mal iluminados, as canecas vazias, os dias de chuva; vamos entrar em paradoxos, nos contradizer e discutir sobre caixa...