Capítulo 4

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Sofia realmente não conseguia entender como o ex-melhor-amigo ainda não compreendera suas palavras

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Sofia realmente não conseguia entender como o ex-melhor-amigo ainda não compreendera suas palavras. Teria que ser assim tão clara e objetiva para que entendesse? Provavelmente, mas não tinha coragem de admitir aqueles sentimentos em voz alta, mesmo que houvesse acontecido há tanto tempo. Era pior sabendo que havia sido recíproco.

O dono daqueles lindos olhos azuis que a encaravam descaradamente às vezes era uma toupeira. Ela sinceramente não conseguia entender o que vira nele assim de tão especial que a fazia esquecer todos os seus defeitos. A mania de comer o tempo todo e de boca aberta, a falta de interesse nos estudos, o costume de rir em qualquer ocasião, de levar tudo na brincadeira, tudo a levava a crer que havia ficado cega no passado. Por outro lado, além dos belos olhos de topázio, Guilherme era divertido, gostava de falar besteiras, sempre a fazia rir. Era sempre gentil, educado, atencioso, cuidava dela sempre que estava doente, sempre dizia sim para qualquer ideia que tivesse...

Bem, aí estava a explicação, não estava? Havia muito mais qualidades que defeitos. Sofia já havia esquecido. Mas, naquele instante, olhando sem jeito e de canto para o ex-melhor-amigo, ainda sentado no braço do sofá, Sofia começava a se lembrar. Além de lembrar, também notava novas qualidades. Como o fato de que Guilherme estava muito mais alto e magro. Aquela voz fina e infantil tinha sido levada embora pela puberdade, dando lugar a uma mais grave e séria, bem mais masculina. O rosto outrora redondo e rosado tinha agora traços mais finos e marcados. Já tinha até barba, embora provavelmente não o suficiente para que deixasse crescer. Os cabelos escuros, no entanto, continuavam compridos e bagunçados demais, sempre caindo sobre a testa.

Sofia espantou os pensamentos que teimavam em aparecer em sua mente e tentou mudar de assunto, a fim de que o garoto não percebesse o que se passava em sua cabeça nem sua análise minuciosa.

— Parece que ficamos com ciúmes, só isso – tentou parecer espirituosa. – Quem sabe podemos voltar a ser amigos? Quer que te ajude a estudar para a prova de química?

Guilherme riu. Uma risada rouca e gostosa de quem está se divertindo. As covinhas nas bochechas se intensificaram. Sofia lembrou também como gostava daquele sorriso.

— Tu não mudou nadinha, Sofis.

A morena sorriu, enrolando uma mecha dos cabelos ondulados entre os dedos da mão esquerda, recordando o quanto gostava quando a chamava por aquele apelido. Apenas ele a chamava assim.

— Tu mudou bastante – foi o que conseguiu dizer, embora não devesse ter dito nada.

Ainda pelo canto dos olhos viu Guilherme escorregar do braço do sofá e sentar ao seu lado. Toby deu um pulo e foi de volta para sua caminha embaixo da poltrona da janela.

— Não mudei, não – reclamou.

Então puxou de um dos bolsos um pacote de balinhas, colocando uma na boca e depois oferecendo a Sofia. Dessa vez ela não recusou. Queria sentir aquele gosto de menta mais uma vez, relembrar o passado.

Entre provas e beijos (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora