Capítulo 02 - O anjo e a inocente

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[...]





Eram pouco mais de meia noite e as ruas estavam bem agitadas. Eu já nem fazia ideia de como era tudo isso. Por quanto tempo fiquei presa mesmo? Quase três anos e se não fosse eu completar agora dezenove anos, eles continuariam me mantendo presa. No meu caso, não podiam me expor – ou vender – antes que eu completasse essa idade. E isso aconteceu há dois meses.

O carro começou a diminuir a velocidade, e eu podia notar algumas dezenas de pessoas, à entrada de um grande edifício. Pareciam ansiosas e curiosas. E tentavam ver quem estava dentro do carro que eu estava, visto que na frente, estavam dois homens, um deles, com certeza, era algo relacionado ao meu cliente, o outro eram um dos que eu apelidei mentalmente de 'meu carrasco'. O carro entrou pelo estacionamento no subsolo e eu mantinha a cabeça baixa, apenas por não me sentir segura. Assim que desci do carro, o meu carrasco voltou para onde eu vivia.

- Eu ajudo a senhorita com a mala. – o homem que até então conduzia o carro, pegou minha mala e eu apenas segurava minha pequena maleta de mão e caminhamos silenciosamente para o elevador me dando um óculos escuro para usar. Obedeci, e logo no térreo, mais pessoas entraram e constatei ao olhar no relógio, ser quase uma hora da manhã. Saltamos do elevador no décimo andar.

- Esse é o apartamento. - ele abriu uma porta me deixando entrar e colocando minha mala ao lado do sofá – Se precisar de alguma coisa, pode me chamar, estou a sua disposição. – ele saiu me deixando sozinha.

Uau! Quando as meninas disseram que as pessoas que se envolviam nesses leilões era ricas, elas não estavam brincando. Pois o dono disso aqui, não poupa requinte e luxo, pois além da sala ser imensa e bem decorada, uma porta ao lado revelava um quarto luxuoso e o banheiro era como nos filmes. Banheira com hidro e tudo mais.

Nesse momento eu lembrei do James. Como eu sentia falta dele. Será que ele ainda se lembra de mim? Eu quase não me lembro do seu rosto, nenhuma foto eu tenho dele. E tenho medo de um dia eu o esquecer completamente.



[...]



Acordei um tempo depois ouvindo chaves na porta. Estava deitada no sofá, onde adormeci.

- Desculpe. Te acordei? – uma voz calma e rouca falava comigo e devido à pouca iluminação não conseguia ver seu rosto. Mas seu sotaque eu conhecia. Com certeza ele era inglês. Vivi muitos anos na Inglaterra e aquele sotaque era britânico. Seu físico mesmo pela pouca claridade, dava para se perceber que era alto, ombros largos, forte, não gordo, mas era... Digamos, seu corpo era atraente. E não se parecia em nada com a imagem de clientes que as meninas comentavam.

- Eu que peço desculpas. Não deveria ter dormido, muito menos no sofá. – minha voz saiu tremula.

- Você é a garota da cabine nove, certo? Muito bela... Não precisa ficar nervosa. Vou toma um banho sim.

- Quer eu faça alguma coisa senhor?

- Senhor? Não... Pode me chamar de Harry. – ele disse alcançando uma parte mais iluminada do apartamento. Fiquei sem reação alguma ao vê-lo. Ele era... Como um anjo! Pele clara, olhos verdes. Mesmo sendo meu primeiro cliente, ele estava mais acanhado do que eu. E se eu não soubesse que contos de fadas e o tão esperado 'felizes para sempre' não existem, poderia dizer que ele era um príncipe encantado – Você é a Luna mesmo, certo?

- Ce... Certo. – gaguejei.

- Um belo nome!

- Obrigada. – dizendo isso, ele se encaminhou ao banheiro, saindo de lá momentos depois, com uma toalha em volta de sua cintura, exibindo seu corpo levemente molhado e cheio de tatuagens, que me fez olhar um pouco mais.

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