APOLO
Quando ouvi a voz da Leila, eu fiquei com medo dela ter vindo só para nos dar a terrível notícia, mas quando vi a sua cara de brava, me fuzilando com o olhar enquanto me dirigia até a porta de vidro da entrada, eu senti um estranho alívio se apoderar de mim.
— Eita que vocês são difíceis de se entrar em contato! – ela acusou, com raiva, já adentrando a casa, igual a um furacão – Cadê o seu celular, Apolo?
— Carregando junto com o meu – disse Thea aparecendo na sala à medida que eu fechava a porta e me aproximava da minha irmã.
— É por isso que ninguém está conseguindo falar com vocês. Estamos todos desesperados atrás dos dois, porque faz horas que a sua sogra está tentando entrar em contato contigo, Apolo. Eu tive que tirar o Ravi do trabalho para ele vir aqui comigo, para buscar vocês.
— Então, o Jacob está realmente mor... – a minha voz me faltou de repente, pelo enorme medo de pronunciar aquela palavra em voz alta de novo.
Leila encarou a Theodora, que tinha se aproximado mais de nós dois, depois se virou para mim.
— Vocês viram o noticiário, né?
— Sim – eu e a Thea falamos ao mesmo tempo.
— Mas viram o final? – Leila nos inquiriu e nós negamos, então ela bateu com a mão na testa – Meu Deus, gente! Isso é sério? Pelo amor de Deus, né?
— Quando você escuta que o seu marido morreu em um acidente de carro, geralmente as únicas coisas que se passa na sua cabeça é gritar, chorar e negar aquilo tudo que se ouviu. Você não fica calmo e muito menos presta atenção na porra do resto do jornal, Leila! – exclamei, já alterado.
— Ok, ok. Mas podem respirar aliviados, porque o Jacob está bem.
Eu demorei alguns segundos para assimilar, mas assim que a ficha caiu, aquilo me fez chorar. Um choro de alívio, por saber que o Jacob estava vivo e bem. Então, dei um passo à frente, me aproximando ainda mais da minha irmã e a abracei, agradecendo-a.
— Ele está vivo e inteiro, mas não está tão bem assim – ela comentou, quando me afastei.
— Como assim, Leila? O quê que o meu Ursinho tem? – Theodora inquiriu, meio chorosa, então fui abraçá-la, mas a mesma se saiu, me ignorando e foi abraçar a minha irmã.
— Se acalme, Thea. Jacob está com uma suspeita de lesão na coluna, mas não é muito grave não. Logo logo ele vai ficar bem – Leila murmurou, confortando a Theodora em seus braços enquanto me fuzilava com o olhar – Agora me tira uma dúvida. Você e o meu irmão brigaram?
Thea assentiu se desvencilhando da Leila, que logo veio para cima de mim, me dando alguns tapas, bem ardidos por sinal.
— Aí, Leila! Tá doida, criatura?
— Não me importa quem começou essa briga... Você... não... deveria... brigar... com a Theodora... nunca... Apolo.
Cada palavra era um tapa que meu corpinho levava da "brutamonte" da minha irmã.
— Eu vou contar para a mamãe que você está me batendo – ameacei, usando o sofá como proteção para os ataques dela, que se encontrava do outro lado.
— Ela iria te dar uns tabefes também, porque não se deve brigar com uma grávida, porra!
— Pode bater mais nele, Leila, porque foi esse babaca mesmo que começou a briga. Me acusando pelo acidente do Jacob.

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Um Jeito Estranho de Amar + Cenas Inéditas
Romance|Trisal, Poliamor, LGBT, Barriga de Aluguel| Apolo e Jacob Greedy, casados há seis anos, ansiavam para terem um filho a fim de completarem sua família, porém o preconceito existente na sociedade os impediu de alcançar esse sonho. Vendo-se sem saída...