Décimo Oitavo Capítulo - Bronca e Arrependimento

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(Nota da Autora: Esse capítulo tem uma musiquinha, pra dar mais emoção. Escute enquanto estiver lendo, fica bem legal.)

Eles chegaram à propriedade dos Pamperrier junto com o Sol. A luz entrava pelas janelas, enquanto o resto da casa despertava. Max andava mais à frente, a postura rígida e os punhos cerrados. Ginnifer batalhava para encontrar uma maneira de desculpar-se, mas tudo que conseguiu parecia terrivelmente inapropriado.

_Vocês precisam parar de passar a madrugada correndo por ai.

A voz cantada de madame Angeline soou do começo da escada. Ginny e Max olharam para cima, encarando o olhar reprovador da anfitriã.

_Vão destruir minha reputação desse jeito. Não está certo. Essa casa não é um bordel.

_Eu tenho meus motivos. – Max rebateu –

_Ah sim, filhote do exército. Mas acho que você pode muito bem ir visitar o acampamento durante o dia, não?

_Como...?

_Ora, me poupe da surpresa. Acha mesmo que não sei o que acontece debaixo de meu próprio teto?

Ginny quase riu do assombro de Max, mas a fúria gélida e contida de madame Angeline logo virou-se para ela.

_E você, Ginnifer Finneghan. Admiro esse seu caráter indomável, sua liberdade e vontade de viver. Mas está pondo sua vida em risco, passeando de madrugada. E, acima de tudo, há vidas alheias em jogo aqui. Vidas que podem ser prejudicadas pela sua imprudência.

Ginnifer baixou a cabeça, envergonhada. Ela não estava habituada à broncas, exceto as provenientes da chefe cozinheira; que não eram nada parecidas com as de madame Angeline.

_Como meus hóspedes, tenho o dever de ser uma ótima anfitriã. Mas vocês tem o dever de serem ótimos convidados. Parem de agir como crianças e ajam de acordo com seus respectivos papéis.

Com essa última reprimenda, madame Angeline retirou-se num furacão de tecido, retornando a seus aposentos para o desjejum. Ginny e Max permaneceram parados, ao pé da escadaria, sentindo o efeito das palavras da senhora.

_Eu...

_Eu...

Eles pararam, esperando.

_Pode falar. – Max cedeu –

_Não. Fale você.

_Sinto muito.

_Você não tem culpa de nada.

_Não tenho, mas mesmo assim. Não posso dizer a você o que deve fazer, em quem deve confiar. Não conheço toda a sua história, portanto não sei pelo que passou e como isso afeta suas relações pessoais.

Ginny ficou muda, encarando os próprios pés. Ela realmente tinha uma história que afetasse suas relações pessoais? Ou era só uma garota qualquer, tentando causar estardalhaço para chamar atenção? Não, não era apenas isso. E, para mostrar a Max que confiava nele, ela lhe contou:

"Sete anos atrás. Ela tinha, então, nove anos. Naquela época, Ginny ainda não trabalhava no castelo. Trabalhava numa venda. Ajudando e ganhando alguns trocados para comprar pão. Mas não era, nem de longe, uma vida terrível. Ela gostava. E foi lá, em seu primeiro trabalho, que conheceu um garoto. John Trublehood. Ele costumava ir com os pais até a venda, toda terça, perto do meio dia.

Quando entraram pela primeira vez, Ginnifer ficara impressionada. O garoto era ruivo como ela, com sardas salpicadas no rosto todo, como respingos de tinta. Os olhos azuis transmitiam tanta serenidade, como se ela estivesse sonhando. Ela não diria que se apaixonou pelo menino, mas eles se tornaram amigos. John esperava do lado de fora da venda até que ela terminasse o serviço e os dois corriam até a praia, chutando montinhos de areia e água para todos os lados.

Desipere in Loco (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora