Um crime em vermelho

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Se apaixonar por você foi um crime, o pior de todos os crimes que eu já cometi. E as paredes parecem dizer isso em voz alta. Não esquecer de você foi um tiro, uma bala na cabeça foi um distúrbio e atirar no seu peito foi uma sorte. Ficar em casa foi o destino, terminar o ano sozinha tem sido a minha vida, esperança não é mais amor, pois as vezes eu caio e não é em você, e nos últimos meses eu tenho sido a última a dormir, eu sempre fico bem quando estou sem você, porque você foi e ainda é apenas um distúrbio florido.

Com espinhos no corpo, eu corri para a estrada, tentei avisar que tínhamos capotado, mas alguém me chamou e eu me agarrei na chuva. Com ela nas minhas veias, o frio me puxa e eu finjo que ele não me segura, eu fico triste e esqueço que ele está ali.

Ver você de novo foi uma brecha, foi um cadeado que estava trancado e que foi aberto em um dia de chuva. Estamos repetindo aquele passado, profundo e mais triste que as histórias de Shakespeare, eu não estou entendendo você e eu não quero mais te ver, pois dói mais do que o esperado, aperta tanto o meu pescoço que sinto que irei explodir, seu rosto me engana tão bem que no final do dia eu fico arrependida, ainda estou arrependida.

Furacões eram vindos de você, olhares discretos eram riscos apagados e depois escritos novamente. Limpar a bagunça que você deixou tem sido minha rotina, sem músicas que eu ouvia para lembrar de você e sem cantar músicas que me fazem lembrar de você. Dizer não para você foi uma mentira, uma mentira que me fazia não admitir o que sentia por você, olhar para as pessoas que te amavam me deixava com ciúmes, ver os outros apontando para você era um pecado, porque isso me quebra e eu não quero me relembrar dos pedacinhos de vidro que você deixou na cozinha.

Ficar sem você foi uma paz. Porque tudo o que você fazia era me machucar e consertar, e tudo o que eu fazia era te deixar e voltar, e esse amor foi um erro e um assalto, um assalto que eu fiz e lhe deixei como excessão, não roubei seu coração e nem atirei na sua cabeça. Tento até me conter para não falar sobre você e não conversar com você, me faço de sonsa e me seguro para não pensar em você. O meu lugar não é o mesmo que o seu, o seu lugar não é comigo, assim meu lugar não é com você, minhas chances não são as mesmas que a suas, os desperdícios de tempo eram nós dois e a vitória não era de ninguém, então cá estou eu, escrevendo sobre você como se fosse a última vez.

Nota: Essa é a última vez. Lembre-se o seu lugar não é com ele, você é forte e consegue superar. Você é forte e linda, você consegue.

Eu, você e minhas pílulasOnde histórias criam vida. Descubra agora