Capítulo 1 (visão de Sun)

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Eu estava voltando para casa com Sarah, ela iria fazer uma visita à minha mãe.

Passei por um dos bairros mais luxuosos da vizinhança e lembrei de meu pai, depois que ele se separou da minha mãe, acabou se separando de mim também. Pensei em visitá-lo, mas na real ele pouco se importa pois tem muitas empresas da China para administrar. Eu me sinto um pouco sozinha, mesmo quando minha mãe tenta suprir a falta dele.

Pois é, eu tenho problemas paternos.

Me chamo Sun Wang e tenho 19 anos. Apesar da descendência asiática, nasci nos Estados Unidos. Estou cursando Pedagogia atualmente, eu e Sarah somos melhores amigas de infância. Tenho traços asiáticos que puxei de meu pai e sou bem magrinha. Meu cabelo é negro e liso até a altura dos ombros. Gosto de tons pastéis e geralmente estou vestida com eles em roupas mais básicas e femininas.

Sarah tem cabelos castanhos e lisos, bem longos. Possui olhos castanhos e uma boca carnuda de dar inveja em qualquer Angelina Jolie. Sarah gosta de usar tons mais terrosos de roupa e geralmente está usando um salto. Coisa que eu tenho pavor. Ela gosta bastante de cuidar da aparência e estuda Moda.

Todos os dias, Sarah e eu tínhamos que passar por um beco mais deserto, inclusive eu até brincava que aquilo era tão sexy que eu tinha vontade de beijá-la ali. Antigamente, dava um pouco de medo, mas com a rotina acabou se tornando algo bobo e corriqueiro. Nada acontecia.

Até aquele dia.

Era mais um dia frio em Mumhcity e isso afastava as pessoas de sair de casa, óbvio. Como éramos as únicas a fazer aquele trajeto para casa depois da faculdade, não tinha jeito, era vazio mesmo.

Eu notei que tinha um carro preto nos seguindo bem devagar de longe e cutuquei Sarah. Ela assentiu com a cabeça e começamos a correr. Meu coração bateu acelerado, eu nunca soube o que fazer nesse tipo de situação porque nunca tinha me acontecido antes.

Merda!

O carro havia sumido e demos risada da situação pensando ser um mal entendido.

Quando chegamos ao final do beco, o mesmo carro estava parado e quando olhei para o lado, Sarah estava desmaiada no colo de um cara mascarado. Foi a última coisa que vi antes de sentir uma pancada forte na cabeça e tudo escurecer.

Horas depois…

Acordei sentindo minha cabeça latejar violentamente por conta da pancada. Olhei o local com pouca iluminação onde eu estava e logo percebi que não era minha casa. Levantei rapidamente procurando por Sarah. Quando consegui a enxergar melhor, ela estava amarrada e com a boca fitada. Havia uma outra menina ao lado dela. Mas eu não conseguia enxergá-la direitinho. Um pouco por conta da pancada, um pouco pela iluminação quase nula.

Então, uma forte luz se acendeu no meu rosto e eu pude ver uma casa. Móveis de madeira escuros e toda a casa era em tons beges. Era até bonita e os cômodos pareciam ser pequenos. Eu queria gritar mas ainda estava associando tudo. E tinha uma fita na minha boca que impedia também.

Que merda estava acontecendo?

Olhei para o homem parado ao lado do interruptor. Parecia ter uns 20 anos. Tinha um cabelo castanho e bagunçado. Sua pele era branca pálida. Ele tinha olhos castanhos e uma barba rala que deixava seu rosto com um ar desleixado. Tinha um corpo atlético e algumas tatuagens por ele, ele estava sem camisa então dava pra ver. Sobrancelhas bem marcadas.

Ele sorriu e começou a falar. Seu tom de voz era suave e sua voz era mais baixa.

— Bem vindas ao seu cativeiro, meninas. Vocês devem estar se perguntando o que fazem aqui. Bem, eu me chamo Brandon e no momento, estou precisando de uma grana extra. Coisa pouca, sabem? Uns R$ 30.000 dólares pra me manter por algum tempo porque estou com preguiça de roubar por aí.
E adivinhem?

Ele sorriu diabolicamente olhando para nós e deu um estalo nos dedos. Apontou para nós e continuou com seu discurso:

— Resolvi sequestrar as três princesas para que seus pais ricos e desesperados viessem as resgatar. Oh, meu Deus, que dó das princesinhas…

Ele deu uma risada alta e debochada com as mãos na barriga. Se sentou no sofá, onde eu estava escorada pois não tinha forças pra me mover. Pedi a Deus proteção e que ele não fizesse nenhuma maldade comigo, eu estava assustada demais.

— Eu tenho algumas regrinhas para a boa convivência das princesas.

Ele sacou um revólver de sua calça e começou a encará-lo sorrindo enquanto girava-o em sua mão. Como um doente. Todas o olhavam atentamente e ele parecia estar adorando aquela atenção.

— Onde estão, ninguém pode ouvir vocês então poupem suas vozes. Vocês podem gritar a vontade, só não me deixem irritado. Porque pode acabar saindo uma princesinha de jogo.
Eu e meu brother Alex, traremos sempre necessidades para vocês, como roupas, comida, higiene pessoal etc. Ninguém vai sair daqui pra nada. Sem discussão. Essa casa tem iluminação, comida e tudo o que precisam.
Aqui também tem proteção contra qualquer uma que tentar fugir daqui. Apenas eu e Alex temos a chave então, não tem como vocês saírem daqui. Se tentarem alguma gracinha…

Brandon passou a mão no pescoço fazendo sinal de que mataria. E eu não duvidava disso.

— Eu espero que tenham entendido as regras direitinho porque senão…

Ele se direcionou até a menina que estava na casa junto conosco. Apontou a arma na cabeça dela, com o dedo no gatilho.

A menina chorava copiosamente e balançava a cabeça negativamente pedindo pra ele parar. Eu e Sarah tentávamos gritar para que ele parasse mas nossas bocas estavam tapadas.

Ele apertou o gatilho rapidamente mas não houve tiro. O revólver estava sem balas.

A menina desmaiou e então ele riu. Riu de gargalhar. Eu e Sarah nos olhavamos assustadas com o que tinha acabado de acontecer.

Ele era louco.

Ele carregou o revólver com balas e terminou finalmente seu discurso

— A próxima vai ser pra valer. Soltarei vocês, mas se tentarem algo, já sabem bem.

Ele deixou isso bem claro. Se ajoelhou até mim e tirou as algemas, também a fita de minha boca. Mais de perto pude ver que ele tinha uma cicatriz pequena no lábio inferior.

Chegou perto de Sarah e ela tentou se afastar um pouco, com medo mas sem sucesso pois estava imobilizada. Ele tirou as algemas dela um pouco sem paciência e tirou a fita da boca dela. Fez o mesmo com a outra.

Sem dar explicação nenhuma, ele saiu da casa e nos trancou.

Nos olhamos sem entender muita coisa e tentamos acordar a menina desmaiada.

Ela tinha uma aparência bem padrão. Era muito bonita e tinha um corpão de dar inveja. Usava uma roupa decotada e preta. Conseguimos acordá-la e tentamos juntas assimilar o que tinha acabado de acontecer.

Em um reality show? Sequestradas?

Descobri que o nome da tal menina era Abigail e fizemos amizade entre si. Conseguimos força uma na outra pra passar por aquilo. Porém só uma coisa passava na minha cabeça.

E a nossa família?

Minha amarga síndrome de EstolcomoOnde histórias criam vida. Descubra agora