A Recepção

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Na foto acima, sem data, podemos ter uma ideia de como eram as ruas da cidade de Ponta Grossa nos primórdios de 1900

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Na foto acima, sem data, podemos ter uma ideia de como eram as ruas da cidade de Ponta Grossa nos primórdios de 1900.

O jovem médico ainda remoía a cena que acontecera a poucos minutos, na qual teve seu rosto beijado pelo seu maior inimigo; tentava aplacar a sua raiva socando o colchão que sustentava suas costas cansadas, porém não adiantava, estava dominado por um sentimento de raiva e desgosto, ficara sem reação, sem dizer uma única palavra, enquanto por dentro sua alma gritava alucinada, agora seu peito estava tomado por uma dor e a sua cabeça por uma forte pressão que dificultava o seu raciocínio, não conseguia se quer respirar direito e não demorou para ter o rosto inundado por lágrimas e por isso chorou, chorou e chorou, talvez tenha chorado mais apenas no dia em que sua mãe morrera, porém nessa data ainda era garoto e agora era homem feito que mesmo assim chorava como fosse uma criança, quando se deu conta disso foi tomado pela vergonha, o que o fez se xingar e se agredir inúmeras vezes, novamente se lembrara da cena e depois que ele fora o culpado da morte de sua mãe como também da de Giuseppe, parecia estar preso num ciclo de dor infinito, por mais que tentasse se controlar o simples fato de lembrar de sua mãe fazia que voltasse a chorar, pelo menos o choro no final parece ter aliviado a dor e sem perceber, tomado pelo cansaço, caiu no sono. Antes de ficar recluso naquele quarto, Lorenzo fora levado para dentro pelos pais de Giuseppe, os dois falavam sem parar, estavam em êxtase pelo suposto retorno de seu filho, ainda o cobriam de perguntas das quais nem davam oportunidade para que pudesse responde-las, apesar que duvido muito que conseguisse pensar em alguma resposta para elas naquele momento, pois estava completamente atordoado e no máximo gaguejava alguma coisa sem sentido.

Lorenzo achara que havia se preparado para tal encontro, mas descobrira que não, seu maior medo era que o desmascarassem assim que o vissem, tratava-se de uma possibilidade, pequena diga-se de passagem, uma vez que, os pais de Giuseppe a muito tempo não viam seu filho, refiro-me ao verdadeiro Giuseppe e não ao seu usurpador, o viam apenas pelas fotos borradas que um dia lhe enviara, além do mais Giuseppe e Lorenzo eram assustadoramente parecidos, tanto é que a própria Nina confundira os dois, sendo que se alguém dissessem que eram irmãos ninguém duvidaria. Lorenzo apenas cometera um erro, que foi de ter embarcando em São Paulo em vez de o ter feito no Rio de Janeiro, fora para São Paulo a fim de se despedir de sua vozinha, a qual estava com saudades e por lá ficou por três semanas antes de enfim partir. A sua mãe de criação notou que havia algo de errado com o jovem médico, estava agitado demais para quem deveria estar calmo, tranquilo e sereno, algo difícil de entender para quem estava com a vida ganha. Outra coisa que se esforçava em compreender era por qual motivo ele resolvera tentar a vida no sul do país, já que tinha emprego garantido no Rio de Janeiro ou mesmo em São Paulo, claro que preferia que ficasse junto dela, em São Paulo, chegando a lhe confidenciar esse fato, contudo ele parecia decidido a fazer algo que ela não sabia o que era, mas que deveria ser importante para ele e por isso apenas aceitou sua decisão como qualquer mãe amorosa o faria. Lorenzo se sentia mal por abandonar a mulher que lhe adotara e cuidara como filho dela fosse e por isso se colocara de joelhos antes e ficara beijando suas mãos ao anunciar sua decisão final e por fim dissera que logo voltaria para junto dela, a cena tocou o coração da senhorinha e até encheu os seus olhos de lágrimas como seu peito de orgulho. Ainda o acompanhou a estação a fim de vê-lo embarcar, alguém poderia tê-la a visto e alguém realmente vira os dois se despedirem, ela mesmo, Maria Antonieta.

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