I said don't stare

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De fato, eles realmente assistiram a um filme. Pepper fazendo do ombro de Bruce o seu travesseiro ao tempo em que ele alisava a pele do braço dela distraidamente com as pontas dos dedos. Bruce dividia sua atenção entre observar o filme, decifrar as notas sutis do perfume de Pepper e ficar o mais imóvel possível para não perturbar Tony que dormia com a cabeça apoiada em sua coxa.

Tony caiu no sono antes mesmo de chegar à metade do filme. Assim que ele se escorou sobre Bruce, Pepper começou a fazer um cafuné preguiçoso em seu cabelo e ele se rendeu.

Em algum momento ele despertou de um sonho agitado e confuso, chutando a coberta quando viu a tela da televisão preta, o balde vazio em seu colo e Pepper logo acima dele, beijando os lábios de Bruce de uma forma desconcertante. Tony se perguntou se realmente havia acordado ou se ainda sonhava.

Quando eles perceberam que Tony não estava mais dormindo, se separaram para olhá-lo.

— Desculpe, querido, você parecia tão tranquilo. Não queríamos te perturbar — Pepper falou.

Tony quis protestar, pois aquele era um bom motivo para perturbá-lo, mas Pepper voltou a beijar Bruce, acariciando o peito dele, infiltrando sua mão delicada dentro do espaço dos dois botões abertos da camisa de Bruce. Tony esqueceu o que ia falar, inclusive ele esqueceu também que falava a mesma língua que eles, pois o gaguejar incoerente que ele expôs não se parecia com nenhum dos idiomas que Bruce conhecia.

Eles se separaram novamente quando Bruce colocou sua mão sobre os dedos de Pepper através do tecido leve da camisa, apertando suavemente a mão dela contra seu peito. Como se ele quisesse demonstrar à Pepper o quão forte ela fazia seu coração pulsar.

— Eu estava conversando com Bruce sobre aquela noite em que ele dormiu em nossa casa — Pepper falou para Tony. — Nossa antiga casa que não existe mais — ela acrescentou.

Tony franziu o cenho brevemente até que se lembrou de qual noite ela falava e então ele se ajeitou no sofá para ter uma visão melhor do doutor.

— Ah... e? — Tony falou olhando esperançoso para Bruce que estava um pouco vermelho e respirava mais forte que o normal. Tony presumiu que poderiam ser apenas os sintomas do beijo de Pepper.

— Eu acho que não cheguei a dormir naquela noite — Bruce respondeu transparecendo certa fraqueza.

— Oh, claro. O que exatamente te tirou o sono? — Tony perguntou casualmente, como se ele estivesse esperando algo inocente e inofensivo em resposta.

Bruce hesitou, o olhar de Tony analisando suas expressões deixou-o um pouco desconfortável. Pepper apertou sua mão e Bruce sorriu para ela. Um sorriso rápido e meio forçado.

— Bruce me contou o que aconteceu com o quadro — ela disse para Tony, mas não tirou seus olhos de cima do doutor.

— Hm... — Tony murmurou calmamente. — É? E o que mais? — ele sondou-o, se sentando de lado sobre uma das pernas para ficar de frente para Bruce.

— Foi sem querer, eu fiquei um pouco nervoso e. – ele começou sem jeito, olhando para seu colo e a mão de Pepper sobre a sua. — Acabei esbarrando nele...

— Ei, tudo bem. Eu nunca gostei daquela porcaria, era horroroso, sério. Aliás, obrigado. — Tony falou com um sorriso fácil, tentando descontrair Bruce. — Algo mais?

Tony notou o olhar repreensivo que Pepper lhe deu, era um aviso bem claro: não pressione-o. O problema é que Tony nunca dá atenção nenhuma à avisos.

— Você disse que ficou nervoso... por quê? — Tony indagou, apoiando seu cotovelo nas costas do sofá, tirando uma sujeirinha invisível do ombro de Bruce com a ponta dos dedos. Um artifício para depois pousar sua mão sobre o ombro dele.

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