Ginnifer encarou o soldado, analisando-o desde o cabelo cor de rato, os olhos escuros e opacos, até as botas sujas de lama. Ela arqueou a sobrancelha e, teria feito o maior escarcéu, se Genevieve não estivesse logo ali, pendurada na árvore e correndo riscos por causa dela.
_Pode me dizer o motivo?
_Estou apenas cumprindo ordens.
_Ah. Bom, acho que não tenho escolha, certo?
Ela foi com o soldado, torcendo para que Genevieve ficasse na árvore até que eles estivessem longe. Passaram pelo mesmo caminho que Ginny cruzara atrás de Max. "O que será que querem comigo?"
_Qual seu nome?
_Cillian Petit.
_Petit? É sério? Vocês, franceses, têm sobrenomes estranhos.
_O que quer dizer com isso?
_Ah, nada. Foi só uma expressão.
Chegaram ao acampamento, agora um local tão familiar para Ginnifer. Ela quase seguiu direto para a tenda de Loïc, mas o soldado mudou de direção e ela o seguiu, confusa. Uma tenda do mesmo tamanho encontrava-se numa parte afastada do acampamento. O material era mais escuro, beirando o preto, com alguns entalhes coloridos. O dono daquilo devia ser rico e, um pouco, ostensivo.
_Senhorita. – o soldado abriu a tenda para que ela entrasse –
Ginny respirou fundo, engoliu em seco e entrou. O ar ali dentro era estranhamente pesado, ainda mais para uma tenda, com um cheiro característico esquisito. Parecia cheiro de... Carne queimada?
_Cristo, depenaram uma galinha aqui? – ela resmungou –
Foi então que percebeu estar sozinha na tenda. Ginnifer olhou a habitação, reparando na cama coberta com peles, a mesa lotada de papeis e com respingos de tinta. Quem quer que morasse ali, era um tanto descuidado.
_Já observou tudo? – uma voz bizarra soou da entrada –
Ginny sentiu calafrios correndo por sua espinha. Após duas reuniões ouvindo escondida e uma pessoalmente, ela conseguiria reconhecer aquela voz: raspar de unhas e grunhido de urso. Ginnifer virou-se para encontrar o Barão de Rais observando-a da entrada.
_Observei.
_O que achou?
_Que você é um pouco bagunceiro, milorde.
_Sim. – ele riu? Ela não soube dizer –
_É você que mandou me caçarem pela cidade?
_Sim.
A conversa monossilábica a estava irritando. O homem poderia ter a decência de responder com sentenças mais complexas.
_Vai me dizer o que quer de mim?
_Primeiro, quero que me diga seu nome. Você foi muito hábil em fugir dessa pergunta em nosso último encontro.
_Perdão por ter desmaiado e frustrado seu inquérito.
_Ambos sabemos que você forjou aquele desmaio. O que me leva a crer que não quer que descubram sua identidade.
_O senhor está certo, milorde. E eu gostaria de manter tudo assim: em segredo.
_Lamento, mas isso não será possível.
_Qual seu interesse em mim?
Ginnifer quis retirar as palavras assim que as pronunciou. O brilho diabólico no olhar do Barão foi o suficiente para que ela quisesse gritar e sair correndo. Ele se aproximou dela e Ginny desceu a mão até a bainha presa na bota, pegando sua adaga.
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Desipere in Loco (Completo)
Ficción históricaHá uma teoria de que, para cada uma pessoa no mundo, existem outras sete que se parecem quase que exatamente. Para conseguir encontrar esse gêmeo perdido, você teria de viajar muito... Ou não. A história que quero contar é sobre duas garotas que não...