Fazia uma semana. As dúvidas só aumentaram, juntamente com as frustrações. Ginnifer estava quase arrancando seus cabelos e a gritaria da cozinheira chefe não ajudava. O francês estava melhorando, mas ainda não sabiam seu nome, de onde vinha e o que estava fazendo ali.
_Se queimar o pão de novo, vai ir procurar emprego em outro lugar! – sra. Trumpet berrou –
_Desculpe, senhora.
_Desculpas não vão ajudá-lo.
O jantar estava no fim. A última bandeja acabara de sair e Ginny quase chorou de alegria. Tia Bell e ela saíram do castelo, tomando o rumo de casa. Tio George estava cochilando em sua cadeira e o estranho encarava o fogo.
_George! – Bell ralhou – Acorde.
_Bell, querida. Sempre suave.
_O jantar está pronto? Estou com fome. Ginnifer, mais um dia de gritaria e eu voarei nos cabelos daquela "senhora".
Ginny riu consigo. Era impossível que sua Tia Mirabella voasse em alguém, o que dirá na mulher que mantinha refém seu sustento. Levantou o olhar e encontrou o francês a encarando, os olhos verdes perderam o brilho febril, mas continuavam estranhamente vívidos.
_O que?
_Minha irmã. – ele testou – Pares tu.
_"Pares tu"? Parece comigo?
_Oui. Égal.
_Hm... Okay, não sei o que isso significa.
Ele fez alguns gestos, tentando ser entendido pelas mímicas. Apontou para o rosto de Ginny e fez o sinal do número dois com os dedos.
_Eu, duas vezes? O que isso quer dizer? Gêmeos?
O francês suspirou, frustrado. Eles teriam de aprender a língua um do outro ou isso não iria funcionar. Ocorreu a Ginnifer que, até o presente momento, ela nada sabia de seu paciente e isso incluía seu nome.
_Você tem um nome? Por Deus, é claro que tem. Deixe-me reformular. Qual é seu nome? Eu sou a Ginnifer. – e apontou para si – Você é?
_Maximilliam.
_Não é um nome muito francês. Quer dizer, é latino. Bom, talvez possa ser meio francês.
O estranho, Maximilliam, encarava Ginnifer com uma expressão de troça. Ela poderia estar irritada, mas era bom ver que ele não iria morrer mais.
_Então, Maximilliam, tenho uma proposta.
_Proposition?
_Oui. Sim. Proponho que nós ensinemos nossas línguas um ao outro.
Tio George soltou um risinho abafado, claramente descrente no sucesso daquela ideia. Eles não conseguiam nem se entender, o que dirá ensinar línguas tão diferentes um ao outro.
_Obrigada, tio, por seu ponto de vista.
_Merci. – falou o paciente –
Ginnifer olhou para ele. Aquilo parecia querer dizer que ele concordava com a ideia.
_Bom, minha sobrinha, imagino que serão dias interessantes esses. Por favor, quando descobrir como aprender francês com alguém que não fala uma palavra de inglês, avise-me.
_Seu tio. Comique.
_Meu tio é cômico? Não, cômico não. Engraçado?
_Oui. Très bien.
_Merci. – Ginny sorriu – Isso vai dar muito certo, tio George. O senhor verá.
_Prove-me que estou errado.
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Desipere in Loco (Completo)
Historical FictionHá uma teoria de que, para cada uma pessoa no mundo, existem outras sete que se parecem quase que exatamente. Para conseguir encontrar esse gêmeo perdido, você teria de viajar muito... Ou não. A história que quero contar é sobre duas garotas que não...