CAPÍTULO 08

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THEODORA


Era por volta das duas e meia da tarde quando Shoreline ficou para trás, à medida que seguíamos a I-5, rumo ao Canadá, pois segundo Apolo me informou, sua família residia em uma casa em West Vancouver.

Como Ethan praticamente me contou sua vida toda enquanto fazia o meu cabelo, agora na viagem, eu passei a ser o seu alvo. Mas não tinha muita coisa para contar sobre a minha vida. Apenas que meus pais haviam morrido em uma queda de avião quando voltavam de uma viagem de férias.

Que após isso eu tinha sido levada para um orfanato, onde fiquei dos sete aos dezesseis anos, mas que fugi de lá, indo morar nas ruas por alguns meses, até que conheci o meu ex-namorado que era chefe de uma gangue local.

Passei então a viver com ele, sendo sua mulher, sua subordinada, sua escrava sexual e principalmente seu saco de pancadas até o dia que o mesmo foi preso e eu tive a chance de sair daquele relacionamento abusivo e violento por qual vivi por mais de dois anos.

— Meu Deus! Que vida triste. Tadinha da minha Buchoca – Ethan disse chorando, já me abraçando.

— Ok, gente, vamos parar de falar de mim, senão o Ethan vai alagar o carro todo, porque ele está pior que o chorão do Apolo.

— Ei, eu não sou chorão não! – ele rebateu se virando para trás, encarando-me.

— Você é um chorão muito fofinho – murmurei me inclinando um pouco para frente e apertando a bochecha de Apolo, fazendo os outros rirem.

— Bota Kazaky aí para tocar, Jacobito. Vamos balançar os esqueletos meu povo!

— Ka... o quê? – indaguei, sem entender nada.

— Kazaky é uma banda gay...

— Eles não se assumiram gays, Ethan – interrompeu Apolo.

— Se eles são héteros daquele jeito, então também somos, Cherzito. Mas continuando... – ele disse voltando a olhar para mim – Kazaky é uma banda mega muito diva. Aquelas bichas arrasam no salto, literalmente.

— E tem uns abdomens de tirar o fôlego – acrescentou Apolo.

— Ah é, né? É bom saber disso, querido.

— Humm... Jacobito está com ciúmes – Ethan provocou sorrindo.

— Relaxa, amor. Os deles são de tirar o fôlego, mas o seu é de matar de tesão – Apolo ressaltou, fazendo um carinho no Jacob, provavelmente na bochecha, pois não deu para ver direito, já que eu me encontrava sentada atrás do banco do motorista.

— YOUR STYLE! – Ethan gritou quando uma música invadiu o interior do carro e logo os três começaram a cantar e a se remexerem em seus lugares, da cintura para cima.

"Estou presa num carro com três doidos"

— Vamos, Buchoca! Canta com a gente! Solte a bicha presa em você!

— Não sei essa música – declarei.

Fiquei apenas a observar eles enquanto as músicas preenchiam o interior do carro de minutos a minutos, até que começou a tocar uma conhecida e aí eu surtei.

— FOR YOUR ENTERTAINMENT! – gritei, pois era a minha música favorita e a única que eu sabia a letra até detrás para frente, de tanto escutar nas ravers que eu ia.

— Olha só, meninas, a Buchoca tem cultura. Eu tô chocada!

— Cala a boca e canta, Ethan! – exclamei empolgada, fazendo todos rirem.

Um Jeito Estranho de Amar + Cenas InéditasOnde histórias criam vida. Descubra agora