Capítulo - 04 Spencer.

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Faz exatamente duas semanas e dois dias desde que encontrei Lucy, e ainda consigo lembrar com detalhes desse encontro doloroso. Assisti-la dançando foi como se eu estivesse revivendo a primeira vez, em que a conheci, o modo como seu corpo se mexia ao som da música, o olhar sensual que ela dava ao público, me perdi por um instante na forma como ela engatinhou pelo palco até levar sua mão ao seu sutiã, nesse momento despertei e o ciúme me dominou por completo. Callum, ao meu lado, não estava assistindo ao show, ele estava em seu celular e eu o agradeci mentalmente por isso. Quando Lucy encontrou o meu olhar, eu não consegui me segurar, puxei minha máscara deixando que ela visse meu rosto e todo o ciúme que sentia, bem como a raiva e a dor da traição dela em meus olhos.

Sua reação foi exatamente como imaginei dezenas de vezes, ela fugiu de mim, correu do palco e eu não consegui ficar mais ali, eu precisava falar com ela, para que ao menos me desse uma explicação por ter me abandonado e me traído. Avisei o Callum de que precisava falar com alguém e fui para fora do clube. Esperei que ela aparecesse, então eu a confrontei. Eu não esperava ver lágrimas em seus olhos, ela não devia estar chorando, não devia agir como se estivesse triste e infeliz, como se eu fosse o monstro da história.

Deixei a raiva me dominar naquele momento, e fiz, rudemente, as perguntas para as quais eu tanto precisava de respostas, mas ela não me disse nada, apenas me lançou um olhar triste e fugiu, mais uma vez, me deixando ainda mais ferido, e consciente de que continuo amando-a com todo o meu coração.

Eu deveria odiá-la, desprezar esse sentimento, mas não consigo.... Naquela noite eu prometi a mim mesmo que não voltaria a procurá-la, que a deixaria em paz e que seguiria meu caminho, mas no dia seguinte eu não conseguia parar a lembrança da expressão de tristeza nos olhos dela, como se quisesse me dizer alguma coisa, mas não pudesse, memória que voltava, incessantemente, a cada momento.

Por mais que eu desejasse a negação, me dizendo que eu não iria atrás dela, depois que saí do trabalho, me vi entrando em meu carro e dirigindo até o maldito clube em que ela trabalhava. Parei o carro, e fiquei  ali dentro, xingando a mim mesmo pela decisão estúpida de ir atrás dela. Era mais cedo que o início das atividades do clube, ela possivelmente ainda não teria chegado, então, quando entrei, tentei conversar com algumas garotas, suas colegas de trabalho, perguntando por ela, e todas me deram basicamente a mesma resposta, dizendo não a conhecer direito, mas que Poppy é a melhor amiga dela.

Procurei por essa amiga dela, Poppy, que veio conversar comigo quando eu estava no bar, então lhe perguntei: “ – Onde posso encontrar a Lucy? ” A resposta dela não foi a que eu esperava. Ela pediu uma bebida, deixou-a intocada no balcão, enquanto eu lhe explicava quem eu era e que precisava falar com a Lucy urgentemente. Recebi um banho com a bebida, em meu rosto e colo, ofertado, de modo frio e certeiro, por uma Poppy muito brava, que me disse, em seguida...

— Eu sei quem você é. Deixe a minha amiga em paz!

— OK. Eu posso falar a sua língua.... Quanto você quer para entregar o endereço dela? – Perguntei enquanto tirava a minha carteira do bolso, mas ela bateu em minha mão, derrubando-a no chão, entre nós dois.

— Eu não vou vender minha amiga! Agora eu vou te dar dois avisos: Primeiro - pega a porra do seu dinheiro e vai embora daqui! E segundo - fala para aquela cobra, que é a sua mãe, que se ela aparecer atrás da Lucy, de novo, a ameaçando por sua causa, eu vou dar cabo da cara enrugada dela, sem dó nem piedade!

Então ela se afastou. Eu peguei minha carteira, no chão, e fui embora intrigado, confuso e com raiva, me perguntando o que diabos minha mãe poderia ter com a fuga de Lucy? Tudo o que eu sabia foi o que minha própria mãe me disse, que havia investigado Lucy e descoberto que ela estava me traindo. Nem uma palavra sobre haver ameaçado a Lucy.

Volte Para Mim. #Conto (Completo.)Onde histórias criam vida. Descubra agora