Volto sozinho, para os apartamentos.
Sei que todos estamos numa espécie de prisão, agora mais do que nunca. Eu sempre pensei que o Olho era o ambiente seguro, mas agora não tenho certeza se isso é apenas o que querem que pense.
Quem? Quem nos colocou nessa situação sem saída, sem opções, tão vazios de nós mesmos? Não penso que a guerra tenha sido a razão. O filme dizia que o amor, aos ideais e ideologias, causou a guerra, que nos levou a quase completa extinção, mas agora, toda essa explicação me parece vaga demais, uma inverdade repetida tantas vezes que passou a ser aceita, e nunca contestada por nós. Porque não há quem conteste.
Mas no fim de tudo, sei que há motivos para fugir. Deixar tudo e todos para trás, muito mais do que para permanecer.
Eu só não queria ser deixado para trás.
O mês treze é apenas em algumas semanas, e até então, nenhum deles me disse nada concreto sobre a fuga, assim como sobre quando Taehyung sumiu por alguns dias, nem Namjoon nem Jimin me disseram nada, porque eu não precisava saber.
Chego ao meu andar em frente à minha porta, respirando fundo antes de abrir e entrar. Ninguém me recebe, uma vez que Siria está provavelmente no apartamento com Taehyung e Jimin.
Começo a desabotoar os botões brancos de meu uniforme, mas paro, ao ouvir barulhos ao lado. São eles, num tom extremamente baixo, mas são. Ouço a música que Siria disponibiliza para me tranquilizar vindo de lá também, mas uma voz cantarola seu ritmo num tom baixo, tanto que apenas me aproximando muito da parede posso ouvir.
Eu quero ajudar. Quero que Taehyung pare de sofrer, e que todos possam fugir em segurança daqui. Que Jimin tenha noites tranquilas de sono, e não precise mais fugir de supressores. Que todos sejam livres.
Mesmo envergonhado e apreensivo, encaro a porta, antes de sair por ela, e bater no apartamento ao lado.
Assim que entro, vejo os dois. É Jimin quem cantarola, acariciando os cabelos de Taehyung, que parece cochilar. Vejo Síria, que me cumprimenta quando passo por ela, parando a alguns metros de distância dos dois. Jimin me encara, cessando as carícias aos poucos, se levantando devagar da cama.
_Onde estava? _pergunta, depois de ficarmos em silêncio por um bom tempo, apenas nos observando. Eu me sentia estranho, como se o visse pela primeira vez em séculos, quando na verdade se passou apenas um dia longe de Jimin.
_No trabalho. _Sussurro. _Eu penso que terminei minha tela. _conto. _Talvez falte algum retoque ou correção... _Ele não diz nada, apenas balançando a cabeça positivamente, devagar.
Jimin parece cansado.
_Ele está melhor? _pergunto, olhando para Taehyung. O outro assente, antes de falar.
_Ficou assim, o dia inteiro, de acordo com Siria. Não tentou nada, não disse nada. Mas não quero deixá-lo sozinho, Jungkook. Tenho medo de que... _fala, quase se perdendo nas palavras, enquanto sua ansiedade aumenta visivelmente.
_De que?
Jimin nega, abrindo os lábios para responder, mas para, ao ouvir dois toques na porta. Toques apressados, que se repetem em seguida. Ele me encara, apreensivo assim como eu. A única imagem que passa por minha mente, é da patrulha dos indivíduos da segurança, passando pelos corredores.
É quase como se pudesse ouvir, suas botas duras contra o chão. E então os gritos de Sunhe. Os de Taehyung. Seu rosto choroso.
Apenas desperto quando Jimin passa por mim, marchando até a porta, apressado, respirando fundo e me encarando antes de abrir. Mesmo que ninguém tivesse me falado nada a respeito, de alguma forma eu compreendi, que a qualquer momento, poderia acontecer conosco.
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NÓS | Jikook [CONCLUÍDA] (BETANDO)
Fiksi Penggemar[Concluida] No futuro os sentimentos foram exterminados após a extinção quase completa da humanidade. Sem Toques. Sem sensações. Sem cor. Mas por obra do acaso, Jungkook acaba por conhecer o que não deveria mais existir. [FINAL FELIZ, inspirada em:...