NÓS | Jikook [CONCLUÍDA] (BETANDO)

Abraço

Não é como eu pensava.

Ele também me parece desnorteado, como se fizesse isso pela primeira vez.

Não durou mais que alguns segundos, mas foi o suficiente para atingir cada célula de meu corpo. Não compreendo bem o que sinto agora, porque mal consigo ouvir o que Jimin acaba de dizer, meus ouvidos parecem inúteis, captando sons distantes, ocos e vazios, que não surtem efeito.

Mas meus olhos viajam por seu rosto, em cada detalhe.

Consigo ver as sardas salpicando a pele. A coloração avermelhada nas bochechas. Os olhos castanhos refletindo a pouca luz em meu quarto, olhando para outros lugares que não sejam meu rosto. As mãos tendo seus dedos curtos apertados uma pela outra, sob a manga levemente cumprida. Pisco recuperando meu foco.

_...e eu nem sei por que.

Ele me olha agora, subindo os mirantes lentamente, até me encontrar. Eles parecem incertos, esperando algo, provavelmente uma resposta que não sou capaz de dar, por sequer ter ouvido a pergunta.

Ele aperta os lábios, enquanto suas sobrancelhas se mexem em incerteza e vergonha. Ainda é incrível conseguir identificar cada uma das expressões que passam tão rapidamente em suas feições.

Vejo-o engolindo, abaixando o olhar para as mãos e então voltando a mim. _fale alguma coisa. _pede.

Apenas uma coisa poderia sair de meus lábios. Mas milhares de perguntas e outras frases rondavam minha mente.

_Por que... Por que você fez isso?

Jimin negou com a cabeça. _eu te disse que não sei. Só fiquei inquieto demais, mesmo que me recolhesse para dormir não pude. Tomei outro banho, me remexi e nada me sossegou. Eu só...

Ele hesita. Uma das minhas primeiras percepções é a que os sentimentos causam hesitação.

O que Jimin está sentindo agora?

Aguardo pacientemente. _Só senti sua falta, de alguma maneira.

E então silêncio.

Siria passa por nós, está sempre checando, pesquisando ou limpando algo, mantendo a ordem do apartamento. Jimin me parece ansioso, se remexendo no lugar, talvez pronto para ir embora. Mas eu não estou pronto para que ele vá.

_Então fica. _peço, sentindo meu corpo esfriar por fora e subir vários graus por dentro, arrepiando minha pele. _Fique um pouco mais.

Ele volta a me olhar fixamente, seus olhos variando entre os meus, checando em silêncio o que eu havia pedido. Não tive vontade de voltar atrás. Porque de alguma forma, também senti sua falta.

Quando Jimin passou pela porta, e me abraçou, sem de fato unir nossos corpos, ou aproximar nosso calor, a falta que senti dele aumentou.

Então não falamos mais nada.

Em silêncio também, fomos até minha cama. Ocupei o lado mais próximo à janela, enquanto ele ficou do outro, deixando um espaço mínimo entre nós, por mais que fosse espaçosa, aquela era uma cama para uma pessoa.

Como todas as outras.

Como tudo no Olho.

Mas agora...

_Eu posso realmente ficar? _o encarei, vendo que puxava um pouco o cobertor sobre seu corpo, ainda reto e travado, encarando o teto, antes que seus olhos escorregassem até mim. Por que ele pergunta, se foi um pedido meu?

_Sim.

Somos nós.

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Eu pensei que não conseguiria dormir com alguém ao meu lado. Era estranho, novo, diferente, e também porque meu coração simplesmente se inquietava apenas de ouvir sua respiração.