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Jessica Narrando:

Nessa vida eu nunca amei ninguém, a não ser eu mesma e claro dinheiro.

Aqui no morro eu tinha rolo com o Wander, sempre muito bonzinho e era apaixonado por mim tudo que eu mandava ele fazia e por um descuido meu um dia fizemos sem camisinha e eu esqueci de tomar remédio e buum fiquei assim gorda com essa peste que nem filho de rico é na minha barriga.

Eu tava na sarjeta, toda minha vida ia ser jogada fora até que um dia o Wander achou o teste no lixo e veio todo alegre dizendo que era o sonho dele, eu que não sou burra nem nada aproveitei e disse que o filho não era dele e sim do RR, dono do morro, a gente já tinha ficado uma vez que ele tava muito bêbado, caiu feito patinho nem me perguntou muito sobre quanto tempo eu tava.

O Wander disse que me amava e tava disposto a criar o "filho do RR" comigo, eu já mandei o papo de que não, eu ia criar com o pai e aí ele sumiu do morro, hoje em dia não sei se tá vivo ou se tá morto.

Esse bebê vai me agradecer pela vida cheia de mimos que ele vai ter, aí vim morar com o RR mas ele quase não fica em casa e me deixa com aquela velha que me odeia

Quando eu fiquei sabendo que ele tinha ido atrás da lerdinha da ex meu corpo vibrou, e eu vou tomar uma atitude não posso perder ele pra ela...

3 horas depois...

Enfim tô aqui subindo o morro do Vidigal e bater uma real para aquela vagabunda

Vi um bonde de cobras que eu finjo ser amiga aqui do morro e fui lá falar com elas

- Quem é vivo sempre aparece...

- Tô grávida, nem da pra ficar saindo muito, mas eai como tão as coisas meu amores

- Tudo na mesma, todo mundo aqui procurando patrocínio

- E você quem é?? - disse para uma menina até bonitinha que eu nunca tinha visto ali

- Me chamo Ana, satisfação.

- Jéssica.

Todas elas pararam pra olhar uma mulher andando, e confesso ali era bonita pra caralho, certeza que o patrocínio ali era dos bons e do lado dela eu vi uma mulher do cabelo cacheado longo e logo reconheci.

- Não suporto isso, sai desfilando como se não roubasse o macho dos outros... - a tal de Ana disse olhando para a Grazy

- Você também não gosta dela?

- Eu era melhor amiga dela, só que ela furou meu olho bonito, ficava de papinho com meu macho até de madrugada e vivia dando "missões" pra ele que ficava mais de horas fora.

- Ela é ex do meu marido, pai do meu filho, depois eu bato um lero contigo a gente tem coisas em comum pra discutir.

Fui em direção a Grazy e puxei o braço dela fazendo ela se virar pra mim, no mesmo momento ela já virou com a arma na mão.

- O que você tá fazendo aqui? - a mulher não saia da postura hora nenhuma.

- Eu? Eu vim aqui te relembrar que pegar homem casado é cobrado na favela, enquanto eu tô em casa cuidando do nosso filho você pegando meu marido.

- Primeiro que eu não procurei ninguém, e eu não vou ser cobrada por que ele não é teu macho e muito menos seu marido - disse guardando a arma

- Eu moro com ele é claro que ele é meu, você é uma vagabunda que não respeita macho dos outros

- Morar com ele não te faz pior nem melhor que ninguém, e fala igual mulher no meu morro aqui você não manda em bosta nenhuma não tô te desrespeitando de maneira alguma e eu vou embora que eu tenho muito mais que fazer do que discutir por macho, por que pra mim isso é lamentável.

Ela me deu uma última olhada e voltou a seguir o caminho dela.

Voltei pra rodinha e puxei a Ana pra um canto.

- Eai, topa fazer ela pagar pelo que fez com tu?

- Não precisava nem pedir duas vezes...

Sai dali e voltei pro Complexo da Maré, respirando fundo pra aturar aquela velha chata.

GraciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora