Sou uma menina feita de memórias.
Memórias sussurrantes que mais ninguém ouve.
Como o uivar do vento, numa tempestade perfeita.
As memórias vem e vão como ondas, fortíssimas...
Tem dias nos quais sinto que estou me afogando
Eu tento manter a cabeça acima d'água pra respirar
Eu queria simplesmente poder esquecer tudo isso
Parece que quando me sinto um pouco melhor
Alguém diz alguma coisa que dispara o gatilho
E vem então a inundação de lembranças de tempos pretéritos que ficaram marcados como ferro ardente na pele.
______________________________________________________Memórias me fazem rir.
Memórias me fazem chorar.
Memórias não me deixam esquecer.
Memórias estão me assombrando.
Memórias obscuras dentro do furacão.
Memórias que me trazem vergonha e medo.
Memórias impregnadas em cada osso do corpo.
Abaixo da superfície, invisíveis aos olhos.
______________________________________________________Eu sei que você, em algum momento, é visitado por lembranças que te tiram o fôlego e te deixam no chão.
Ninguém está isento, não há como fugir, é de lei.
Eu não quero mais vagar e me perder por este limbo
Socorro, alguém me tira daqui, pra onde estou indo?
Moço? Moça? Vovó? Amiga? Ah, meus amores!
Vieram me visitar hoje? Aceitam uma xícara de chá?
Mamãe? É você que está aí? Sai do batente da porta, entre aqui, preparei uns biscoitos para você e tem o doce que você costumava comprar pra mim na infância
Aquele em formato de coração, lembra-se? Eu amava!
______________________________________________________Os monstros estão vindo... Onde devo me esconder?
Onde posso simplesmente me deitar e não ouvir nada?
Não há remédio para as memórias, são inevitáveis.
Um parque, um show, sua mão na minha, o eclipse mais bonito, o dia que você se foi, o primeiro amor, o primeiro corte, a primeira bebida, o primeiro dia no trabalho, o primeiro telefone celular, tudo aqui dentro
Nada consegue silenciar esse barulho na minha mente.
Lampejos de uma vida inteira que ainda não acabou.
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Tudo aquilo que não foi dito
PoesíaA poesia de uma jovem amargurada, impopular, com múltiplas personalidades e paranóias. Em cada poema há um pouco da minha dor, essa é a minha voz, mesmo que queiram ainda me silenciar. Para todos que estejam dispostos: Tudo Aquilo que não foi dito...