Tarde demais

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Na foto acima, sem data, a fachada da frente do Hospital Pronto Socorro do Brasil, o qual seria renomeado mais tarde para Hospital Souza Aguiar em homenagem ao prefeito Marcelino de Souza Aguiar seu fundador

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Na foto acima, sem data, a fachada da frente do Hospital Pronto Socorro do Brasil, o qual seria renomeado mais tarde para Hospital Souza Aguiar em homenagem ao prefeito Marcelino de Souza Aguiar seu fundador.

A sua frente Maria Antonieta fechava o livro bruscamente a fim de chamar a atenção de Lorenzo e conseguiu, uma vez que, esse voltou seu olhar a ela.

- Estou entediada! – confidenciou-lhe a jovem que parecia pronta para uma nova sessão de escrutínio.

- Acredito que não posso ajudá-la. – respondeu Lorenzo de forma um pouco rude.

- Eh... – ela se aproximou dele.

O que fez com que Lorenzo não soubesse como reagir a aquilo, a sua frente estava uma mulher de beleza inquestionável e que desde que a viu a desejou. Contudo, ele não sabia como lidar com ela e tratou apenas de se defender.

- Volte para o seu livro! É o melhor que pode fazer nesse momento. Uma boa leitura alivia uma mente desocupada.

- E como sabe que se trata de uma boa leitura? – disse lhe fazendo um olhar sarcástico, mal sabia que Lorenzo odiava aquele tipo de coisa ou talvez desconfiasse e por isso o fazia apenas para provocá-lo.

- Porque eu já o li. – afastou seu olhar daquele belo rosto.

- É? Então... o que estou lendo? – perguntou Maria Antonieta a fim de verificar se ele não estaria blefando.

- Tolstoi, a morte de Ivan Ilitch.

Realmente ele estava certo e a sua leitura era a apontada, no entanto, ela pegara apenas por indicação sem conhecer o autor russo, na verdade, nem sabia quem era, ficara sabendo apenas sua nacionalidade quando começou a lê-lo.

- Conhece a língua francesa? Um italiano que fala francês? Peculiar, não achas?

- Eu não falo, você que concluiu assim, apenas leio, li muitos livros de medicina e muitos desses em francês, logo aprendi a ler , porém não sei a pronúncia correta.

- Posso ensiná-lo. – disse a garota novamente o provocando.

- Por qual motivo o faria?

- Por vários motivos, não gostaria de conversar comigo em francês?

- Gostaria de conversar com várias pessoas novamente, porém não sei se você estaria entre elas.

Em sua mente estava o seu melhor amigo, Giuseppe, aquele que assumiria o seu nome, e ainda o arrependimento de não ter ido atrás dele, quem sabe, se no momento que percebeu a sua falta tivesse corrido atrás dele! Será que poderia ter evitado a sua morte? Uma pergunta que nunca saberá a resposta, apenas incertezas, já que não foi o que fez, naquela noite estava interessado em Laura e ao retornar para pensão que dividia com Giuseppe, talvez se tivesse se apressado e deixado de lado os afagos e corrido para pensão! Quem sabe se por apenas alguns segundos tivesse chegado antes, bastava ter apurado o passo, e quando entrara ter ido direto ao seu quarto, será? Daria tempo? Conseguiria salvar a vida do seu amigo? Ao chegar na pensão Lorenzo escutou o estampido de um tiro, correra em direção ao quarto do amigo e encontrara ele caído agonizando, de imediato tentou reanima-lo, estancar a hemorragia, mas nada que tentasse foi o suficiente, era tarde demais, a bala atravessara o seu coração e apenas assistiu uma morte agoniante, viu seus olhos arregalados, a voz que não saia, apenas grunhidos de dor, enquanto morria. Naquele dia sentiu o tempo parar, queria poder ter evitado a sua morte, uma pessoa boa, um coração puro, uma vida solitária, uma morte precoce, de um jovem que tinha uma vida inteira pela frente. Mais uma vez, tarde demais, não existe solução para morte, não tem como voltar atrás, nem como reviver aquele que já morreu, uma vida perdida, chances desconhecidas, no fundo apenas a dor de quem fica e sabe lá de quem vai, pois as fronteiras que se cruza é coberta de incertezas, ninguém sabe ao certo, apenas quando é tarde demais! Su melhor amigo, nem ao menos lhe disse que eram primos como será que Giuseppe reagiria aquilo? Nunca saberia. Não foi fácil para Lorenzo sentir a dor da perda mesmo não sendo primeira, e sim pela segunda vez, já que outrora perdera sua mãe e por agora quem considerava ser o seu irmão.

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