You said that like it's a bad thing

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Conforme a noite avança, o frio se instala sobre a cadeia de rochas vermelhas no Deserto de Mojave, em Nevada. Durante o dia, a temperatura média nesta época do ano ultrapassa os 30°C; Já à noite, os termômetros raramente marcam algo acima de 5°C. E é durante esse período que os animais de sangue frio – lagartos e cobras, principalmente – se sentem mais ativos. Bruce sabia bem disso, ele é um biólogo, afinal. E também um entusiasta – um curioso – sobre geografia. Já Tony... Bem, Tony descobriu isso em apenas quatro horas de pura paranóia.

Tony desistiu de tentar achar um sinal de celular naquela vastidão. Em certo momento, ele começou a fazer polichinelos para que seu sangue circulasse, pois já estava ficando com os dedos duros pelo frio. Ele também desistiu dessa tarefa depois de poucos minutos e se juntou aos dois que dormiam pesadamente, deixando Pepper no meio.

Sua mente não desacelerava. Eles iriam precisar de água e alguma forma de entrar em contato com a civilização. A melhor coisa a fazer naquele momento era, honestamente, acordar o gigante verde e, educadamente, pedir uma carona de volta para a cidade, ou ao menos um lugar onde houvesse sinal de celular. Mas Tony não tinha como saber o quanto custaria à saúde do amigo se transformar no Hulk, novamente, e tirá-los daquela situação. Tão pouco podia dizer se o Hulk estaria apto a entender o pedido.

Anthony pensou que não seria capaz de dormir, devido ao frio e ao quadro geral da enrascada em que se envolveram, mas, mesmo com sua mente ainda acelerada, ele sentia uma moleza inconfortável em seus músculos. Sonhando, ele descobriu que se ele queria água ele teria que cavar para encontrá-la. Ele estava cavando e cavando, havia terra embaixo de suas unhas e seu cabelo pingava de suor, quando um ruído estranho invadiu seu sonho.

— Está tudo bem — ele falou para os dois. — O oceano está vindo para nós.

— Não vai adiantar — Bruce lhe respondeu no sonho. — Não podemos beber água salgada.

O ruído se tornou mais alto e Tony acordou, vasculhando o céu com o olhar. Deve ser sete horas, ele pensou ao observar o sol. De repente, um reflexo se movimentou no horizonte; rápido demais para ser um pássaro; baixo demais para ser um avião.

Tony se levantou abruptamente, se desvencilhando da perna de Pepper que estava enroscada nas dele, e apertou os olhos para tentar distinguir o que estava vendo. O que quer que fosse, estava se aproximando. Ele percebeu, aliviado, que o OVNI era do tamanho de um homem e estava pintado nas cores vermelho, branco e azul. Tony colocou os dedos na boca e assoviou o mais alto que pôde antes de começar a pular e sacudir os braços para cima.

Um sorriso de pura gratidão se estampou em seu rosto ao ver o Máquina de Combate se aproximar. Um sorriso tão aliviado e grato quanto o último que ele deu no Afeganistão.

Rhodes, pairando há meio metro do chão e com uma mochila atravessada no torso da armadura, abriu o capacete e falou:

— Cara, você não precisava ter se escondido nesse fim de mundo só pra me evitar, era só ter cancelado nosso almoço.

Tony estava rindo.

— Você é lindo, James. Eu já te disse isso?

— Tá bem, claro — Rhodes resmungou, porém sorriu. — Toma aqui — ele disse e entregou uma mochila nas mãos de Tony. Tony abriu a bagagem e encontrou comida, água, algumas roupas e um kit de primeiros socorros. — Eu não sabia no que você havia se metido então eu peguei tudo o que consegui na pressa.

— Você é lindo — Tony repetiu enquanto se voltava a Pepper e Bruce.

Pepper já estava em pé, alongando sua coluna. Bruce ainda estava no chão, piscando até conseguir decifrar a realidade à sua volta. Tony ofereceu sua mão para ajudá-lo a se erguer.

Três É DemaisOnde histórias criam vida. Descubra agora